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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

História de Israel sob o domínio estrangeiro

Arco de Tito
Obs: As datas abaixo se referem a dominação estrangeira especificamente sobre Israel:


Mapas - click na figura
Palestina sob Macabeus, Davi e Salomão, Atual




 








Primeiro exílio (586 a 538 AEC)  - Domínio Babilônico

A conquista da Babilônia pôs fim ao período do Primeiro Templo, mas não cortou a conexão do povo judeu à Terra de Israel. Às margens dos rios da Babilônia, os judeus se comprometeram a recordarem sua pátria:
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se minha mão direita de sua destreza. Apegue-se-me a língua ao céu da boca, se não me lembrar de ti, se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria(Salmos 137:5-6).

O exílio na Babilônia, que se seguiu à destruição do Primeiro Templo (586 AEC), marcou o início da diáspora judaica. Lá, o judaísmo começou a desenvolver uma estrutura religiosa e um modo de vida fora da Terra, para assegurar a sobrevivência nacional do povo e sua identidade espiritual, imbuindo-a com a vitalidade necessária para preservar seu futuro como nação.



Períodos persa e helenístico (538 a 142 AEC)

Após um decreto do rei persa Ciro, conquistador do império babilônico (538 AEC), cerca de cinquenta mil judeus partiram pela primeira vez em direção à Terra de Israel, liderados por Zorobabel, descendente da Casa de Davi. Menos de um século depois, o segundo retorno foi liderado por Esdras, o Escriba. Nos próximos quatro séculos, os judeus tiveram diferentes graus de autonomia sob governos persas (538 a 333 AEC) e helenísticos (ptolemaico e selêucida) (332 a 142 AEC).

A repatriação dos judeus sob a inspirada liderança de Esdras, a construção do Segundo Templo no local do Primeiro Templo, a fortificação das muralhas de Jerusalém, e o estabelecimento da Knesset Hagedolah (Grande Assembleia), o supremo órgão religioso e judicial do povo judeu, marcaram o início do período do Segundo Templo. Dentro dos limites do Império Persa, Judá era uma nação liderada pelo sumo sacerdote e conselho de anciãos em Jerusalém.

Como parte do mundo antigo conquistado por Alexandre, o Grande, da Grécia (332 AEC), a Terra continuou a ser uma teocracia judaica, sob o domínio dos selêucidas, baseado nos sírios. Quando a prática do judaísmo foi proibida e seu Templo foi profanado, durante a imposição da cultura e costumes gregos a toda a população, os judeus se rebelaram (166 AEC).

Dinastia dos Asmoneus (142 a 63 AEC)

Primeiramente liderados por Matatias, da família sacerdotal dos Asmoneus, e depois por seu filho Judá, o Macabeu, os judeus entraram em Jerusalém e purificaram o Templo (164 AEC). Os dois eventos são comemorados todo ano pelo festival de Hanucá.

Após outras vitórias dos Asmoneus (147 AEC), os selêucidas restauraram a autonomia da Judeia, como a Terra de Israel era então chamada, e, com o colapso do reino selêucida (129 AEC), a independência judaica foi alcançada. Durante a dinastia dos Asmoneus, que durou aproximadamente 80 anos, o reino recuperou fronteiras quase iguais às do reino de Salomão, alcançou a consolidação política sob o governo judeu e a vida judaica floresceu.
Domínio Macabeu




Domínio romano (63 AEC a 313 EC)

Quando os romanos substituíram os selêucidas, passando a ser a grande potência da região, eles concederam ao rei Asmoneu Hircano II uma autoridade limitada, subordinado ao governador romano de Damasco. Os judeus reagiram com hostilidade ao novo regime, e nos anos seguintes houve diversas insurreições. Matatias Antígono fez uma última tentativa de restaurar a antiga glória da dinastia dos Asmoneus; sua derrota e morte finalizou o governo dos Asmoneus (40 AEC), e a Terra tornou-se uma província do Império Romano.

