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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Vídeo de Caio Fábio sobre inerrância analisado!

"Caio até que ponto você acha que o Antigo Testamento atrapalha a compreensão do Novo Testamento?...ele ajuda quando você não é instruido na leitura pela religião, se fizer como a minha mãe fez com meu pai , que pediu para ler a bíblia, e minha mãe disse para que esse livro se entende melhor se lermos a 2ª parte antes da 1ª ..."
'Quem lê a bíblia do ponto de vista de Jesus, sabe o que no Antigo Testamento continua vigente, e o que no velho testamento é sombra. arquétipo, simbolização daquilo que Jesus encarnaria, e como Jesus já encarnou, aquilo tudo caiu em caducidade e esclerosamento como diz a carta aos hebreus

"O problema é que o Cristianismo nunca leu o Antigo Testamento tendo Jesus como chave hermenêutica. Se sua chave hermenêutica for uma ciência chamada hermenêutica, que vem de hermes o deus grego, que é basicamente no cristianismo fundada em princípios filosóficos de natureza aristotélica, portanto grega, não tem nada a ver com o modo de Jesus ler a Palavra, nem dos apóstolos leram a palavra, foi o que prevaleceu no cristianismo, foi a hermenêutica constantiniana, dos concílios do cristianismo que é uma hermenêutica que tenta sistematizar a bíblia inteira para fazer

a bíblia ser coerente consigo mesma o tempo todo, em cada página, em cada verso em cada letra, o que é impossível, e quem diz que consegue tá mentindo e eu vou na cara dele provar que ele tá mentindo.,
 A Bíblia não é inerrante, nem na literatura,ela tem erros literários,ela não é  inerrante na cronologia, tem erros cronológicos,ela não é inerrante na genealogia, ela dá saltos  geracionais e só fica em cima das figuras pivotais mais importantes para marcar a história. Ela não quer ser um livro de ciência para saber como o mundo começou. Ela é um livro do homem. Ela não é nem o livro de Deus, porque sinceramente, Deus tem livros infinitamente melhores do que a Bíblia para escrever, só que a gente não compreende. A Bíblia é o livro possível para minha compreensão. Não só a minha de hoje, mas a compreensão da humanidade nos últimos quatro mil anos. É o livro possível. O grande milagre da Bíblia é carregar esse conteúdo divino, na relatividade de um livro, preso ao tempo, espaço, escrito por homens...

Palavra de Deus é Jesus, ele é o Verbo.A bíblia é um livro, biblos, livro, 66 livros, uma biblioteca, formada de textos, a Escritura é o texto, agora a Palavra de Deus é Jesus. Então nós temos um livro chamado bíblia, que tem um texto que são as Escrituras, que indicam a palavra de Deus que é Jesus. 

Quem tem Jesus como Palavra de Deus pode ler o livro que vai entender a escritura; e vai entender no livro e na Escritura o que era coisa passada e que morreu em Cristo, e o que é coisa passada e continua tendo sua vigência, pois ela continua segundo o evangelho de Jesus, é coerente com a continuidade do evangelho de Jesus. Por isso você ve que a ênfase dos apóstolos, que nós dessa geração da fé, dessa geração pós messias, que nasceu pós Jesus histórico, nós fomos fundados, que que Paulo diz diversas vezes? Qual é o fundamento da igreja? O fundamento dos apóstolos e dos profetas. com relação a lei, quando jesus ressuscitou ele mostrou aos discípulos tudo que estava escrito na Lei de Moisés que é quando Moisés dizia: Eis que o Senhor Levantará um varão mais poderosos do que eu e vos dirá tudo que tem de ser sabido, milhares de anos antes de Jesus, as simbolizações e arquétipos do Antigo Testamento, oferta de manjares, de remissão de pecados, o holocausto pelo pecado, pela culpa, mostrou como ele era a encarnação realizada daquilo que no Velho Testamento era simbolização, mostrou a ele mesmo presente no Velho Testamento nas diversas ocasiões que o Cristo eterno se manifestou como Anjo do Senhor aos antigos no Velho Testamento, foi mostrando nos Salmos suas profecias do Messias, anunciando como ele seria e o que aconteceria com ele e nos Profetas que aí é abundância total.."


Análise trecho 1:
"Quem lê a bíblia do ponto de vista de Jesus, sabe o que no Antigo Testamento continua vigente, e o que no velho testamento é sombra. arquétipo, simbolização daquilo que Jesus encarnaria, e como Jesus já encarnou, aquilo tudo caiu em caducidade e esclerosamento como diz a carta aos hebreus"
Aqui Caio Fávio fala de acordo com a bíblia:
Hb 10:1Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem
HB 8:4  Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
5  os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
6 ¶ Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.
7  Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
13  Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.
Hb 7:411 ¶ Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?
12  Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.
Mt 5:17 ¶ Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.

18  Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra
Ef 2:15 aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz,
Cl 2:13 ¶ E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
14  tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz;
16 ¶ Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,
17  porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo [a realidade] é Cristo.


Análise trecho 2
"O problema é que o Cristianismo nunca leu o Antigo Testamento tendo Jesus como chave hermenêutica. Se sua chave hermenêutica for uma ciência chamada hermenêutica, que vem de hermes o deus grego, que é basicamente no cristianismo fundada em princípios filosóficos de natureza aristotélica, portanto grega, não tem nada a ver com o modo de Jesus ler a Palavra, nem dos apóstolos leram a palavra, foi o que prevaleceu no cristianismo, foi a hermenêutica constantiniana, dos concílios do cristianismo
1- A própria hermenêutica tem como regra de interpretação: "Interpretar o Antigo Testamento sob à luz do Novo Testamento", logo sua afirmação é autocontraditória. Ele diz que os evangélicos não sabem disso em outro vídeo http://www.youtube.com/watch?v=Kf9vt7iltxo
2- O fato da palavra hermeneutica derivar do termo Hermes por is não a desqualifica. Se formos usar este critério deveríamos rejeitar por exemplo a "cronologia"  (citada na fala do Caio) que vem do deus Cronos
3-Caio Fábio disse que "minha mãe disse para meu pai que esse livro se entende melhor se lermos a 2ª parte antes da 1ª", Será que a mãe dele inventou este princípio de interpretação? Claro que não!!!
Quando me converti, a primeira coisa que me disseram foi exatamente o que a mãe dele disse para o pai, e isso foi numa Instituição Cristã Evangélica!
4-Ao contrário do que expõe Caio Fábio, a Hermenêutica não é baseada em princípios aristotélicos, a menos que ele esteja mencionando os princípios da lógica (que são autoevidentes- e até para se discordar dles é preciso usá-los), mesmo assim aristóteles apenas os sistematizou, não os inventou. Seria o memso que dizer que Newton criou a lei da gravidade
5- A influencia marcante na igreja foi Platonista até o sec. 13, depois com Tomás de Aquino Predominou-se o pesamento de Aristóteles:"O corpo principal dos escritos de Aristóteles não se tornou geralmente disponível aos estudiosos ate o fim do século XII, Nesse ínterim, porém, algumas das idéias de Aristóteles foram absorvidas e transmitidas pelo estadista-filósofo Boécio (cerca de 480 d.C-cerca de 524 d.C) (Filosofia e Fé Cristã, Editora Vida Nova,  p. 15)
Fica portanto estranho afirmar que a hermenêutica prevalecente é de natureza aristotélica e constantiniana, sendo que predominava na época de Constantino (bem como antes e um pouco depois) o Platonismo especialmente nas obras de Clemente de Alexandria e Orígenes

Análise trecho 4 neste trecho como em outro vídeo( http://www.youtube.com/watch?v=Kf9vt7iltxo ) ele nega que a Bíblia seja Palavra de Deus.


"Palavra de Deus é Jesus, ele é o Verbo.A bíblia é um livro, biblos, livro, 66 livros, uma biblioteca, formada de textos, a Escritura é o texto, agora a Palavra de Deus é Jesus. Então nós temos um livro chamado bíblia, que tem um texto que são as Escrituras, que indicam a palavra de Deus que é Jesus." 

O fato de que algumas coisas não mais valem do Antigo Testamento pois se cumpriram em Cristo não significa que o Antigo Testamento deixou de ser Palavra de Deus! Se foram inspiradas por Deus continuam sendo dele!!

A palavra de Deus não é somente a pessoa de Jesus, aliás Jesus não é Palavra no sentido literal, como aquilo que sai da boca de Deus Pai. 
Jesus é Deus assim com o Pai. Jesus é palavra no sentido de ser a manifestação do pensamento do pai:
"Logos tem o duplo sentido de pensamento e fala, também Cristo é relacionado a Deus como a palavra à ideia, não sendo palavra um mero nome para ideia, mas a própria ideia expressa. O pensamento é a palavra interior...O logos de João é o Deus verdadeiro e pessoal (1:1), a Palavra, que estava presente originalmente com Deus antes da criação, e era Deus, um em essência e natureza, contudo pessoalmente distinto (1:1,18) o revelador e intérprete do ser oculto de Deus, o reflexo e a imagem visível de Deus, e o órgão de todas as suas manifestações ao mundo. Compare com Hb 1:3"(Vincent- estudo no vocabulário grego no novo Testamento, CPAD, p.26)

"pelo contrário, logos corresponde ao termo aramaico menra (também palavra), um termo técnico e teológico usado pelos rabinos antes e depois de Yeshua, quando tratavam da expressão de Deus a respeito de si mesmo..." (Comentário Judaico do Novo Testamento, p. 180, Editora Atos)

 "Assim, em Gn 39:21 parafrasearam: 'A menra estava com José na prisão' (Vincent- estudo no vocabulário grego no novo Testamento, CPAD, p. 23)
"o termo aqui se refere a natureza divina preexistente do Messias, que se fez carne e habitou entre nós, como Jesus Cristo o Deus-homem...entre os judeus posteriores este uso se tornou mais definido e frequente, especialmente nos targumim aramaicos; nos quais a palavra de jeová (menra) é muitas vezes usada onde o hebraico lê Jeová (yahweh) ou Deus (elohim)Gn 19:24; 20:3; Ex 17:16; Lv 26:12; Is 45:11;...(Léxico Grego do Novo Testamento, p. 546)

A lei (Antigo Testamento), Escritura e Palavra de Deus, mandamento são sinônimos
Jo 10:34  Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?
35  Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar,
Números 15:31  pois desprezou a palavra do SENHOR e violou o seu mandamento; será eliminada essa pessoa, e a sua iniqüidade será sobre ela.

O conteúdo das profecias dos profetas é considerado Palavra de Deus (mesmo não sendo referentes a Jesus direta ou indiretamente:
1 Samuel 3:1  O jovem Samuel servia ao SENHOR, perante Eli. Naqueles dias, a palavra do SENHOR era mui rara; as visões não eram freqüentes.
1 Samuel 3:7  Porém Samuel ainda não conhecia o SENHOR, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do SENHOR.
1 Samuel 15:10  Então, veio a palavra do SENHOR a Samuel, dizendo:
1 Samuel 15:23  Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
1 Samuel 15:26  Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, já ele te rejeitou a ti, para que não sejas rei sobre Israel.
2 Samuel 7:4  Porém, naquela mesma noite, veio a palavra do SENHOR a Natã, dizendo:
Juízes 3:20  Eúde entrou numa sala de verão, que o rei tinha só para si, onde estava assentado, e disse: Tenho a dizer-te uma palavra de Deus. E Eglom se levantou da cadeira.
1 Samuel 9:27  Desciam eles para a extremidade da cidade, quando Samuel disse a Saul: Dize ao moço que passe adiante de nós, e tu, tendo ele passado, espera, que te farei saber a palavra de Deus.
1 Reis 12:22  Porém veio a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo:
Lucas 3:2  sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.

