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domingo, 23 de outubro de 2016

o texto de Jo 7:53-8:11 é inspirado?



Veja a opinião de alguns famosos comentaristas:

'Eles foram de fato, um fragmento de material autêntico não incluído originalmente em nenhum dos quatro evangelhos. Sua preservação...deve-se ao fato de que foi inserido em um lugar que não parecia impróprio em João ou lucas.Dos manuscritos de João que o contém, a maioria o coloca entre 7:52 e 8:12; outros após 7:36; 7:44 ou 21:25. Outra família de manuscritos o colocam depois de  Lc 21:38...."Em termos de estilo ele tem mais afinidades com os Sinóticos do que com João. Uma razão para ele ser inserido neste contexto de João pode ter sido a idéia de que ele servia como ilustração das paalavras de Jesus em 8:15, "eu a ninguém jugo" Esta constatação forma um paralelo próximo ao relato de Lucas acerca do procedimento que Jesus adotou durante a semana santa:"Jesus ensinava todos os dias no templo; mas a noite ia pousar no monte das Oliveiras (Lc 21:37)...Também aqui há um paralelo próximo de Lucas 221:38: "E todo o povo madrugava para ir ter com ele no templo, a fim de ouvi-lo". Muitos escribas tinham suas tendas de ensino, no patio exterior, onde se assentavam e expunham a lei aos seus alnos; Jesus fez a mesma coisa - com uma diferença..."
(João . Introdução e Comentário. F. F. Bruce. São Paulo: Vida Nova, 2008 p. 351-352)




"Sejam quais forem os problemas textuais levantados por esta passagem, 'o relato tem todos os sinais característicos de veracidade histórica 579".
579 B. M. Metzer, A textual Commentary on the greek New Testament, p. 220 (João . Introdução e comentario. F. F. Bruce. São Paulo: Vida Nova, 2008 p. 355)




"Embora, sem dúvida alguma, seja um incidente verdadeiro na história de Jesus, a história da mulher adúltera não pertence ao Novo Testamento e , de modo mais específico não cabe aqui, no texto, onde sua presença divide o texto em duas partes, e interrompe o desenvolvimento da narrativa de Jo 7:37-8:20. Uma ambientação histórica bem mais propícia é aquela descrita em Lucas 21:37-38...") (Novo Comentário Bíblico Contemporâneo de João. J. Ramsey Michaels, São Paulo: Vida, 1994, p. 156)



"...podemos estar seguros de que é uma história autêntica de Jesus- ainda que tão cheia de graça que, durante muito tempo, muitos da igreja tinham medo de contá-la" Comentario al nuevo Testamento. Willian Barclay. Juan II. Barcelona: CLIE,1996, p. 330)



'Os fatos, pois, são os seguintes:
1. A história contém várias palavras que não se encontram em nenhum outro local, nos escritos de João. Este, no entanto, não é um argumento totalmente decisivo.
2. Os melhores manuscritos, e mais antigos (Aleph, A, B, L, N, W), não contêm esta história. Ela aparece, pela primeira vez, no Codex Bezae. Encontra-se também nos unciais posteriores (o chamado texto coinê), e nos cursivos que se baseiam neles. Ela foi incluída na A.V.; a A.R.V. a inclui, mas a coloca entre colchetes [bem como a versão Revista e Autorizada], com a seguinte anotação na margem: “A maioria das autoridades antigas omite João 7.53-8.11. Os manuscritos que a contêm variam muito de um para o outro.” Alguns a colocam no final do Quarto Evangelho, e outros (os cursivos Ferrar), depois de Lucas 21.38.
3. Alguns dos antigos testemunhos latinos (a, f, g), e também as traduções siríaca sin., siríaca cursiva, peshita, bem como a sahídica (Alto Egito), armênia e gótica, a omitem. Além do mais, os expositores
gregos - Orígenes, Cirilo de Alexandria, Crisóstomo, Nonus e Teofilato não tecem nenhum comentário sobre ela. 
Ela é encontrada aqui (i.e., entre 7.53 e 8.11), em alguns dos testemunhos latinos (b, c, e, f, j), na Vulgata e na tradução siríaca palestinianaSe não existissem informações adicionais a respeito desse parágrafo, a evidência em seu favor seria de fato muito fraca. Não surpreende, portanto, que A. T. Robertson a considere como uma glosa marginal que, por causa de um erro cometido por um escriba, foi inserida no texto.'® Lenski, com palavras cheias de certeza, a considera espúria, e
a omite completam ente de sua exposição. E. J. Goodspeed a considera uma história que deveria ser omitida.