Em 37 AEC, Herodes, genro de Hircano II, foi nomeado rei da Judéia pelos romanos. Com autonomia quase ilimitada sobre assuntos internos do país, ele tornou-se um dos mais poderosos monarcas no Império Romano oriental. Grande admirador da cultura greco-romana, Herodes lançou um enorme programa de construções, que incluía as cidades de Cesareia e Sebaste e as fortalezas em Heródio e Massada. Ele também reformou o Templo, tornando-o uma das mais magníficas construções da época. Mas apesar de suas realizações, Herodes não conseguiu ganhar a confiança e o apoio de seus súditos judeus.

Dez anos após a morte de Herodes (4 AEC), a Judeia passou a ser governada diretamente pelos romanos. A opressão romana da vida judaica causou uma insatisfação crescente, resultando em episódios violentos esporádicos que se transformaram em uma grande revolta em 66 EC. Forças superiores romanas, lideradas por Tito, acabaram vitoriosas, arrasando Jerusalém totalmente (70 EC) e derrotando até a última fortaleza judia em Massada (73 EC).

A total destruição de Jerusalém e do Segundo Templo foi catastrófica para o povo judeu. De acordo com o historiador contemporâneo Flávio Josefo, centenas de milhares de judeus faleceram durante a tomada de Jerusalém e no restante do país, e outros milhares foram vendidos como escravos.

Houve um último e breve período de soberania judaica após a revolta de Shimon Bar Kochba (132 EC), durante o qual Jerusalém e a Judeia foram reconquistadas. No entanto, dado o enorme poder dos romanos, o resultado era inevitável. Três anos depois, de acordo com os costumes romanos, Jerusalém foi "arada com uma junta de bois"; a Judeia foi renomeada Palestina e Jerusalém, Aelia Capitolina.

Embora o templo tivesse sido destruído e Jerusalém totalmente queimada, os judeus e o judaísmo sobreviveram ao encontro com Roma. O órgão legislativo e judiciário supremo, o Sinédrio (sucessor da Knesset Hagedolah) foi reunido em Yavneh (70 EC) e, mais tarde, em Tiberíades. Sem a estrutura unificadora do Estado e do Templo, a pequena comunidade judaica restante se recuperou gradualmente, ocasionalmente fortalecida pela volta de grupos exilados. A vida institucional e comunal foi renovada, os sacerdotes foram substituídos por rabinos e a sinagoga tornou-se o foco das comunidades judaicas, como exemplificado pelos restos de sinagogas em Capernaum, Korazin, Bar’am, Gamla, etc. O Halachá (a lei religiosa judaica) serviu como elo comum entre os judeus e foi passado de geração a geração.


Massada: Cerca de mil homens, mulheres e crianças judias, que tinham sobrevivido à destruição de Jerusalém, ocuparam e fortificaram o palácio de Massada, do rei Herodes, no topo de uma montanha na região do Mar Morto, onde resistiram durante três anos a diversas tentativas romanas de desalojá-los. Quando os romanos finalmente escalaram Massada e derrubaram suas paredes, eles descobriram que os defensores e suas famílias haviam escolhido morrer por suas próprias mãos, em vez de serem escravizados.

Halachá é o órgão de direito que orienta a vida judaica em todo o mundo desde os tempos pós-bíblicos. Ele descreve as obrigações religiosas dos judeus, tanto nas relações interpessoais quanto nos rituais, e engloba praticamente todos os aspectos do comportamento humano - nascimento e casamento, alegria e tristeza, agricultura e comércio, ética e teologia. Baseada na Bíblia, a autoridade do halachá é fundada no Talmude, um corpo de leis e conhecimentos populares judaicos (concluído em cerca de 400), que incorpora a Misná, primeira compilação escrita da Lei Oral (codificada em cerca de 210), e o Gemara, uma continuação da Misná.

Para fornecer orientações práticas para o Halachá, resumos concisos e sistemáticos foram escritos por estudiosos de religião a partir dos séculos I e II. Dentre as codificações de maior credibilidade está o Shulchan Aruch, escrito por Joseph Caro em Safed (Tzfat), no século XVI.

História da menorá

A Menorá de Ouro (um candelabro de sete braços), era um importante objeto de rituais no templo do rei Salomão, na antiga Jerusalém. Através dos tempos, tem simbolizado a herança e tradição judaicas em inúmeros locais e formas.