Toda a lei (o Antigo Testamento) é palavra de Deus, lei do Senhor ,lei de Deus.
2 Crônicas 31:3  A contribuição que fazia o rei da sua própria fazenda era destinada para os holocaustos, para os da manhã e os da tarde e para os holocaustos dos sábados, das Festas da Lua Nova e das festas fixas, como está escrito na Lei do SENHOR.(Se refere ao Pentateuco)
2 Crônicas 31:4  Além disso, ordenou ao povo, moradores de Jerusalém, que contribuísse com sua parte devida aos sacerdotes e aos levitas, para que pudessem dedicar-se à Lei do SENHOR.(Se refere ao Pentateuco)
2 Crônicas 34:14  Quando se tirava o dinheiro que se havia trazido à Casa do SENHOR, Hilquias, o sacerdote, achou o Livro da Lei do SENHOR, dada por intermédio de Moisés.(pentateuco)
Lucas 2:23  conforme o que está escrito na Lei do Senhor: Todo primogênito ao Senhor será consagrado;
Lucas 2:39  Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua cidade de Nazaré.(Pentateuco)
1 Tm 4:4  pois "tudo que Deus criou é bom", e, recebido com ações de graças, nada é recusável,
5  porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado (Se refere ao Livro de Gênesis 1)
2 Samuel 12:9  Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o que era mal perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depois de o matar com a espada dos filhos de Amom.(Se refere as leis do Pentateuco (Exodo, Deuteronômio)
Esdras 7:10  Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.
Neemias 8:8  Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia.

Neemias 8:18  Dia após dia, leu Esdras no Livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao último; e celebraram a festa por sete dias; no oitavo dia, houve uma assembléia solene, segundo o prescrito.
Neemias 9:3  Levantando-se no seu lugar, leram no Livro da Lei do SENHOR, seu Deus, uma quarta parte do dia; em outra quarta parte dele fizeram confissão e adoraram o SENHOR, seu Deus.
Salmos 107:11  por se terem rebelado contra a palavra de Deus e haverem desprezado o conselho do Altíssimo,
Números 15:31  pois desprezou a palavra do SENHOR e violou o seu mandamento; será eliminada essa pessoa, e a sua iniqüidade será sobre ela.
Provérbios 30:5  Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam.
Mateus 15:3  Ele, porém, lhes respondeu: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição?
6  esse jamais honrará a seu pai ou a sua mãe. E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição.(Se refere ao livro de Exodo e Deuteronômio)
Marcos 7:10  Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.
11  Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor,
12  então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe,
13  invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.(Se refere ao livro de Êxodo e Deuteronômio- e cita "Moisés disse")
João 10:35  Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar,
Romanos 9:6  E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; (O Antigo Testamento- Gênesis- é chamado de Palavra de Deus)
1 Coríntios 14:36  Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente para vós outros?

As palavras de Jesus são palavras de Deus
Lucas 5:1  Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré;
Lucas 8:11  Este é o sentido da parábola: a semente é a palavra de Deus.
Lucas 8:21  Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.
Lucas 11:28  Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!

O evangelho de Jesus é Palavra de Deus e não palavras de homens
1 Ts 2:13  Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes.
Atos 4:31  Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.
Atos 6:2  Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas.
Atos 6:7  Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.
Atos 8:14  Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João;
Atos 11:1  Chegou ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus.
Atos 13:5  Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também João como auxiliar.
Atos 13:7  o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, que era homem inteligente. Este, tendo chamado Barnabé e Saulo, diligenciava para ouvir a palavra de Deus.
Atos 13:44  No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
Atos 13:46  Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios.
Atos 16:32  E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa.
Atos 17:13  Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que a palavra de Deus era anunciada por Paulo também em Beréia, foram lá excitar e perturbar o povo.
Atos 18:11  E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.
2 Coríntios 2:17  Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.
2 Coríntios 4:2  pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.
2 Timóteo 2:9  pelo qual estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada.
Tito 2:5  a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.
Hebreus 13:7  Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.
Atos 12:24  Entretanto, a palavra do Senhor crescia e se multiplicava.
Atos 13:48  Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.
Atos 13:49  E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela região.
Atos 15:35  Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor.
Atos 15:36  Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, para ver como passam.
Atos 19:10  Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.
Atos 19:20  Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente.
1 Ts 1:8  Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma;
1 Pedro 1:25  a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada.

Todas as Escrituras são Palavra de Deus
Efésios 6:17  Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
Filipenses 1:14  e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus.
Colossenses 1:25  da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus:
1 Timóteo 4:5  porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado.
Hebreus 4:12  Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.
Hebreus 6:5  e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro,
1 Pedro 1:23  pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
1 João 2:14  Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.
Efesios3:3  pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente;
4  pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo,
5  o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito,(Os escritos do Novo Testamento)
Apocalipse 1:2  o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.(João diz ser portador da palavra de Deus no Apocalipse)
Apocalipse 1:9  Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
Apocalipse 6:9  Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.
Apocalipse 20:4  Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.

Análise trecho 3

"...coerente consigo mesma o tempo todo, em cada página, em cada verso em cada letra, o que é impossível, e quem diz que consegue tá mentindo e eu vou na cara dele provar que ele tá mentindo.,
 Bíblia não é inerrante, nem na literatura,ela tem erros literários,ela não é  inerrante na cronologia, tem erros cronológicos,ela não é inerrante na genealogia, ela dá saltos  geracionais e só fica em cima das figuras pivotais mais importantes para marcar a história. Ela não quer ser um livro de ciência para saber como o mundo começou. Ela é um livro do homem. Ela não é nem o livro de Deus, porque sinceramente, Deus tem livros infinitamente melhores do que a Bíblia para escrever, só que a gente não compreende. A Bíblia é o livro possível para minha compreensão. Não só a minha de hoje, mas a compreensão da humanidade nos últimos quatro mil anos. É o livro possível. O grande milagre da Bíblia é carregar esse conteúdo divino, na relatividade de um livro, preso ao tempo, espaço, escrito por homens.."

Sobre a bíblia ser o livro de Deus e não simplesmente de homens

1 Ts 2:13  Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes

1Co 2:13  Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.

"Não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação Jesus Cristo" (Gl 1.12)


Sobre erros na genealogia e cronologia

Não existe erros, o que existe são citações que visam brevidade, simetria para mais fácil assimilação mental:

 •1- os termos hebraicos gerou, filho e filha são empregados com grande variedade e podem envolver um parente imediato ou um descendente distante
•2- as dez gerações de Adão até noé, e as dez de noé até abraão evidentemente visam a brevidade e a simetria e não a continua de pais e filhos.
•3- abreviações, devido a simetria são ASPECTOS COMUNS NA GENEALOGIA BÍBLICA
•4-NA FÓRMULA RECORRENTE a VIVEU----ANOS E GEROU b----ANOS E GEROU FILHOS E FILHAS, b PODE NÃO SER LITERALMENTE FILHO DE a. Neste caso, a idade de A é a idade que tinha quando b nasceu, o que pode ter sido depois de muitas gerações>portanto pode haver um intervalo indefinido entre A e B
(Enciclopédia da Bíblia cultura cristã p. 318) 

"Warfield e Buswel citam William Henry Green ...extensivamente numa dúzia de listas e passagens de genealogias que mostram com clareza que os escritores bíblicos, ao apresentarem um lista de nomes,jamais, tencionaram dar ao leitor a idéia que todos os elos da cadeia estão incluídos, mas que, pelo contrario, esperam que o leitor reconheçam que os nomes dados SÃO Selecionados e que pode haver saltos na lista" .
•..Buswel destaca que a genelaogia de Mateus está divida em 3 seções, cada uma delas contendo 14 nomes. observamos que existem 40 nomes e não 42... 3 grupos e nomes que seriam mais fáceis de se memorizar. Davis mostra que Gn está dividido em dez seções, cada uma delas iniciada pela mesma formula (2,3; 6.9; etc) Neste padrão, o dilúvio foi um ponto crucial, com dez gerações listadas antes e depois. Da mesma forma o tempo de noé a Abraão está dividido em duas seções iguais com cinco gerações listadas de Noé a Pelegue 10:25 e cinco de Pelegue a Abraão (11:10-26) não há base na genealogia de Adão a Noé para o cálculo da cronologia"
idem p. 320

G. T. Wrigth "como nas genealogias de Cristo, nos evangelhos, o objetivo da tabelas em Gn evidentemente não é dar uma cronologia, mas sim a linhagem de descendentes" IDEM P. 320


Sobre a bíblia não ser inerrante
  • Deus não pode errar HB 6:18; Tt 1:2 "é impossivel que Deus minta" e "Deus não pode mentir"
  • A bíblia é a palavra de Deus (Como foi provado acima)
  • Portanto a bíblia está isenta de erros Jo 10:35 "a Escritura não pode falhar'
"A inerrância é decorrente lógica da inspiração, pois esta inclui " não apenas tido o que a bíblia explicitamente ensina, mas inclui também tudo a que ela se refere. Isso é verdade quando a bíblia se reporta a história ciência ou matemática"...E o que Deus profere (inspira) tem de ser completamente verdadeiro e sem erros (inerrante)"  (Manual Popular de Enígmas , Dúvidas e 'contradições' da Bíblia- Editora Vida, p. 15-16)



Sobre erros de ciência:

a Bíblia usa a linguagem simples do senso comum, do dia-a-dia, que salienta a ocorrência de um acontecimento, não a linguagem de fundamento científico. Isso não significa que os autores usassem linguagem anticientífica ou negadora da ciência, e sim linguagem popular para descrever fenômenos científicos. Não é mais anticientífico afirmar que o sol permaneceu parado (Js 10.12) do que dizer que o sol nasceu ou subiu (Js 1.15). Dizer que a rainha de Sabá veio "dos confins da terra" ou que as pessoas no Pentecostes vieram "de todas as nações debaixo do céu" não é dizer coisas com exatidão científica. Os autores usaram formas comuns, gramaticais de expressar seu pensamento sobre os assuntos




Sobre a bíblia ser um livro apenas certa no que ensina, mas contem erros

A visão de Caio Fábio aproxima-se da neo-ortodoxia, como pode ser percebido. Veja no estudo de Norman Geisler abaixo no Apêndice.


Sobre as acusações de erros - veja os tipos de erros mais comuns dos críticos:


1-Assumir que o que não foi explicado seja inexplicado
2-Presumir que a bíblia é culpada, até prova contrária.
3-Falhar na compreensão do contexto da passagem
4- Deixar de interpretar passgens difíceis à luz das que são claras
5-Basear um ensino numa passagem obscura
6-Esquecer que a bíblia manifesta perspectiva humana, linguagem fenomenológica
7-Assumir que um relato parcial seja um relato falso. Inspiração não exclui diversidade de expressão
8- Não aceitar citações livres do Antigo Testamento pelo novo.
9- Assumir que diferentes narrações sejam falsas, ao invés de complementares ou de apresentarem aspectos diferentes da verdade ou ainda destaque especial de um fato por um escritor não relatado por outro
10- Esquecer que a bíblia faz uso de linguagem comum, não técnica, especialmente em traduções
11-Esquecer que a bíblia faz uso de diferentes gêneros literários e não levá-los em conta
12- Esquecer que mesmo os erros de cópias (estes são facilmente identificados dado o número enorme de cópias e traduções antigas, bem como de citações de escritores), a mensagem inteira ainda é compreensível EX:
"V**e foi sorteado e ganhou um car o zero kl" é plenamente compreensível e não altera em nada o texto!!
13- Esquecer que a revelação bíblica é progressiva e que o Novo Testamento deixou obsoletas várias de suas leis como penais, cerimoniais,etc.