169. A. T. Robertson, Introduction to the Textual Criticism o f the New Testament. Nova
York, 1925, p. 154.

4. Portanto, a questão não é tão simples quanto parece. Existem pontos que apontam para um a direção oposta:
A história se encaixa muito bem no presente contexto. Ela pode ser entendida como servindo para preparar e elucidar o discurso do Senhor, em 8 .12ss. Lembremo-nos de que essa mulher estava caminhando em escuridão moral. É provável que Jesus tenha dispersado sua escuridão. Assim,
não nos surpreendemos ao ler no versículo 12: “Eu sou a luz do mundo”.

5. O Cristo aqui apresentado (7.53-8.11) está inteiram ente em harmonia com a maneira em que ele é descrito em outras passagens das Escrituras. Aqui, ele é o Salvador que veio, não para condenar, mas
para salvar, e que realm ente salvou pessoas como a mulher de Lucas 7, a mulher samaritana, os publicanos e os pecadores. Aqui, o m esmo que contou a parábola do “filho pródigo” é mostrado no ato de revelar sua misericórdia a um a filha pródiga. E também é revelado o verdadeiro caráter dos escribas e fariseus. Esses homens, que valorizavam mais as leis da guarda do sábado do que a cura do paralítico, no tanque de Betesda (cap. 5), revelam, no caso particular dessa mulher, sua enorme
falta de consideração humana.

6. Papias, um discípulo do apóstolo João, parece ter conhecido e exposto esta história. Eusébio diz: “O mesmo escritor (Papias) expôs um a outra história a respeito de uma mulher que foi acusada, na
presença do Senhor, de ter cometido muitos pecados. Essa história encontra-se no Evangelho segundo os Hebreus” {História Eclesiástica III, xxxix, 17). Parece, pois, que Papias já conhecia esta história, e a considerava suficientemente importante para expô-la, embora a mesma não se achasse no Evangelho de João. Será que ela nunca fez parte dele, ou, por algum a outra razão, tenha sido removida do texto?

7. Agostinho declarou, em caráter definitivo, que algumas pessoas tinham removido de seus códices a seção a respeito da adúltera, por tem erem que as mulheres encontrassem nesse texto um a justificativa para a infidelidade {De adulterinis conjugiis II, vii). Isso se encaixa muito bem com o fato de que o ascetismo desempenhou um a função importante na era sub apostólica. Portanto, a sugestão de que a seção ,(7.53-8.11) foi, por um tempo, realmente parte do Evangelho de João, lendo sido removida posteriormente, não pode ser inteiram ente desconsiderada.

Nossa conclusão final, pois, é esta: apesar de não ser possível provar que esta história foi sempre um a parte integral do Quarto Evangelho, também não se pode provar, em caráter definitivo, o contrário. Além do mais, cremos que a história aqui registrada realmente aconteceu, e não contêm nela nada que esteja em conflito com o espírito apostólico. Conseqüentemente, em vez de remover esta seção da Bíblia, ela deve ser mantida e usada para nosso benefício.'™ Os ministros não precisam temer basear seus sermões nesta passagem. Por outro lado, devem
informar todos os fatos a respeito da evidência textual..(COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO JOÃO WILLIAM HENDRIKSEN. São Paulo: Cultura Cristã, 2001 p. 366-368)