Domínio bizantino- Império romano do Oriente (313 a 636)

Ao final do século IV, após o Imperador Constantino adotar o cristianismo (313) e a fundação do Império Bizantino, a Terra de Israel havia se tornado um país predominantemente cristão. Igrejas foram construídas em locais sagrados cristãos em Jerusalém, Belém e Galileia, e fundaram-se mosteiros em muitas regiões do país.

Os judeus foram privados da autonomia relativa que tinham anteriormente, do direito de ocupar cargos públicos, e foram proibidos de entrar em Jerusalém, exceto em um dia do ano (Tisha B'Av - nove de Av) para lamentar a destruição do Templo.

A invasão persa de 614 foi auxiliada pelos judeus, inspirados pela esperança messiânica da libertação. Em troca de sua ajuda, eles receberam o governo de Jerusalém; esse período durou aproximadamente três anos. Subsequentemente, o exército bizantino recuperou o domínio da cidade (629) e mais uma vez expulsou seus habitantes judeus.


Domínio árabe (636 a 1099)

A conquista da Terra pelos árabes ocorreu quatro anos após a morte de Maomé (632) e durou mais de quatro séculos, com califas governando primeiro a partir de Damasco, depois de Bagdá e do Egito. No início, a colonização judaica em Jerusalém foi retomada, e a comunidade judaica recebeu o status de dhimmi (não muçulmanos protegidos), o que lhes garantia a vida, propriedade e liberdade de culto, em troca do pagamento de taxas e impostos territoriais especiais.

No entanto, logo restrições contra não muçulmanos (717) afetaram a conduta pública dos judeus, assim como suas práticas religiosas e seu status legal. A imposição de pesados impostos sobre terras agrícolas fez com que muitos se mudassem de áreas rurais para as cidades, onde sua situação melhorou pouco; enquanto isso, o aumento da discriminação social e econômica forçou muitos outros a deixar o país. Ao final do século XI, a comunidade judaica na Terra tinha diminuído consideravelmente, tendo perdido parte de sua coesão organizacional e religiosa.


Cruzados (1099 a 1291)

Durante os 200 anos seguintes, o país foi dominado pelos cruzados, que, atendendo a um apelo do Papa Urbano II, vieram da Europa para recuperar a Terra Santa dos infiéis. Em julho de 1099, após um cerco de cinco semanas, os cavaleiros da Primeira Cruzada e seu exército de plebeus capturaram Jerusalém, massacrando a maioria dos habitantes não cristãos da cidade. Presos em suas sinagogas, os judeus defenderam sua região, mas foram queimados vivos ou vendidos como escravos.

Durante as décadas seguintes, os cruzados ampliaram seu poder sobre o restante do país, em parte por meio de tratados e acordos, mas principalmente através de sangrentas conquistas militares. O Reino Latino dos Cruzados constituía-se de uma minoria conquistadora, confinada em cidades e castelos fortificados.

Quando os cruzados abriram as rotas de transporte a partir da Europa, a peregrinação à Terra Santa tornou-se popular e, ao mesmo tempo, um número cada vez maior de judeus procurava retornar à sua terra natal. Documentos da época indicam que 300 rabinos da França e da Inglaterra chegaram em um grupo, instalando-se em Acre (Akko), outros em Jerusalém.

Após a derrota dos cruzados pelo exército muçulmano de Saladino (1187), os judeus ganharam novamente certa liberdade, incluindo o direito de viver em Jerusalém. Embora os cruzados tenham conseguido uma presença no país após a morte de Saladino (1193), sua presença limitava-se a uma rede de castelos fortificados.

A autoridade dos cruzados na Terra terminou após uma derrota final (1291) pelos mamelucos, uma casta militar muçulmana que conquistara o poder no Egito.


Domínio mameluco [muçulmanos] (1291 a 1516)

Sob o domínio dos mamelucos, a Terra tornou-se apenas uma província, governada a partir de Damasco. Acre, Jaffa, e outros portos foram destruídos por receio de novas cruzadas, e o comércio marítimo e terrestre foi interrompido. Ao final da Idade Média, as cidades do país estavam praticamente em ruínas, a maior parte de Jerusalém estava abandonada, e a pequena comunidade judaica vivia na miséria.