(Adaptado do livro "Manual Popular de Enigmas Dúvidas e Contradições" Editora Vida)
         

Para aprofundamento no assunto leia apêndice:



Apêndice:
Estudo de Norman Geisler- Introdução Bíblica, Editora Vida Nova!!:

Sobre Inspiração
"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3.16). Em outras palavras, o texto sagrado do Antigo Testamento foi "soprado por Deus" (gr., theopneustos) e, por isso, dotado da autoridade divina para o pensamento e para a vida do crente. A passagem correlata de 1Coríntios 2.13 realça a mesma verdade. Disto também falamos", escreveu Paulo, "não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais." Quaisquer palavras ensinadas pelo Espírito Santo são palavras divinamente inspiradas.
 2Pedro 1.21. "Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo." Em outras palavras, os profetas eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas foram "sopradas pelo Espírito". Pela revelação, Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Hb 1.1): mediante anjos, visões, sonhos, vozes e milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens mediante os profetas. Mais um sinal de que as palavras dos profetas não partiam deles próprios, mas de Deus é o fato de eles sondarem seus próprios escritos a fim de verificar "qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e sobre as glorias que os seguiriam" (l Pe 1.11).
Bíblia é inspirada no seguinte sentido: homens movidos pelo Espírito, escreveram palavras sopradas por Deus, as quais são a fonte de autoridade para a fé e para a prática cristã. 

a-Definição teológica da inspiração

Na única vez em que o Novo Testamento usa a palavra inspiração, ela se aplica aos escritos, não aos escritores. A Bíblia é que é inspirada, e não seus autores humanos. O adequado, então, é dizer que: o produto e inspirado os produtores não. Os autores indubitavelmente escreveram e Falaram sobre muitas coisas, como, por exemplo, quando se referiram a assuntos mundanos, pertinentes a esta vida, os quais não foram divinamente inspirados. ... Tal sentido mais amplo inclui o processo total por que alguns homens, movidos pelo Espírito Santo, enunciaram e escreveram palavras emanadas boca do Senhor; e, por isso mesmo, palavras dotadas da autoridade divina.
É um processo total de inspiração que contém os três elementos essenciais: a causalidade divina, a mediação profética e a autoridade escrita.
Causalidade divina. Deus é a Fonte Primordial da inspiração da Bíblia. O elemento divino estimulou o elemento humano. Primeiro Deus falou aos profetas e, em seguida, aos homens, mediante esses profetas. Deus revelou-lhes certas verdades da fé, e esses homens de Deus as registraram. 
 Mediação profética. Os profetas que escreveram as Escrituras não eram autômatos. Eram algo mais que meros secretários preparados para anotar o que se lhes ditava. Escreveram segundo a intenção total do coração, segundo a consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não foram violentadas por uma intrusão sobrenatural. A Bíblia que eles produziram é a Palavra de Deus, mas também é a palavra do homem. Deus usou personalidades humanas para comunicar proposições divinas. Os profetas foram a causa imediata dos textos escritos, mas Deus foi a causa principal.
Autoridade escrita. O produto final da autoridade divina em operação por meio dos profetas, como intermediários de Deus, é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia. A Escritura "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça". As Escrituras receberam sua autoridade do próprio Deus, que falou mediante os profetas. No entanto, são os escritos proféticos e não os escritores desses textos sagrados que possuem e retêm a resultante autoridade divina. Todos os profetas morreram; os escritos proféticos prosseguem.
Em suma, a definição adequada de inspiração precisa ter três fatores fundamentais: Deus, o Causador original, os homens de Deus, que serviram de instrumentos, e a autoridade escrita, ou Sagradas Escrituras, que são o produto final.

b-Inspiração dos originais, não das cópias- erros

A inspiração e a conseqüente autoridade da Bíblia não se estendem automaticamente a todas as cópias e traduções da Bíblia. Só os manuscritos originais, conhecidos por autógrafos, foram inspirados por Deus. Os erros e as mudanças efetuados nas cópias e nas traduções não podem ser atribuídos à inspiração original.
Por exemplo, 2Reis 8.26 diz que Azarias tinha 22 anos de idade quando foi coroado rei, enquanto 2Crônicas 22.2 diz que tinha 42 anos. Não é possível que ambas as informações estejam corretas. O original é autorizado; a cópia errônea não tem autoridade. Outros exemplos desse tipo de erro podem encontrar-se nas atuais cópias das Escrituras (e.g., cf. I Rs 4.26 e 2Cr 9.25). Portanto, uma tradução ou cópia só é autorizada à medida que reproduz com exatidão os autógrafos.
As cópias e as traduções da Bíblia, encontradas no século xx, não detêm a inspiração original, mas contêm uma inspiração derivada, uma vez que são cópias fiéis dos autógrafos. De uma perspectiva técnica, só os autógrafos são inspirados; todavia, para fins práticos, a Bíblia nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus inspirada.
Visto que os originais não mais existem, alguns críticos têm objetado à inerrância de autógrafos que não podem ser examinados e nunca foram vistos. Eles perguntam como é possível afirmar que os originais não continham erro, se não podem ser examinados. A resposta é que a inerrância bíblica não é um fato conhecido empiricamente, mas uma crença baseada no ensino da Bíblia a respeito de sua inspiração, bem como baseada na natureza altamente precisa da grande maioria das Escrituras transmitidas e na ausência de qualquer prova em contrário. Afirma a Bíblia ser a declaração de um Deus que não pode cometer erro. É verdade que nunca se descobriram os originais infalíveis da Bíblia, mas tampouco se descobriu um único autógrafo original falível. Temos, pois, manuscritos que foram copiados com toda precisão e traduzidos para muitas línguas, dentre as quais o português. Portanto, para todos os efeitos de doutrina e de dever, a Bíblia como a temos hoje é representação suficiente da Palavra de Deus, cheia de autoridade

c- Características da Inspiração
A inspiração é verbal, escrita Independentemente de outras afirmações que possam ser formuladas a respeito da Bíblia, fica bem claro que esse livro reivindica para si mesmo esta qualidade: a inspiração verbal. O texto clássico de 2Timóteo 3.16 declara que as graphã, i.e., os textos, é que são inspiradas. "Moisés escreveu todas as palavras do Senhor..." (Êx 24.4). O Senhor ordenou a Isaías que escrevesse num livro a mensagem eterna de Deus (Is 30.8). Davi confessou: "O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha boca" (2Sm 23.2). Era a palavra do Senhor que chegava aos profetas nos tempos do Antigo Testamento. Jeremias recebeu esta ordem: "... não te esqueças de nenhuma palavra(Jr 26.2).
No Novo Testamento, Jesus e seus apóstolos ressaltaram a revelação registrada ao usar repetidamente a expressão "está escrito" (v. Mt 4.4,7; Lc 24.27,44). O apóstolo Paulo testemunhou: "... falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina..." (1Co 2.13). João nos adverte quanto a não "tirar quaisquer palavras do livro desta profecia" (Ap 22.19). As Escrituras (i.e., os escritos) do Antigo Testamento são continuamente mencionadas como Palavra de Deus. No célebre sermão da montanha, Jesus declarou que não só as palavras, mas até mesmo os pequeninos sinais diacríticos de uma palavra hebraica vieram de Deus: "Em verdade vos digo que até que a terra e o céu passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido" (Mt 5.18). Portanto, o que quer que se diga como teoria a respeito da inspiração das Escrituras, fica bem claro que a Bíblia reivindica para si mesma toda a autoridade verbal ou escrita. Diz a Bíblia que suas palavras vieram da parte de Deus.

A inspiração é plenaA Bíblia reivindica a inspiração divina de todas as suas partes. É inspiração plena, total, absoluta. "Toda Escritura é divinamente inspirada..." (2Tm 3.16). Nenhuma parte das Escrituras deixou de receber total autoridade doutrinária. A Escritura toda (i.e., o Antigo Testamento integralmente), escreveu Paulo, "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3.16). E foi além, ao escrever: "... tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito" (Rm 15.4). Jesus e todos os autores do Novo Testamento exemplificam amplamente sua crença firme na inspiração integral e completa do Antigo Testamento, citando trechos de todas as Escrituras que eram para eles de autoridade, até mesmo os que apresentam ensinos fortemente polêmicos. A criação de Adão e de Eva, a destruição do mundo pelo dilúvio, o milagre de Jonas e o grande peixe e muitos outros acontecimentos são mencionados por Jesus deixando bem clara a autoridade deles (v. cap. 3). Todo trecho das Sagradas Escrituras reivindica total e completa autoridade. A inspiração da Bíblia é plena.
É claro que a inspiração plena estende-se apenas aos ensinos dos autógrafos, como já afirmamos  Todavia, tudo quanto a Bíblia ensina, quer no Antigo, quer no Novo Testamento, é integralmente dotado de autoridade divina. Nenhum ensino das Escrituras deixou de ter origem divina. O próprio Deus inspirou as palavras usadas para exprimir os ensinos proféticos. Repitamos: a inspiração é plena, a saber, completa e integral, abrangendo todas as partes da Bíblia.

A inspiração atribui autoridadeFica, pois, saliente o fato de que a inspiração concede autoridade indiscutível ao texto ou documento escrito. Disse Jesus: "... a Escritura não pode ser anulada..." (Jo 10.35). Em numerosas ocasiões o Senhor recorreu à Palavra de Deus escrita, que ele considerava árbitro definitivo em questões de fé e de prática. O Senhor recorreu às Escrituras como a autoridade para ele purificar o templo (Mc 11.17), para pôr em cheque a tradição dos fariseus (Mt 15.3,4) e para resolver divergências doutrinárias (Mt 22.29). Até mesmo Satanás foi repreendido por Cristo mediante a autoridade da Palavra escrita de Deus: "Está escrito [...] Está escrito [...] Está escrito...". Jesus contra-atacou as tentações de Satanás com a Palavra de Deus escrita (Mt 4.4,7,10).
Algumas vezes, Jesus declarou o seguinte: "... era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 24.44). Todavia, é em outra declaração de Jesus que encontramos apoio ainda mais forte do Senhor à autoridade inquestionável das Escrituras: "É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei" (Lc 16.17). A Palavra de Deus não pode ser anulada. Provém de Deus e está envolta na autoridade divina que o próprio Deus lhe concedeu.