"Apesar dos melhores esforços de Zane Hodges141 para provar que essa narrativa originalmente fazia parte do evangelho de João, a evidência está contra ele, e as versões modernas estão certas em separá-la de alguma forma do texto (NVI tem uma nota sobre a narrativa) ou relegá-la a uma nota de rodapé (RSV). 
Esses versículos estão presentes na maioria dos minúsculos manuscritos gregos medievais, mas eles estão ausentes de praticamente todos os antigos manuscritos gregos que chegaram até nós, representando grande diversidade de tradições textuais. A mais notável exceção é o uncial ocidental D, conhecido por sua independência em numerosas outras passagens. Eles também estão faltando nas mais antigas formas dos evangelhos siríacos e coptas e em muitos manuscritos da Vetus Latina, Vetus Geórgica e Armênia.
Todos os pais da igreja antiga omitem essa narrativa: ao comentar João, eles passam imediatamente de 7.52 para 8.12. Nenhum pai da igreja oriental cita a passagem antes do século X. Dídimo, o cego (um exegeta do século IV, de Alexandria), reporta uma variação dessa narrativa,142 não a narrativa como nós a temos aqui. 
Além disso, um número de manuscritos (posteriores) que incluem a narrativa a destacam com asteriscos ou obeli, indicando hesitação quanto a sua autenticidade, enquanto aqueles
que de fato a incluem mostram uma freqüência bastante alta de variantes textuais.
Embora a maioria dos manuscritos que incluem a narrativa a coloque aqui (isto é, em 7.53-8.11), alguns a colocam em vez disso após Lucas 21.38, e outras testemunhas, de forma variada, a colocam após João 7.44, João 7.36 ou João 21.25.143 A diversidade de localização confirma a inautenticidade dos versículos. Finalmente, mesmo que alguém decidisse que o material é autêntico, seria muito difícil justificar o ponto de vista que o material é autenticamente, joanino: há numerosas expressões e construções que não são encontradas em nenhum lugar em João, mas que são características dos evangelhos sinóticos, principalmente de Lucas {cf. notas, abaixo).

Por outro lado, não há muitos motivos para duvidar que o evento aqui descrito ocorreu, mesmo que ele, no início, em sua forma escrita, não pertencesse aos livros canônicos. Narrativas semelhantes são encontradas em outras fontes. Uma das bem conhecidas, reportada por Papias* (e registrada pelo historiador Eusébio, H.E. III. xxxix. 16), é o relato de uma mulher acusada na presença do Senhor de muitos pecados (diferentemente da mulher aqui, que é acusada de apenas um pecado). A presente narrativa também tem um número de paralelos (alguns deles notados acima) com as narrativas dos evangelhos sinóticos. O motivo dessa inserção aqui pode ter sido ilustrar 7.24 e 8.15 ou, talvez, a pecaminosidade dos judeus em contraste com a ausência de pecado de Jesus (8.21, 24, 46).Comentário de João. D. A.  Carson. São Paulo: Vida Nova, p. 367-368)

*17. O mesmo escritor utiliza testemunhos tomados da primeira carta de João, e igualmente da de Pedro, e expõe também outro relato de uma mulher acusada de muitos pecados ante o Senhor, que está contido no Evangelho dos hebreus . Que conste também isto, além do que já havia exposto.(História Eclesiástica Livro IV xxxix 17 (16. São Paulo: Novo Século, 2002)

Conclusões:
1-O texto não fazia parte dos Evangelhos.
2- O texto foi inserido nos Evangelhos como ilustração, talvez de início como uma nota marginal
3- o texto é autêntico, sua história é verdadeira. É o mesmo caso de Jo 5:4 que se trata de um relato verdadeiro da crença falsa sobre o agitar da água pelos anjos.
4- A história de Papias apesar de mencionar muitos pecados da mulher, pode se referir sim ao texto em questão, sendo o de Papias talvez um texto mais detalhado. De fato eruditos em Crítica Textual acreditam que o texto da mulher adúltera é bem, anterior a Vulgata e a Agostinho.
5- A menção de Agostinho provavelmente deve ser do texto como nota e não como parte integrante do Novo Testamento

Bibliografia Consultada:
João . Introdução e Comentario. F. F. Bruce. São Paulo: Vida Nova, 2008.

Comentário do Novo Testametno. JOÃO WILLIAM HENDRIKSEN. São Paulo: Cultura Cristã, 2001)

Comentário de João. D. A.  Carson. São Paulo: Vida Nova, 2007)

(Novo Comentário Bíblico Contemporâneo de João. J. Ramsey Michaels, São Paulo: Vida, 1994.

Comentario al nuevo Testamento. Willian Barclay. Juan II. Barcelona: CLIE,1996.