O declínio do domínio mameluco foi marcado por revoltas políticas e econômicas, pragas, gafanhotos, e terremotos devastadores.


Domínio otomano (1517 a 1917)
Após a conquista otomana, em 1517, o país foi dividido em quatro distritos, ligados administrativamente à província de Damasco e governados de Istambul. No início da era otomana, aproximadamente mil famílias judias viviam no país, principalmente em Jerusalém, Nablus (Siquém), Hebron, Gaza, Safed (Tzfat) e nas aldeias da Galileia. A comunidade era constituída por descendentes de judeus que sempre viveram na Terra, assim como imigrantes do norte da África e da Europa.

Um governo eficiente, até a morte (em 1566) do sultão Suleiman, o Magnífico, trouxe melhorias e estimulou a imigração judaica. Alguns recém-chegados se estabeleceram em Jerusalém, mas a maioria foi para Safed, onde, em meados do século 16, a população judaica havia aumentado para aproximadamente dez mil, e a cidade tornou-se um próspero centro têxtil e um foco de intensa atividade intelectual.

Durante esse período, o estudo da Cabala (misticismo judaico) floresceu e esclarecimentos da lei judaica, codificados no Shulchan Aruch, foram disseminados por toda a Diáspora a partir das casas de estudo de Safed.

Com um declínio gradual na qualidade do domínio otomano, o país todo muito negligenciado. Ao final do século XVIII, grande parte da Terra pertencia a proprietários ausentes, sendo arrendadas a agricultores empobrecidos, e a tributação era altíssima e arbitrária. As grandes florestas da Galileia e do monte Carmel foram desmatadas; pântanos e desertos invadiam as terras agrícolas.

Durante o século XIX, o atraso medieval foi aos poucos substituído pelos primeiros sinais de progresso, com várias potências ocidentais procurando uma posição dominante, muitas vezes através de atividades missionárias. Estudiosos britânicos, franceses e americanos iniciaram estudos de arqueologia bíblica; a Grã-Bretanha, a França, a Rússia, a Áustria e os Estados Unidos abriram consulados em Jerusalém. Navios a vapor passaram a ter rotas constantes de e para a Europa; conexões postais e telegráficas foram instaladas; a primeira estrada ligando Jerusalém a Jaffa foi construída. O renascimento do país como ponto de encontro comercial de três continentes foi acelerado pela abertura do Canal de Suez.

Consequentemente, a situação dos judeus do país foi melhorando, e seu número aumentou substancialmente. Na metade do século, a superpopulação no interior das muralhas de Jerusalém levou os judeus a construírem o primeiro bairro fora das muralhas (1860), e, nos vinte e cinco anos seguintes, adicionaram mais sete, formando o núcleo da nova cidade. Em 1870, Jerusalém tinha uma maioria absoluta judia. Terras para a agricultura foram compradas em todo o país; novos assentamentos rurais foram estabelecidos; a língua hebraica, há muito restrita à liturgia e à literatura, foi reavivada. Era o estágio ideal para o início do movimento sionista.

O sionismo, o movimento de libertação nacional do povo judeu, recebeu este nome a partir da palavra "Sião", sinônimo tradicional de Jerusalém e da Terra de Israel. A ideia do sionismo - a redenção do povo judeu em sua pátria ancestral - está enraizado na contínua saudade e profunda ligação à Terra de Israel, que é uma parte inerente da existência judaica na Diáspora através dos séculos.

O sionismo político surgiu em resposta à contínua opressão e perseguição de judeus na Europa Oriental e à desilusão com a emancipação na Europa Ocidental, que não pusera fim à discriminação nem levara à integração dos judeus nas sociedades locais. Sua expressão foi formalizada no estabelecimento da Organização Sionista (1897), durante o Primeiro Congresso Sionista, reunido por Theodor Herzl em Basileia, Suíça. O programa do movimento sionista continha elementos ideológicos e práticos para o incentivo do retorno dos judeus à Terra, facilitando o renascimento social, cultural, econômico e político da vida nacional judaica e procurando também alcançar um lar reconhecido internacionalmente e legalmente garantido para o povo judeu em sua pátria histórica, onde não fossem perseguidos e pudessem desenvolver suas próprias vidas e identidade.