 A inspiração diz respeito igualmente ao Antigo e ao Novo Testamento. A maioria das passagens citadas acima a respeito da natureza plena da inspiração refere-se diretamente ao Antigo Testamento. Com base em que, então, podem aplicar-se (por extensão) ao Novo Testamento? A resposta a essa pergunta é que o Novo Testamento, à semelhança do Antigo, reivindica a virtude de ser Escritura Sagrada, escrito profético, e toda a Escritura e todos os escritos proféticos devem ser considerados inspirados por Deus.
De acordo com 2Timóteo 3.16, toda a Escritura é inspirada. Ainda que a referência explícita, aqui, refira-se ao Antigo Testamento, é verdade que o Novo Testamento também deve ser considerado Escritura Sagrada. Pedro, por exemplo, classifica as cartas de Paulo como parte das "outras Escrituras" do Antigo Testamento (2Pe 3.16). Em 1Timóteo 5.16, Paulo cita o evangelho de Lucas (10.7), referindo-se a ele como "Escritura". Tal fato é mais significativo ainda quando consideramos que nem Lucas, nem Paulo fizeram parte do grupo dos doze apóstolos. Visto que as cartas de Paulo e os escritos de Lucas (Lucas e Atos; v. At 1.1, Lc 1.1-4) foram classificados como Escritura Sagrada, por implicação direta o resto do Novo Testamento, escrito pelos apóstolos, também é considerado Escritura Sagrada. Em suma, se "toda Escritura é divinamente inspirada" e o Novo Testamento é considerado Escritura, decorre disso claramente que o Novo Testamento é encarado com a mesma autoridade do Antigo. Na verdade, é exatamente assim que os cristãos, desde o tempo dos apóstolos, têm considerado o Novo Testamento. Eles o consideravam com a mesma autoridade do Antigo Testamento.
Além disso, de acordo com 2Pedro 1.20,21, todas as mensagens escritas de natureza profética foram dadas ou inspiradas por Deus. E, visto que o Novo Testamento reivindica a natureza de mensagem profética, segue-se que ele também reclama autoridade igual à dos escritos proféticos do Antigo Testamento. João, por exemplo, refere-se ao livro do Apocalipse da seguinte forma: "palavras da profecia deste livro" (Ap 22.18). Paulo afirmou que a igreja estava edificada sobre o alicerce dos apóstolos e profetas do Novo Testamento (Ef 2.20; 3.5). Visto que o Novo Testamento, à semelhança do Antigo, é um texto dos profetas de Deus, ele possui por essa razão a mesma autoridade dos textos inspirados do Antigo Testamento.

A inspiração abarca uma variedade de fontes e de gêneros literáriosO fato de a inspiração ser verbal, ou escrita, não exclui o uso de documentos literários e de gêneros literários diferentes entre si. As Escrituras Sagradas não foram ditadas palavra por palavra, no sentido comum que se atribui ao verbo ditar. Na verdade, há certos trechos menores da Bíblia, como, por exemplo, os Dez Mandamentos, que Deus outorgou diretamente ao homem (v. Dt 4.10), mas em parte alguma está escrito ou fica implícito que a Bíblia é resultante de um ditado palavra por palavra. Os autores das Sagradas Escrituras eram escritores e compositores, não meros secretários, amanuenses ou estenógrafos.
Há vários fatores que contribuíram para a formação das Escrituras Sagradas e dão forte apoio a essa afirmativa. Em primeiro lugar, existe uma diferença marcante de vocabulário e de estilo de um escritor para outro. Comparem-se as poderosas expressões literárias de Isaías com os tons lamurientos de Jeremias. Compare-se a construção literária de suma complexidade, encontrada em Hebreus, com o estilo simples de João. Distinguimos facilmente a linguagem técnica de Lucas, o médico amado, da linguagem de Tiago, formada de imagens pastorais.
Em segundo lugar, a Bíblia faz uso de documentos não-bíblicos, como o Livro de Jasar (Js 10.13; 2Sm 1.18), o livro de Enoque (Jd 14) e até o poeta Epimênedes (At 17.28). Somos informados de que muitos dos provérbios de Salomão haviam sido editados pelos homens de Ezequias (Pv 25.1). Lucas reconhece o uso de muitas fontes escritas sobre a vida de Jesus, na composição de seu próprio evangelho (Lc 1.1-4).
Em terceiro lugar, os autores bíblicos empregavam vasta variedade de gêneros literários; tal fato não caracteriza um ditado monótono em que as palavras são pronunciadas uma após a outra, segundo o mesmo padrão. Grande parte das Escrituras é formada de poesia (e.g., Jó, Salmos, Provérbios). Os evangelhos contêm muitas parábolas. Jesus empregava a sátira (v. Mt 19.24), Paulo usava alegorias (Gl 4) e até hipérboles (Cl 1.23), ao passo que Tiago gostava de usar metáforas e símiles.
Por fim, a Bíblia usa a linguagem simples do senso comum, do dia-a-dia, que salienta a ocorrência de um acontecimento, não a linguagem de fundamento científico. Isso não significa que os autores usassem linguagem anticientífica ou negadora da ciência, e sim linguagem popular para descrever fenômenos científicos. Não é mais anticientífico afirmar que o sol permaneceu parado (Js 10.12) do que dizer que o sol nasceu ou subiu (Js 1.15). Dizer que a rainha de Sabá veio "dos confins da terra" ou que as pessoas no Pentecostes vieram "de todas as nações debaixo do céu" não é dizer coisas com exatidão científica. Os autores usaram formas comuns, gramaticais de expressar seu pensamento sobre os assuntos

Inspiração pressupõe inerrância. A Bíblia não só é inspirada; é também, por causa de sua inspiração, inerrante, i.e., não contém erro. Tudo quanto Deus declara é verdade isenta de erro. Com efeito, as Escrituras afirmam ser a declaração (aliás, as próprias palavras) de Deus. Nada do que a Bíblia ensina contém erro, visto que a inerrância é conseqüência lógica da inspiração divinaDeus não pode mentir (Hb 6.18); sua Palavra é a verdade (Jo 17.17). Por isso, seja qual for o assunto sobre o qual a Bíblia diga alguma coisa, ela só dirá a verdade. Não existem erros históricos nem científicos nos ensinos das Escrituras. Tudo quanto a Bíblia ensina vem de Deus e, por isso, não tem a mácula do erro.
Não é possível refugir às implicações da inerrância factual com a declaração de que a Bíblia nada tem para dizer a respeito de assuntos factuais ou históricos. Grande parte da Bíblia apresenta-se como história. Bastam as tediosas genealogias para atestar essa realidade. Alguns dos maiores ensinos da Bíblia, como a criação, o nascimento virginal de Cristo, a crucificação e a ressurreição corpórea, claramente pressupõem matérias factuais. Não existem meios de "espiritualizar" a natureza factual e histórica dessas verdades bíblicas, sem praticar violência terrível contra a análise honesta do texto, da perspectiva cultural e gramatical.
A Bíblia não é um compêndio de Ciências, mas, quando trata de assuntos científicos em seu ensino, o faz sem cometer erro. A Bíblia não é um compêndio de História, mas, sempre que a história secular se cruza com a história sagrada em suas páginas, a Bíblia faz referência a ela sem cometer erro. Se a Bíblia não fosse inerrante e não estivesse certa nas questões factuais, empíricas, comprováveis, de que maneira seria possível confiar nela em questões espirituais, não sujeitas a testes? Como disse Jesus a Nicodemos: "Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (Jo 3.12).

d-A promessa de Cristo a respeito da inspiração

Jesus nunca escreveu um livro. No entanto, endossou a autoridade do Antigo Testamento (v. cap. 3) e a promessa de inspiração para o Novo Testamento. Em várias ocasiões, o Senhor prometeu a concessão de autoridade divina para o testemunho apostólico dele mesmo.
A comissão dos Doze. Quando o Senhor enviou seus discípulos para pregarem o reino dos céus (Mt 10.7), ele lhes prometeu a direção do Espírito Santo. "Naquela mesma hora vos será concedido o que haveis de dizer, pois não sois vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós" (Mt 10.19,20; cf. Lc 12.11,12).A proclamação que os apóstolos fizessem de Cristo teria origem no Espírito de Deus.
O envio dos setenta. A promessa da unção divina não se limitava aos Doze. Quando Jesus enviou os setenta, para que pregassem "o reino de Deus" (Lc 10.9), ordenou-lhes: "Quem vos ouve, a mim me ouve; quem vos rejeita, a mim me rejeita..." (Lc 10.16). Eles voltaram reconhecendo a autoridade de Deus até mesmo sobre Satanás em seu ministério (Lc 10.17-19).
O sermão do monte das Oliveiras. Em seu sermão no monte das Oliveiras, Jesus reafirmou sua promessa antiga aos discípulos: "... não vos preocupeis com o que haveis de dizer. O que vos for dado naquela hora, isso falai, pois não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo" (Mc 13.11). As palavras que pronunciassem viriam de Deus, mediante o Espírito; não viriam deles mesmos.
Os ensinos durante a última ceia. A promessa da orientação do Espírito Santo ficaria mais claramente definida por ocasião da última ceia. Jesus lhes prometeu: "Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (Jo 14.26). Eis por que Jesus não escreveu seus ensinos. O Espírito daria nova vida à memória dos discípulos que os aprenderam; seriam orientados pelo Espírito em tudo quanto o Senhor lhes havia ensinado. De fato, disse Jesus: "Quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade" (Jo 16.13). "Toda a verdade" ou "todas as coisas" que Cristo ensinara seriam relembradas aos discípulos pelo Espírito. O ensino apostólico seria inspirado pelo Espírito de Deus.
A Grande Comissão. Quando Jesus enviou seus discípulos — "... ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado" (Mt 28.19,20) — , fez-lhes a promessa também de que teriam toda a autoridade nos céus e na terra para realizar a tarefa. A palavra dos discípulos seria a Palavra de Deus.

e-A promessa de Cristo reivindicada pelos discípulos

Os discípulos de Cristo não se esqueceram da promessa do Senhor. Eles pediram-lhe que seu ensino tivesse exatamente o que Jesus lhes havia prometido: a autoridade de Deus. E eles o fizeram de várias maneiras: dedicando-se ao que sabiam ser a continuação do ministério de ensino de Cristo, crendo fervorosamente que seus ensinos teriam a mesma autoridade e poder do Antigo Testamento e afirmando de modo específico em seus escritos que eles tinham a autoridade de Deus.
A afirmação de estarem dando prosseguimento ao ensino de Cristo. Lucas afirma ter apresentado um relato exato de "tudo o que Jesus começou não só a fazer, mas também a ensinar" em seu evangelho. Ele dá a entender que Atos registra o que Jesus continuou a fazer e a ensinar mediante seus apóstolos (At 1.1; cf. Lc 1.3,4). Na realidade, segundo consta, a primeira igreja se caracterizava pela devoção ao "ensino dos apóstolos" (At 2.42). Até mesmo os ensinos de Paulo, que se baseavam nas revelações diretas de Deus (Gl 1.11,12), estavam sujeitos à aprovação dos apóstolos (At 15). A própria igreja do Novo Testamento, como se sabe, foi edificada "sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [do Novo Testamento]" (Ef 2.20; cf. 3.5).
É verdade que as declarações orais dos apóstolos que viviam na época tinham a mesma autoridade de seus escritos (1Ts 2.15), e também e verdade que os livros do Novo Testamento são o único registro autêntico do ensino apostólico de que dispomos hoje. A restrição de que todo membro dos doze apóstolos deve ser testemunha ocular do ministério e da ressurreição de Jesus Cristo (At 1.21,22) elimina a sucessão apostólica que não passaria do século I. E o fato de não existir ensino apostólico autêntico além do encontrado no Novo Testamento limita tudo quanto os apóstolos ensinaram ao que se encontra no Novo Testamento, i.e., aos seus 27 livros. Ao lado do Antigo Testamento, esses livros são considerados inspirados, dotados de autoridade divina, visto que só eles são verdadeiramente apostólicos ou proféticos 
Em suma, Cristo prometeu que todo o ensino apostólico seria dirigido pelo Espírito. Os livros do Novo Testamento são o único registro autêntico que temos do ensino apostólico. Daí decorre que só o Novo Testamento pode reivindicar para si o título de registro autorizado dos ensinos de Cristo.

Comparação entre o Novo e o Antigo Testamento. A promessa de Cristo de que inspiraria os ensinos dos apóstolos e o cumprimento de tal promessa nos escritos do Novo Testamento não são os únicos indícios de sua inspiração. Outro indício é sua comparação direta com o Antigo Testamento. Paulo reconhecia claramente a inspiração do Antigo Testamento (2Tm 3,16), ao chamá-lo "Escrituras". Pedro classificou as cartas de Paulo ao lado das demais "Escrituras" (2Pe 3.16). E Paulo menciona o evangelho de Lucas, chamando-o "Escritura" (1Tm 5.18, citando Lc 10.7). Na verdade, em outra passagem o apóstolo atribui a seus próprios escritos a mesma autoridade das "Escrituras" (l1m 4.11,13).
O livro de Hebreus declara que o Deus que falou em tempos antigos, mediante os profetas, nestes últimos dias tem falado da salvação por seu Filho (Hb 1.2). E prossegue o autor, afirmando: "... tão grande salvação [...] a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos [apóstolos] que a ouviram" (Hb 2.3). Os apóstolos foram o canal da verdade de Deus no Novo Testamento, assim como os profetas no Antigo. Portanto, não é de estranhar que os livros apostólicos sejam colocados no mesmo nível de autoridade dos livros inspirados do Antigo Testamento. São todos proféticos.
De fato, Pedro escreveu que os escritos proféticos advieram mediante inspiração divina (2Pe 1.21), e os escritos do Novo Testamento reivindicam claramente a condição de proféticos. João chama a seu livro profecia e se classifica entre os profetas (Ap 22.18,19). Os profetas do Novo Testamento estão na lista, junto com os apóstolos, dos alicerces da igreja (Ef 2.20). É provável que Paulo também tivesse seus próprios escritos em mente quando falou a respeito da "revelação do mistério que desde os tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e foi dado a conhecer pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé..." (Rm 16.25,26). Paulo afirma em Efésios 3.3,5 que "o mistério [...] me foi manifestado pela revelação, como acima em poucas palavras vos escrevi. [...] o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora [nos tempos do Novo Testamento] foi revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas [do Novo Testamento]" (cf. Ef 2.20). Assim é que os escritos proféticos do Novo Testamento revelam o mistério de Cristo predito nos escritos proféticos do Antigo Testamento. A semelhança do Antigo, o Novo Testamento é uma declaração profética da parte de Deus.

Reivindicação direta de inspiração nos livros do Novo TestamentoNo próprio texto dos livros do Novo Testamento há numerosos indícios de sua autoridade divina. São eles explícitos e implícitos. Os evangelhos apresentam-se como registros autorizados do cumprimento das profecias do Antigo Testamento a respeito de Cristo (cf. Mt 1.22; 2.15,17; Mc 1.2). Lucas escreveu a fim de o leitor poder saber a verdade acerca de Cristo, "fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra" (Lc 1.1,2), João escreveu seu evangelho para que os homens cressem: " ... para creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais Vida em seu nome" (Jo 20.31). E o apóstolo acrescenta que seu testemunho é verdadeiro (Jo 21.24).
O livro chamado Atos dos Apóstolos, também escrito por Lucas, apresenta-se como registro autorizado do que Jesus continuou a fazer e a ensinar mediante seus apóstolos (At 1.1). Isso foi visto também como cumprimento de profecia do Antigo Testamento (cf. At 2 e Jl 2). Visto que Paulo citou o evangelho de Lucas como "Escritura" (1Tm 5.18), torna-se evidente que tanto o apóstolo como Lucas consideravam a continuação do relato evangelístico, i.e., o livro de Atos, texto autorizado e também inspirado por Deus.
Todas as cartas de Paulo, de Romanos até Filemom, reivindicam inspiração divina. Em Romanos, Paulo comprova sua vocação divina para o apostolado (Rm 1.1-3). O apóstolo encerra sua carta com a afirmação de que se trata de texto profético (Rm 16.26). Paulo no final de 1Coríntios diz: "As coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor" (1Co 14.37). Ele inicia 2Coríntios repetindo a afirmação de que é apóstolo genuíno (Co 1.1,2). Nessa carta ele defende seu apostolado de modo mais completo do que em qualquer outra carta do Novo Testamento (2Co 10-13). Gálatas nos apresenta a mais forte defesa que Paulo faz de suas credenciais divinas. Ao falar da revelação feita a ele do evangelho da graça, ele escreveu: "Não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação Jesus Cristo" (Gl 1.12). Em Efésios, o apóstolo declara também: "... o mistério que me foi manifestado pela revelação, como acima em poucas palavras vos escrevi..." (Ef 3.3). Em Filipenses, Paulo admoesta os crentes duas vezes a que sigam o padrão apostólico de vida (Fp 3.17; 4.9). Em Colossenses, assim como em Efésios, Paulo sustenta que seu ofício de apóstolo lhe foi dado diretamente por Deus, "para cumprir a palavra de Deus" (Cl 1.25). A Primeira Carta aos Tessalonicenses encerra-se com esta admoestação: "Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos" (1Ts 5.27). Anteriormente, o apóstolo havia lembrado a esses irmãos: "... havendo recebido de nós a palavra da pregação Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus..." (1Ts 2.13). A Segunda Carta aos Tessalonicenses também termina com uma exortação: "... se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos associeis com ele, para que se envergonhe" (2Ts 3.14). A respeito da mensagem de 1Timóteo, o apóstolo escreveu: "Manda estas coisas e ensina-as. [...] Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá" (1Tm 4.11,13). Nesse texto, Paulo coloca sua própria carta no mesmo nível do Antigo Testamento. Sua carta e o Antigo Testamento deveriam ser lidos nas igrejas, por terem a mesma autoridade divina (cf. Cl 4.16). A segunda carta a Timóteo contém a passagem clássica sobre a inspiração divina das Escrituras (2Tm 3.16) e a exortação para que os crentes sigam o padrão das palavras sadias que receberam de Paulo (2Tm 1.13). "Conjuro-te, pois, diante de Deus e de Cristo Jesus...", escreveu o apóstolo, "prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo..." (2Tm 4.1,2). De maneira semelhante, Paulo ordenou a Ti to: "Fala estas coisas, exorta e repreende com toda a autoridade" (Tt 2.15). Embora o tom da carta a Filemom seja intercessório, Paulo deixa bem claro que ele poderia ordenar tudo que ali está pedindo por amor (Fm 8).
Hebreus 2.3,4 deixa bem evidente que este livro — seja quem for o autor— baseia-se na autoridade de Deus outorgada aos apóstolos e às testemunhas oculares de Cristo. Os leitores são admoestados a que se lembrem de seus líderes, aqueles que "vos falaram a palavra de Deus" (Hb 13.7). E a seguir o autor continua a admoestar: "Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis esta palavra de exortação, pois vos escrevi resumidamente (Hb 13.22). Tiago, irmão do Senhor Jesus (Gl 1.19) e líder da igreja de Jerusalém (At 15.13), escreve com autoridade apostólica às doze tribos da Dispersão (Tg 1.1). A Primeira Carta de Pedro afirma ser proveniente do "apóstolo de Jesus Cristo" (1Pe 1.1) e contém admoestações tipicamente apostólicas (1Pe 5.1,12). A Segunda Carta de Pedro originou-se de "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo", lembrando aos leitores que o "mandamento do Senhor e Salvador, dado mediante os vossos apóstolos" tem a mesma autoridade das predições dos profetas do Antigo Testamento (2Pe 3.2). A Primeira Carta de João é de alguém que ouviu, viu, contemplou a Cristo e lhe tocou com as mãos (1Jo 1.1). Nesta carta, o apóstolo João apresenta o modo de verificar a verdade e o erro (1Jo 4.1,2), afirma que a comunidade apostólica é proveniente de Deus (1Jo 2.19) e escreve a fim de confirmar a fé dos verdadeiros crentes (1Jo 5.13). A Segunda e a Terceira Carta são do mesmo apóstolo, João, tendo, portanto, a mesma autoridade (cf. 2Jo 5.7; 3Jo 9.12). Judas escreveu um texto sobre "a salvação que nos é comum", em defesa da fé "que de uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3). A "revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu" (Ap 1.1), descreve a origem do último livro do Novo Testamento. "Eu, João", escreve o apóstolo,"[...] estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus [...] no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia..." (Ap 1.10,11). Nenhum outro livro da Bíblia traz declaração mais visível de sua inspiração da parte de Deus do que o Apocalipse. A advertência para que não se profanem suas palavras tem o apoio de uma ameaça de julgamento divino das mais fortes nas Escrituras. Trata-se de confirmação muito pertinente à vindicação de que todo o Novo mento é Palavra inspirada de Deus, em pé de igualdade com o Antigo Testamento.


f-Os três elementos da inspiração. 

O primeiro elemento da inspiração é a sua causa: Deus, que a origina. Deus é a Força Primordial que moveu profetas e apóstolos a escrever. A motivação primária por trás dos escritos inspirados é o desejo de Deus de comunicar-se com o ser humano. O segundo fator é a mediação humana. A Palavra de Deus nos veio por meio de homens de Deus. Deus faz uso da pessoa humana como instrumento para transmitir sua mensagem. Por último, a mensagem profética escrita foi revestida de autoridade divina. As palavras dos profetas são a Palavra de Deus.

As características dos escritos inspirados. A primeira característica da inspiração fica implícita no fato de que se trata de escrito inspirado, ou seja, é inspiração verbal. As próprias palavras dos profetas foram dadas por, Deus mesmo, não ditadas, mas pelo emprego do vocabulário e do estilo dos próprios profetas, dirigidos pelo Espírito. A inspiração afirma ainda ser plenária (total, completa). Nenhum trecho das Escrituras foge ao alcance da inspiração divina. Assim escreveu Paulo: "Toda Escritura é divinamente inspirada". Além disso, a inspiração implica a inerrância dos ensinos dos documentos originais (chamados autógrafos). Tudo quanto Deus proferiu é verdadeiro e isento de erro, e a Bíblia é tida como enunciação de Deus. Por fim, a inspiração resulta na autoridade divina de que se revestem as Escrituras. O ensino da Bíblia se impõe ao crente no que tange à sua fé e prática.