Inspirados pela ideologia sionista, dois grandes fluxos de judeus da Europa Oriental chegaram ao país no final do século XIX e início do século XX. Determinados a restaurar sua pátria pelo cultivo do solo, esses pioneiros recuperaram campos estéreis, construíram novos assentamentos e formaram a base para o que se tornaria uma próspera economia agrícola.

Os recém-chegados enfrentaram condições extremamente difíceis: a postura da administração otomana era hostil e opressiva; comunicações e transporte eram rudimentares e pouco seguros; nos pântanos havia a mortal malária; e o solo sofrera séculos de negligência. A aquisição de terras era restrita, e a construção foi proibida sem uma licença especial, que só podia ser obtida em Istambul. Embora essas dificuldades tenham dificultado o desenvolvimento do país, não o impediram. Com o início da I Guerra Mundial (1914), a população judaica na Terra era de 85.000, em comparação com os 5.000 do início do século XVI.

Em dezembro de 1917, forças britânicas, sob o comando do General Allenby, invadiram Jerusalém, terminando 400 anos de domínio otomano. A Legião Judaica, com três batalhões formados por milhares de voluntários judeus, era uma unidade essencial do exército britânico.




Domínio britânico (1918 a 1948)

Em julho de 1922, a Liga das Nações concedeu à Grã-Bretanha o Mandato sobre a Palestina (nome pelo qual o país era então conhecido). Reconhecendo a ligação histórica do povo judeu com a Palestina, foi solicitado à Grã-Bretanha que facilitasse o estabelecimento de um lar nacional judaico na Palestina e em Eretz Israel (Terra de Israel). Dois meses depois, em setembro de 1922, o Conselho da Liga das Nações e a Grã-Bretanha decidiram que as condições para a criação de um lar nacional judaico não valeriam para a região leste do rio Jordão, que constituía três quartos do território incluído no Mandato e que acabou por se tornar o Reino Hachemita da Jordânia.


Imigração

Motivados pelo sionismo e incentivados pela empatia britânica com as aspirações judaicas sionistas, conforme comunicado pelo secretário de Relações Exteriores Lord Balfour (1917), sucessivos grupos de imigrantes chegaram ao país, entre 1919 e 1939, cada um contribuindo para diferentes aspectos do desenvolvimento da comunidade judaica. Cerca de 35.000 judeus chegaram entre 1919 e 1923, principalmente da Rússia, e influenciaram muito o caráter e organização da comunidade durante anos.

Esses pioneiros estabeleceram os alicerces de uma infraestrutura social e econômica abrangente, desenvolveram a agricultura, instalaram formas comunitárias cooperativas e únicas de assentamentos rurais - kibutz e moshav - e forneceram a mão de obra para a construção de casas e estradas.

A onda seguinte, com aproximadamente 60.000 judeus, que vieram principalmente da Polônia entre 1924 e 1932, foi fundamental para o desenvolvimento e enriquecimento da vida urbana. Esses imigrantes se estabeleceram principalmente em Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, onde abriram pequenos negócios, empresas de construção e indústrias leves. A última grande onda de imigração antes da II Guerra Mundial, que incluiu aproximadamente 165 mil judeus, ocorreu na década de 1930, após a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha. Os recém-chegados, muitos dos quais eram profissionais e acadêmicos, constituíram o primeiro grande grupo de imigrantes da Europa Ocidental e Central. Sua educação, habilidades e experiência aumentaram o padrão dos negócios, refinaram as condições urbanas e rurais, e ampliaram a vida cultural da comunidade.


Administração
As autoridades britânicas concederam às comunidades judaica e árabe o direito de administrarem seus próprios assuntos internos. Utilizando esse direito, a comunidade judaica, conhecida como Yishuv, elegeu (em 1920) um órgão autogovernante com base em representação partidária, que se reunia anualmente para analisar suas atividades e eleger o Conselho Nacional (Va'ad Leumi) para implantar suas políticas e programas. Financiados por recursos locais e fundos angariados pelo judaísmo mundial, uma rede nacional de serviços educacionais, religiosos, sociais e de saúde foi desenvolvida e mantida. Em 1922, conforme estipulado no Mandato, uma "agência judaica" foi constituída para representar o povo judeu diante das autoridades britânicas, governos estrangeiros e organizações internacionais.