G)A reivindicação da Bíblia quanto à sua inspiração

A reivindicação da inspiração do Antigo Testamento. O Antigo Testamento afirma ser um documento com mensagem profética. A expressão muito comum "assim diz o Senhor" enche suas páginas. Os falsos profetas e suas obras foram excluídos da casa do Senhor. As profecias que comprovadamente provinham de Deus foram preservadas em lugar especial, sagrado. Essa coleção de escritos sagrados que ia aumentando foi reconhecida e muito citada como Palavra de Deus.
Jesus e os autores do Novo Testamento tinham esses escritos na mais conta; para eles, não podiam ser revogados por serem a própria Palavra de Deus, cheia de autoridade e de inspiração. Mediante numerosas idas ao Antigo Testamento como um todo, a suas seções básicas e lamente cada um de seus livros, os autores do Novo Testamento atestaram com toda a força e convicção a certeza da inspiração divina que se reveste o Antigo Testamento.
A reivindicação da inspiração do Novo Testamento. Os escritos apostólicos ousadamente aludidos da mesma forma autorizada por que se caraterizava o Antigo Testamento como Palavra de Deus. Eram chamados "Escrituras", "profecia" etc. Cada livro do Novo Testamento contém reivindicação de autoridade divina. A igreja do período neotestamentário fazia circular, lia, colecionava e mencionava os livros do Novo Testamento, ao lado das Escrituras inspiradas do Antigo Testamento
Os da era apostólica e os que de imediato lhe sucederam reconheciam a origem divina dos escritos do Novo Testamento, ao lado da autoridade fina do Antigo Testamento. Salvo casos de heréticos, todos os grandes pais da igreja cristã, desde os tempos mais remotos, creram na inspiração divina do Novo Testamento, e assim a ensinaram. Em suma, sempre houve uma reivindicação contínua e firme da inspiração do Antigo e do Novo Testamento, desde o tempo de sua composição até o presente momento. Nos tempos modernos, essa reivindicação vem sendo seriamente desafiada por muitos estudiosos dentro e fora da igreja. Esse desafio mostra a necessidade de fundamentarmos a reivindicação de inspiração da Bíblia.
  A evidência do testemunho de Cristo. O testemunho de Cristo é evidência relacionada à da historicidade dos documentos bíblicos. Visto que o Novo Testamento é documentado como livro histórico e esses mesmos documentos históricos nos fornecem o ensino de Cristo a respeito da inspiração da Bíblia, resta-nos apenas presumir a veracidade de Cristo, para convencer-nos firmemente da inspiração da Bíblia. Se Jesus Cristo possui alguma autoridade ou integridade como mestre religioso, podemos concluir que a Bíblia é inspirada por Deus. O Senhor Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Se alguém quiser provar ser essa assertiva falsa, deverá primeiro rejeitar a autoridade que tinha Jesus de se pronunciar sobre a questão da inspiração.
As evidências escriturísticas revelam irrefutavelmente que Jesus confirmou a autoridade divina da Bíblia (Ver acima). O texto do evangelho como um todo, com amplo apoio histórico revela que Jesus era homem de integridade e de verdade. O argumento portanto, é este: se o que Jesus ensinou é a verdade, e Jesus ensinou que a Bíblia é inspirada, segue-se que é verdade que a Bíblia é inspirada por Deus.

H-Ortodoxia: a Bíblia é a Palavra de Deus

Por cerca de 18 séculos de história da igreja, prevaleceu a opinião ortodoxa da inspiração divina. Os pais da igreja, em geral, com raras manifestações menos importantes em contrário, ensinaram firmemente que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Teólogos ortodoxos ao longo dos séculos vêm ensinando, todos de comum acordo, que a Bíblia foi inspirada verbalmente, i.e., é o registro escrito por inspiração de Deus. No entanto, tem havido tentativas de procurar explicação para o fato de o registro escrito ser a Palavra de Deus ao mesmo tempo que o Livro obviamente foi composto por autores humanos, dotados de estilos pessoais diferentes uns dos outros; essas tentativas conduziram os estudiosos ortodoxos a duas opiniões divergentes. Alguns abraçaram a idéia do "ditado verbal", afirmando que os autores humanos da Bíblia registraram apenas o que Deus lhes havia ditado, palavra por palavra. De outro lado, estão os estudiosos que preferiam a teoria do "conceito inspirado", segundo a qual Deus só concedeu aos autores pensamentos inspirados, e os autores tiveram liberdade de revesti-los com palavras próprias.
Ditado verbal. Na obra de John R. Rice, Our God-breathed book — the Bible [Nosso livro soprado por Deus — a Bíblia),[1] encontramos uma apresentação clara e bem ordenada do ditado verbal. O autor descarta a idéia de que o ditado verbal seja mecânico, sustentando que Deus ditou sua Palavra mediante a personalidade do autor humano. É que Deus, por sua atuação especial e providência, foi quem formou as personalidades sobre as quais posteriormente o Espírito Santo haveria de soprar seu ditado palavra por palavra. Assim, argumenta Rice, Deus havia preparado de antemão os estilos particulares que ele próprio desejava, a fim de produzir as palavras exatas, ao usar estilos e vocabulários predeterminados, encontráveis nos diferentes autores humanos.
.O resultado final, então, foi um ditado palavra por palavra da parte de Deus, as Escrituras Sagradas.
Conceitos inspirados. Em sua Systematic theology [Teologia sistemática], A. H. Strong apresenta uma visão que vem sendo denominada inspiração conceitual.[2] Deus teria inspirado apenas os conceitos, não as expressões literárias particulares com que cada autor concebeu seus textos. Deus teria dado seus pensamentos aos profetas, que tiveram toda a liberdade de exprimi-los em seus termos humanos. Dessa maneira, Strong esperava evitar quaisquer implicações mecanicistas derivadas do ditado verbal e ainda preservar a origem divina das Escrituras. Deus concedeu a inspiração conceitual, e os homens de Deus forneceram a expressão verbal característica de seus estilos próprios.

I-Modernismo: a Bíblia contêm a Palavra de Deus

Ao surgir o idealismo germânico e a crítica da Bíblia (v. cap. 14), surgiu também uma nova visão evoluída da inspiração bíblica, a par do modernismo ou liberalismo teológico. Opondo-se à opinião ortodoxa tradicional de que a Bíblia é a Palavra de Deus, os modernistas ensinam que a Bíblia meramente contém a Palavra de Deus. Certas partes dela são divinas, expressam a verdade, mas outras são obviamente humanas e apresentam erros. Tais autores acham que a Bíblia foi vítima de sua época, exatamente como acontece a quaisquer outros livros. Afirmam que ela teria incorporado muito das lendas, dos mitos e das falsas crenças relacionadas à ciência. Sustentam então que, pelo fato de esses elementos não terem sido inspirados por Deus, devem ser rejeitados pelos homens iluminados de hoje; tais erros seriam resquícios de uma mentalidade primitiva indigna de fazer parte do credo cristão. Só as verdades divinas, entremeadas nessa mistura de ignorância antiga e erro grosseiro, é que de facto teriam sido inspiradas por Deus.
O Conceito da iluminação. Defendem alguns estudiosos que as "partes inspiradas" da Bíblia resultam de uma espécie de iluminação divina, Mediante a qual Deus teria concedido uma profunda percepção religiosa a alguns homens piedosos. Tais percepções teriam sido usufruídas com diferentes gradações de compreensão, tendo sido registradas com mistura de idéias religiosas errôneas e crendices da ciência, comuns naqueles dias. Daí resultaria um livro, a Bíblia, que expressa vários graus de inspiração, dependendo da profundidade da iluminação religiosa experimentada por qualquer dos autores.
O conceito da intuição. Na outra extremidade da visão modernista estão os estudiosos que negam totalmente a existência de algum elemento divinos na composição da Bíblia. Para eles a Bíblia não passa de um caderno de rascunho em que os judeus registravam suas lendas, histórias, poemas etc., sem nenhum valor histórico.[1] O que alguns denominam inspiração divina não seria outra coisa senão intensa intuição humana. Dentro desse folclore judaico a que se deu o nome de Bíblia, encontram-se alguns exemplos significativos de elevada moral e de gênio religioso. Todavia, essas percepções espirituais são puramente naturalistas. Em absolutamente nada, passam de intuição humana; não existiria inspiração sobrenatural, tampouco iluminação.

J-Neo-Ortodoxia: a Bíblia torna-se a Palavra de Deus

No início do século xx, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a influência do pai dinamarquês do existencialismo, Soren Kierkegaard, deram origem a uma nova reforma na teologia européia. Muitos estudiosos começaram a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de Deus. Sem abrir mão de suas opiniões críticas a respeito da Bíblia, começaram a levar a Bíblia a sério, por ser a fonte da revelação de Deus aos homens. Criando um novo tipo de ortodoxia, afirmavam que Deus fala aos homens mediante a Bíblia; as Escrituras tornam-se a Palavra de Deus num encontro pessoal entre Deus e o homem.
À semelhança das outras teorias a respeito da inspiração da Bíblia, a neo-ortodoxia desenvolveu duas correntes.
Na extremidade mais importante estavam os demitizadores, que negam todo e qualquer conteúdo religioso importante, factual ou histórico, nas páginas da Bíblia, e crêem apenas na preocupação religiosa existencial sobre a qual medram os mitos. Na outra extremidade, os pensadores de tendência mais evangélica tentam preservar a maior parte dos dados factuais e históricos das Escrituras, mas sustentam que a Bíblia de modo algum é revelação de Deus. Antes, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não, porém, de maneira proposicional.
Visão demitizante. Rudolf Bultmann e Shubert Ogden são representantes característicos da visão demitizante. Ambos diferem entre si, uma vez que Ogden não vê nenhum cerne histórico que dê consistência aos mitos da Bíblia, embora Bultmann consiga enxergar isso. Ambos concordam em que a Bíblia foi escrita em linguagem mitológica, a da época de seus autores, época já passada e obsoleta. A tarefa do cristão moderno é demitizar a Bíblia, ou seja, despi-la de seus trajes lendários, mitológicos, e descobrir o conhecimento existencial a ela subjacente. Afirma Bultmann que, a partir do momento que a Bíblia é despida desses mitos religiosos, a pessoa encontra a verdadeira mensagem do amor sacrificial de Deus em Cristo. Não é necessário que a pessoa se prenda a uma revelação objetiva, histórica e proposicional, a fim de experimentar essa verdade pessoal e subjetiva. Daí decorre que a Bíblia torna-se a revelação de Deus aos homens, mediante uma interpretação adequada (i.e., demitizada), quando a pessoa depara com o amor absoluto, exposto no mito do amor altruísta de Deus em Cristo. Por isso, a Bíblia em si mesma não é revelação alguma; é apenas uma expressão primitiva, mitológica, mediante a qual Deus se revela pessoalmente, desde que demitizado da maneira correta.
Encontro pessoal. A outra corrente da neo-ortodoxia, representada por Karl Barth e Emil Brunner, nutre uma visão mais ortodoxa das Escrituras. Barth reconhece que existem algumas imperfeições no registro escrito (até mesmo nos autógrafos) e, no entanto, afirma que a Bíblia é a fonte da revelação de Deus.[2] Afirma ele que Deus nos fala mediante a Bíblia-que ela é o veículo de sua revelação. Assim como um cão ouve a voz de seu dono, gravada de modo imperfeito na gravação de uma fita ou disco, assim também o cristão pode ouvir a voz de Deus que ressoa nas Escrituras. Afirma Brunner que a revelação de Deus não é proposicional (i.e., feita por meio de palavras).[3] Assim, a Bíblia, como se nos apresenta deixa de ser uma revelação de Deus, passando a ser mero registro da revelação pessoal de Deus aos homens de Deus em eras passadas. Todavia, sempre que o homem moderno se encontra com Deus, mediante as Escrituras Sagradas, a Bíblia torna-se a Palavra de Deus para nós. Em contraposição à visão ortodoxa, para os teólogos neo-ortodoxos a Bíblia não seria um registro inspirado. Antes, é um registro imperfeito, que apesar dessa mesma imperfeição, constitui o testemunho singular da revelação de Deus. Quando Deus surge no registro escrito, de maneira pessoal, a fim de falar ao leitor, a Bíblia nesse momento torna-se a Palavra de Deus para esse leitor.

[1] Henrik W. van Loon, Story of the Bible, Garden City, Garden City, 1941, p. 227
[2] Doctrine of the Word of God, Naperville, Allenson, 1956, v. 1 (Church dogmatics), p.592-5.
[3] Theology of crisis New York, Scribner, 1929, p, 41


K-Citações de versículos do Novo Testamento pelos pais da igreja

Não só os pais primitivos da igreja citaram os 27 livros do Novo Testamento, mas citaram quase todos os versículos de todos os 27 livros. Cinco pais, de Irineu a Eusébio, fizeram quase 36 000 citações do Novo Testamento.[1] Sir David Dalrymple dizia ter encontrado entre as citações dos séculos II e III "todo o Novo Testamento, exceto onze versículos". Não sabemos da existência de outro livro do mundo antigo que exista in totó dessa forma: espalhados por milhares de citações individualizadas e selecionadas. O fato espantoso é que o Novo Testamento poderia ser reconstituído simplesmente a partir das citações feitas ao longo de duzentos anos após ter sido redigido.



[1] Norman L. Geisler & William E. Nix, A general introduction to the Bible, Chicago, Moody, 1986, p.357.

            Além de 5600 manuscritos gregos, existem ainda cerca de dois mil manuscritos de lecionários que apóiam o texto do Novo Testamento. Além do apoio literário de documentos não-bíblicos que se encontra nos papiros, há numerosos documentos sob a forma de óstracos e de inscrições com citações bíblicas. Bastariam as citações bíblicas feitas pelos pais primitivos da igreja para que praticamente todo o Novo Testamento estivesse preservado.

L)Manuscritos originais e cópias- história  As cópias dos autógrafos (até 150). Durante a segunda metade do século I, os livros do Novo Testamento eram escritos sob a direção do Espírito Santo, sendo, portanto, inerrantes. Não há dúvida, porém, de que as cópias desses autógrafos, feitas em papiro, vieram a perder-se com o tempo. Mas antes de perecer focam providencialmente recopiadas, e circularam pelas igrejas. As primeiras cópias foram feitas ao redor de 95 d.C, logo depois de os originais terem sido produzidos. Tais cópias também eram feitas em rolos de papiro; mais tarde, haveriam de ser recopiadas em códices de papiro; mais tarde, seriam usados velinos e pergaminhos. Poucas dessas cópias chegaram até nós, se é que realmente chegaram.
Conquanto houvesse muitas cópias dos autógrafos, no início nem todas tinham a mesma boa qualidade, visto que, tão logo começaram a ser feitas, erros e lapsos de escrita foram-se imiscuindo. A qualidade de uma cópia dependia da capacidade do escriba. As cópias de grande exatidão eram muito caras, por serem trabalho de escribas profissionais. Alguns escribas menos categorizados faziam cópias inferiores, ainda que o baixo custo permitisse uma distribuição mais ampla. Algumas cópias tinha péssima qualidade, por serem feitas por pessoas sem qualificação profissional, para uso de indivíduos ou grupos especiais.
As cópias das cópias (150-325). Quando o período apostólico estava chegando ao fim, as perseguições contra a igreja foram-se tornando cada vez mais generalizadas. Perseguições esporádicas culminaram em duas perseguições imperiais sob o comando dos imperadores Décio e Diocleciano. Os cristãos, além de terem de enfrentar intensa perseguição, sofrendo até mesmo a morte, freqüentemente viam suas Escrituras Sagradas confiscadas e destruídas. Em decorrência dessa destruição, havia o perigo de as Escrituras se perderem, ficando a igreja sem seu Livro Sagrado. Por isso, os cristãos costumavam fazer cópias de quaisquer manuscritos que possuíssem, com a maior rapidez possível. Visto que os escribas corriam o perigo de ser perseguidos, caso fossem apanhados, as Escrituras freqüentemente eram copiadas por "amadores", e não por "profissionais", i.e., pelos próprios membros da igreja. Numa situação como essa, era mais fácil os erros penetrarem no texto.
Enquanto isso, nesses mesmos anos, a igreja de Alexandria iniciara um trabalho pioneiro em sua área geográfica: comparava textos e os publicava. Isso, por volta de 200-250. O exemplo de iniciativa dessa igreja foi seguido em outras partes do Império, de modo que se criou um trabalho básico de crítica textual, quando se deu a perseguição do imperador Décio (249-251). Orígenes em Alexandria trabalhou em sua obra Héxapla, embora jamais viesse a ser publicada integralmente. Além desse trabalho a respeito do Antigo Testamento, ele escreveu comentários sobre o Novo Testamento, tornando-se uma espécie de crítico textual. Entre outros exemplos de trabalhos primitivos na área da crítica textual está Lucian recension, a obra de Julius Africanus sobre Susanna, e a de Teodoro de Mopsuéstia, Cântico dos cânticos, na região ao redor de Cesaréia. Esses críticos primitivos executaram uma espécie de seleção elementar e revisão dos documentos, mas suas obras não conseguiram deter a onda de criação casual, não-sistemática e em grande parte sem objetivo de textos paralelos, ou variantes do texto do Novo Testamento.
O período de padronização (325-1500)

Depois de a igreja ter-se libertado da ameaça de perseguição, logo após a promulgação do Edito de Milão (313), sua influência se fez sentir no processo de cópia dos manuscritos da Bíblia. Esse período ficou marcado pela introdução de códices de velino e de pergaminho e, no final do período, de livros feitos de papel. Durante esse período, os unciais gregos cederam lugar aos manuscritos minúsculos, i.e., obras impressas foram substituídas por outras escritas num tipo modificado de escrita cursiva. Ao longo desse período, as revisões críticas dos textos eram relativamente raras, exceto pelos esforços de estudiosos como Jerônimo (c. 340-420) e Alcuíno de Iorque (735-804). Todavia, o período especial entre 500 e 1000 testemunhou a obra massorética no texto do Antigo Testamento, de que resultou o Texto massorético.
Quando o imperador Constantino escreveu a Eusébio de Cesaréia, dando-lhe instruções para que providenciasse 50 exemplares das Escrituras Cristãs, iniciou-se um novo tempo na história do Novo Testamento. Foi o período da padronização do texto, quando o Novo Testamento começou a ser copiado com todo o cuidado e fidelidade, a partir dos manuscritos existentes. O texto de uma região particular era copiado por copistas dessa região. Quando Constantino transferiu a sede do Império para a cidade que levou seu próprio nome (Constantinopla), seria bem razoável supor que tal cidade haveria de dominar o mundo de fala grega, e que seus textos escriturísticos haveriam de tornar-se os textos predominantes para a igreja. Foi o que ocorreu, sobretudo tendo em mente o patrocínio do imperador, que mandou produzir cópias cuidadosas do texto do Novo Testamento.
Em decorrência do precedente criado por Constantino, grande número de manuscritos copiados com todo o cuidado foram produzidos ao longo da Idade Média; todavia, revisões oficiais, planejadas com o máximo cuidado, eram relativamente raras. Visto que assim se desenvolveu a padronização do texto, houve pouca necessidade de classificar, avaliar e criticar os primeiros manuscritos do Novo Testamento, O resultado foi que o texto bíblico permaneceu relativamente intocado por todo o período. Mais ou menos no fim dessa época tornou-se possível a total padronização do texto, havendo ilimitado número de exemplares mais ou menos idêntico»/ mediante a introdução de papel barato e da imprensa. Os exemplares da Bíblia impressos em papel tomaram-se mais abundantes depois do século XII. Por volta de 1454, Johann Gutenberg desenvolveu o sistema de tipos móveis para a imprensa, e assim abriu a porta para os esforços favoráveis a uma crítica mais cuidadosa do texto, durante a era da Reforma.
O período de cristalização (1500-1648)

No período da Reforma, o texto bíblico entrou no período de cristalização, assumindo a forma impressa em lugar da manuscrita. Envidaram-se esforços no sentido de se publicarem textos impressos da Bíblia com a maior precisão possível. Com freqüência esses textos eram publicados em vários línguas simultaneamente, incluindo títulos como a Poliglota complutense (1514-17), a Poliglota de Antuérpia (1569-72), a Poliglota de Paris (1629-45) e a Poliglota de Londres (1657-69). Publicou-se também nesse período (c. 1525) uma edição modelar do Texto massorético, sob a direção editorial de Jacob ben Chayyim, judeu-cristão; o texto se baseava em manuscritos que datavam do século XIV. O texto é essencialmente uma revisão do massoreta Ben Asher (fl. c. 920), tendo-se tornado a base de todas as cópias subseqüentes da Bíblia hebraica, tanto em forma de manuscrito como impressa. O trabalho que se fez no Novo Testamento foi mais variado e abrangente, em seu alcance, em conseqüência da invenção de Gutenberg.
O cardeal Francisco Ximenes de Cisneros (1437-1517), da Espanha, planejou a primeira edição impressa do Novo Testamento grego, que haveria de sair do prelo em 1502. Deveria constituir parte da Poliglota complutense, consistindo em textos em aramaico, em hebraico, em grego e em latim, publicada na cidade universitária de Alcalá (Complutum, em latim), depois do que a edição receberia esse nome, ao ser publicada ali em 1514 e em 1517. Conquanto fosse o primeiro Novo Testamento impresso, não foi o primeiro a ser colocado no mercado. O papa Leão x não; emitiu o imprimátur senão em março de 1520. Nunca se conseguiu apurar satisfatoriamente quais teriam sido os manuscritos gregos em que sei baseou a obra de Ximenes; e surgiram algumas questões a respeito das» declarações de Ximenes na dedicação.
Desidério Erasmo (c. 1466-1536), de Roterdã, estudioso e humanista holandês, teve a honra de editar o primeiro Novo Testamento grego que veio a público. Já em 1514, Erasmo havia tratado dessa obra com o impressor Johann Froben, da Basiléia. Erasmo viajou para a Basiléia em julho de 1515, a fim de procurar alguns manuscritos em grego, para que ficassem ao lado de lua própria tradução latina. Embora os manuscritos que ele encontrou precisassem de revisão, Erasmo prosseguiu em seu trabalho. Trabalhava depressa; sua primeira edição, publicada em março de 1516, continha numerosos erros, tanto de natureza tipográfica como mecânica. Bruce M. Metzger afirma em sua obra The text of the New Testament [O texto do Novo Testamento], que o texto de Erasmo, o qual posteriormente se tornaria a base do chamado Textus receptus, não se baseou em manuscritos primitivos, mas em textos que não passaram por uma revisão confiável; conseqüentemente, seus textos básicos não eram dignos de confiança.[1] Apropria receptividade dada à edição de Erasmo do Novo Testamento em grego teve natureza mista. Apesar disso, ao redor de 1519 tornou-se necessária nova edição. Essa segunda edição tornou-se a base da tradução que Lutero fez da Bíblia para o alemão, embora ele usasse apenas mais um manuscrito em seu trabalho. Outras edições surgiram em 1522, em 1527 e em 1535. Todas essas edições basearam-se no texto bizantino, continham trechos de manuscritos bem recentes e incluíam porções espúrias como 1João 5.7,8, bem como a tradução feita por Erasmo para o grego, a partir do texto latino, de alguns versículos do Apocalipse.
Roberto Estéfano, impressor da corte real em Paris, publicou o Novo Testamento grego em 1546, em 1549, em 1550 e em 1551. A terceira edição (1550) foi a primeira edição que continha um aparato crítico, ainda que fossem meros quinze manuscritos. Essa edição baseou-se na quarta edição de Erasmo, e foi a base do Textus receptus. Sendo publicada, essa terceira edição haveria de tornar-se o principal texto da Inglaterra. Em sua quarta edição, Estéfano divulgou sua conversão ao protestantismo e implantou a divisão do texto em versículos.
Teodoro Beza (1519-1605) foi o sucessor de João Calvino em Genebra. Beza publicou nove edições do Novo Testamento, após a morte de seu famoso predecessor, em 1564, e uma edição póstuma, a décima, veio a lume em 1611 .Amais saliente edição publicada por Beza surgiu em 1582, em que ele incluiu alguns textos do Códice Beza (d) e do Códice claromontano (d2). O fato de ele usar pouquíssimo esses manuscritos pode-se atribuir a que diferiam muito radicalmente dos textos de Erasmo e da Complutense. Isso resultou em que as edições do Novo Testamento grego de Beza estavam de acordo, em geral, com a edição de Estéfano, de!550. Sua influência está no fato de que tendia a popularizar e estereotipar o Textus receptus.
Os tradutores da versão do rei Tiago usaram a edição de Beza de 1588 a 1589.
Boaventura e Abraão Elzevír (1583-1652 e 1592-1652) produziram o texto recebido (Textus receptus). O texto de Estéfano divulgou-se por toda a Inglaterra, mas o de Boaventura e de Abraão tornou-se o mais popular do continente europeu. Tanto o tio quanto o sobrinho eram grandes empreendedores na área de publicações; a empresa deles em Leiden publicou sete edições do Novo Testamento entre 1624 e 1787. A edição de 1624 usou basicamente o texto da edição de Beza de 1565, e a segunda edição (1633) é a fonte do título dado a seu texto, como informa o prefácio: "Textum ergo habes, nunc ab omnibus receptum: in quo nihil immutatum aut corruptum damus".
Assim foi que do texto publicitário do editor tirou-se um termo atraente (textus receptus significa "texto recebido, aceito") para designar o texto grego que haviam captado das edições de Beza,, de Ximenes e de Estéfano. Esse texto é quase idêntico ao de Estéfano, que serviu de base para a tradução do rei Tiago. No entanto, o texto básico era de origem muito recente, e tirado de um punhado de manuscritos; além disso, várias passagens foram inseridas que nenhum apoio tinham nos textos antigos. Só as novas descobertas de manuscritos confiáveis, nova classificação e comparação poderiam remediar a situação