Desenvolvimento econômico
Durante as três décadas do Mandato, a agricultura foi desenvolvida; fábricas foram estabelecidas; novas estradas foram construídas em todo o país; as águas do rio Jordão foram represadas para a produção de energia elétrica; e o potencial mineral do Mar Morto foi aproveitado.

A Histadrut (Federação Geral do Trabalho) foi fundada (1920) para apoiar o bem-estar dos trabalhadores e criar empregos através do estabelecimento de empresas cooperativas no setor industrial, assim como serviços de marketing para as colônias agrícolas.

Cultura

Dia após dia, surgia uma vida cultural que se tornaria exclusiva para a comunidade judaica na Terra de Israel. Arte, música, e dança se desenvolveram gradualmente com a criação de escolas e estúdios profissionais. Galerias e salas forneceram espaços para exposições e espetáculos, frequentados por um público exigente. A abertura de uma nova peça, o lançamento de um novo livro, ou uma exposição de retrospectiva de um pintor local eram imediatamente cobertos pela imprensa e tornaram-se objetos de animados debates em cafés e reuniões sociais.

A língua hebraica foi reconhecida como língua oficial do país, juntamente com o inglês e o árabe, e passou a ser usada em documentos, moedas e selos, assim como em programas de rádio. O mercado editorial aumentou, e o país surgiu como centro mundial de atividade literária em hebraico. Teatros de vários gêneros abriram suas portas para o público, juntamente com tentativas iniciais de escrever peças originais em hebraico.

Oposição árabe e restrições britânicas

O renascimento nacional judaico e o empenho da comunidade para reconstruir o país encontraram fortes oposições por parte dos nacionalistas árabes. Seu ressentimento explodiu em períodos de intensa violência (1920, 1921, 1929, 1936 a 1939), quando ataques não provocados foram lançados contra a população judaica, incluindo o Massacre de Hebron de 1929, o assédio no transporte judaico, e a queima de campos e florestas.

Tentativas de diálogo com os árabes, realizadas no início do movimento sionista, foram infrutíferas, polarizando o sionismo e o nacionalismo árabe em uma situação potencialmente explosiva. Reconhecendo os objetivos opostos dos dois movimentos nacionais, a Grã-Bretanha recomendou (1937) a divisão do país em dois Estados, um judeu e outro árabe, ligados por uma união econômica. A liderança judaica aceitou a ideia da divisão e permitiu que a agência judaica negociasse com o governo britânico para reformular os diversos aspectos da proposta. Os árabes foram intransigentemente contra qualquer plano de divisão.

A continuação de grandes ataques árabes antissemitas levou a Grã-Bretanha (em maio de 1939) à emissão de um Livro Branco, impondo restrições drásticas sobre a imigração judaica, apesar de, consequentemente, negar a judeus europeus um refúgio da perseguição nazista.

O início da II Guerra Mundial pouco depois levou David Ben-Gurion, posteriormente o primeiro primeiro-ministro de Israel, a declarar: Vamos lutar na guerra como se não houvesse Livro Branco, e contra o Livro Branco como se não houvesse guerra.

Três movimentos clandestinos judeus ocorreram durante o período do Mandato Britânico. O maior deles foi a Haganah, fundada em 1920 pela comunidade judaica como uma milícia de defesa para a segurança da população judaica. A partir de meados dos anos 1930, o movimento também foi responsável por retaliações após os ataques árabes e respostas às restrições britânicas à imigração judaica com demonstrações e sabotagem em massa. O Etzel, organizado em 1931, rejeitou o autocontrole da Haganah e iniciou ações independentes contra alvos árabes e britânicos. O menor e mais militante dos grupos, o Lehi, foi criado em 1940. As três organizações foram dissolvidas com o estabelecimento das Forças de Defesa de Israel em junho de 1948.

Holocausto

Durante a 2ª Guerra Mundial (1939 a 1945), o regime nazista executou um deliberado e sistemático plano para liquidar a comunidade judaica da Europa. Nesse período, aproximadamente seis milhões de judeus, incluindo um milhão e meio de crianças, foram assassinados. À medida que os exércitos nazistas varriam a Europa, os judeus eram selvagemente perseguidos, submetidos a tortura e humilhação, e levados para guetos, onde tentativas de resistência armada causaram medidas ainda mais duras.

A partir dos guetos, eles eram transportados para campos de concentração, onde alguns, com mais sorte, eram submetidos a trabalhos forçados, mas a maioria era executada em massa através de tiros ou câmaras de gás. Muitos não conseguiram escapar. Alguns fugiram para outros países, alguns se juntaram aos guerrilheiros, e outros foram escondidos por não judeus, que arriscaram suas próprias vidas ao fazerem isso.

Consequentemente, apenas um terço dos judeus sobreviveu, incluindo aqueles que haviam deixado a Europa antes da guerra, de uma população de quase nove milhões, que outrora constituía a maior e mais vibrante comunidade judaica do mundo.

Após a guerra, a oposição árabe levou os britânicos a intensificar suas restrições sobre o número de judeus com permissão para entrar e se estabelecer no país. A comunidade judaica reagiu, instituindo uma ampla rede de imigração ilegal para resgatar sobreviventes do Holocausto. Entre 1945 e 1948, aproximadamente 85.000 judeus foram trazidos à Terra secretamente, por rotas muitas vezes perigosas, apesar do bloqueio naval britânico e patrulhas de fronteira preparadas para interceptar refugiados antes de chegarem ao país. Aqueles capturados foram internados em campos de detenção na ilha de Chipre, ou forçados a retornar para a Europa.

Voluntários judeus na 2ª Guerra Mundial: Mais de 26.000 homens e mulheres da comunidade judaica da Terra se ofereceram para juntarem-se às forças britânicas na luta contra a Alemanha nazista e seus aliados do Eixo, servindo no exército, força aérea e marinha. Em setembro de 1944, após um esforço prolongado da agência judaica no país e do movimento sionista no exterior para conseguir o reconhecimento da participação dos judeus da Palestina no esforço de guerra, a Brigada Judaica foi formada como uma unidade militar independente do exército britânico, com sua própria bandeira e emblema. Composta por aproximadamente 5.000 homens, a brigada agiu no Egito, no norte da Itália e no noroeste da Europa.

Após a vitória dos Aliados na Europa (1945), muitos de seus membros juntaram-se às atividades de “imigração ilegal” para trazer sobreviventes do Holocausto à Terra de Israel.

A caminho da independência

A incapacidade da Grã-Bretanha de conciliar as exigências opostas das comunidades judaica e árabe levou o governo britânico a pedir que a "Questão da Palestina" fosse inscrita na agenda da Assembleia Geral das Nações Unidas (em abril de 1947). Como resultado, uma comissão especial foi constituída para elaborar propostas sobre o futuro do país. Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia votou pela adoção da proposta do comitê de divisão da Terra em dois Estados, um judeu e outro árabe. A comunidade judaica aceitou o plano, mas os árabes o rejeitaram.

Após a votação da ONU, os militantes árabes locais, auxiliados por voluntários aleatórias de países árabes, lançaram violentos ataques contra a comunidade judaica, tentando frustrar a resolução da divisão e impedir o estabelecimento de um Estado judeu. Após uma série de contratempos, as organizações de defesa judaicas expulsaram a maioria das forças de ataque, tomando conta de toda a área alocada para o Estado judeu.

Em 14 de maio de 1948, quando o mandato britânico chegou ao fim, a população judaica na Terra chegava a 650.000 pessoas, formando uma comunidade organizada com instituições políticas, sociais e econômicas bem desenvolvidas - de fato, uma nação e Estado em todos os sentidos, exceto no nome.


Fonte: http://http://embassies.gov.il/brasilia/AboutIsrael/history/Pages/HISTORIA-Segundo-Templo.aspx/brasilia acesso em 26/11/2014