O período de crítica e de revisão (1648 até o presente)

No encerramento da era da Reforma, a Bíblia passou por um período de crítica e de revisão que, na verdade, se compõe de três períodos curtos. Cada subperíodo caracteriza-se por uma fase importante de crítica e de revisão, a saber, foram períodos de preparação, de progresso e de purificação. É importante que nos lembremos de que todas essas fases de crítica foram mais construtivas que destrutivas.
O período de preparação (1648-1831) caracterizou-se pela reunião e pela classificação de textos bíblicos. Quando Brian Walton (1600-1661) editou a Poliglota de Londres, incluiu os textos paralelos da edição de Estéfano, de 1550. Essa obra poliglota continha o Novo Testamento em grego, em latim, em sírio, em etíope, em árabe e em persa (os evangelhos). Nas anotações apareceram os vários textos paralelos recentemente descobertos do Códice alexandrino (a) e um aparato crítico feito pelo arcebispo Usher. Em 1675 John Fell (1625-1686) publicou uma edição anônima do Novo Testamento grego em Oxford que trazia evidências, pela primeira vez, das Versões gótia e boaírica. Então, em 1707, John Mill (1645-1707) reimprimiu o texto de Estéfano, de 1550, e acrescentou cerca de 30 000 variantes tiradas de quase cem manuscritos. Essa obra foi uma contribuição monumental para os estudiosos subseqüentes, porque lhes proporcionou uma base ampla de evidências textuais confiáveis.
Richard Bentley (1662-1742) foi um importante estudioso clássico que emitiu um boletim em que anunciava um texto do Novo Testamento que ele jamais concluiu. No entanto, ele conseguiu que outras pessoas juntassem textos e traduções disponíveis para um exame intensivo. Entre esses estudiosos estavam Johann Albrecht Bengel (1687-1752), que estabeleceu um dos cânones básicos da crítica textual: deve-se preferir o texto difícil ao fácil. Um dos estudiosos que examinavam documentos ao lado de Bentley e havia demonstrado disposição desde o início para a crítica textual foi Johann Jakob Wettstein (1693-1754); foi ele quem publicou o primeiro aparato que identificava os manuscritos unciais com letrás maiúsculas romanas e os manuscritos minúsculos com numerais arábicos. Ele também defendia o princípio sadio segundo o qual os manuscritos devem ser avaliados pelo seu peso autorizado, e não por seu número. O fruto de seus esforços ao longo de quarenta anos foi publicado em 1751-1752, em Amsterdã.
A reimpressão da obra Prolegomena, de Wettstein, se fez em 1764, por Johann Salomo Semler (1725-1791), conhecido como o "pai do racionalismo alemão". Ele seguiu o padrão estabelecido por Bengel de classificar os manuscritos por grupos, mas levou esse processo a um desenvolvimento maior. Semler foi o primeiro estudioso a aplicar o termo recensão a grupos de testemunhas do Novo Testamento. Ele identificou três dessas recensões: a alexandrina, a oriental e a ocidental. Todos os textos posteriores foram considerados por Semler como misturas desses textos básicos.
A pessoa que na verdade desenvolveu de modo completo os princípios de Bengel e de Semler foi Johann Jakob Griesbach (1745-1812). Ele classificou os manuscritos do Novo Testamento em três grupos (alexandrinos, ocidentais e bizantinos), e lançou os alicerces de todo o trabalho subseqüente do Novo Testamento grego. Em sua obra, Griesbach estabeleceu quinze cânones de crítica textual. Logo depois de publicar a primeira edição do seu Novo Testamento (1775-1777), vários outros estudiosos publicaram colações que aumentaram enormemente a disponibilidade de evidências textuais oriundas dos pais da igreja, das primeiras versões e do texto grego.
Christian Friedrich Matthaei (1744-1811) publicou um aparato crítico valioso em seu Novo Testamento grego e latino, pois acrescentou novas evidências com base em traduções eslavas. Frary Karl Alter (1749-1804), estudioso jesuíta de Viena, acrescentou mais evidências com base em manuscritos eslavos e em mais vinte manuscritos gregos, além de outros manuscritos. De 1788 a 1801 um grupo de estudiosos dinamarqueses publicou quatro volumes de uma obra textual sob a direção de Andrew Birch (1758-1829). Nesses volumes os textos do Códice Vaticano (b) apareceram em tipo impresso pela primeira vez.
Enquanto isso, dois estudiosos católicos romanos trabalhavam intensamente num texto. Eram Johann Leonhard Hug (1765-1846) e seu discípulo Johannes Martin Augustinus Scholz (1794-1852), que desenvolveram a teoria segundo a qual uma "edição comum" (koine ekdosis) apareceu após a degeneração do texto do Novo Testamento, no século III. Scholz acrescentou 616 novos manuscritos ao crescente corpo de textos disponíveis, e salientou, pela primeira vez, a importância de atribuir proveniência geográfica, que estaria representada por diversos manuscritos. Este último ponto foi ampliado por B. H. Streeter em 1924, como parte de sua teoria de "textos locais". Depois de algum tempo, Scholz adotou a classificação de manuscritos elaborada por Bengel e publicou um Novo Testamento em 1830-1836, que mostrava uma regressão para o Textus receptus, visto que ela seguia o texto bizantino, em vez do alexandrino. Somente em 1845 Scholz mudou seu parecer, favorecendo então os textos alexandrinos.
O período de progresso (1831-1881) é aquele em que surgiu a crítica construtiva, que se salientou no agrupamento de textos. O rompimento com o texto recebido se fez mediante homens como Karl Lachmann (1793-1851), que publicou o primeiro Novo Testamento grego inteiramente baseado num texto crítico e na avaliação de textos paralelos, ou variantes textuais; Lobegott Friedrich Constantin von Tischendorf (1815-1874), que procurou, descobriu e publicou manuscritos e textos críticos; Samuel Prideaux Tregelles (1813-1875), que serviu de instrumento para afastar a Inglaterra do texto recebido; e Henry Alford (1810-1871), que escreveu numerosos comentários e deitou por terra a reverência pedantesca e indevida ao texto recebido.
É preciso que se mencionem vários outros grandes estudiosos, nessa altura da história, visto que esses também desempenharam papéis-chave no desenvolvimento da crítica textual. Caspar Rene Gregory completou a última edição do Novo Testamento grego de Tischendorf, com um prolegômeno (1894). Essa obra foi fonte principal de textos, da qual os estudiosos ainda dependem, bem como a base do catálogo universalmente aceito de manuscritos. Dois estudiosos de Cambridge, Brooke Foss Westcott (1825-1901) e Fenton John Anthony Hort (1828-1892), ficaram à altura de Tischendorf, pois fizeram contribuições impressionantes ao estudo do texto do Novo Testamento. Publicaram a obra The New Testament in the original Greek [O Novo Testamento no original gregoJ (1881-82), em dois volumes. O texto dessa obra ficou à disposição de uma comissão de revisão que produziu o English revised New Testament [Novo Testamento inglês revisado], em 1881. Suas concepções não eram originais, mas baseavam-se nas obras de Lachmann, de Tregelles, de Griesbach, de Tischendorf e de outros estudiosos. O emprego de seu texto para a English revised version [Versão inglesa revisada], e a explicação completa que apresentaram de suas opiniões, na introdução, fizeram crescer o índice de aceitação de seu texto crítico.
No entanto, alguns estudiosos defensores do texto recebido não pouparam esforços na argumentação contra o texto de Westcott e de Hort. Três desses foram John W. Burgon (1813-1888), que denunciou com toda a veemência o texto crítico, F. H. A. Scrivener (1813-1891), que foi bem mais suave em sua crítica, e George Salmon (1819-1904), que lamentou a falta de peso atribuída aos textos "ocidentais" por parte de Westcott e de Hort.
A "teoria genealógica" de Westcott e de Hort dividiu os textos em quatro tipos: siríacos, ocidentais, neutros e alexandrinos. O tipo siríaco de texto inclui os textos siríacos propriamente ditos, os antioquinos e os bizantinos, como A, E, F, G, H, S, V, Z e a maior parte dos minúsculos. O tipo ocidental de texto para Westcott e para Hort tinha raízes na igreja síria, mas havia sido levado mais longe, na direção do Ocidente, como se observa na Delta (A), na Antiga latina, na Siríacac e no texto da família Theta ( ), tanto quanto se sabia. O tipo neutro de texto supostamente tinha origem no Egito e incluía os códices b e Aleph (X). O quarto tipo era alexandrino e compreendia um número menor de testemunhos do Egito, que não eram do tipo neutro. Essa família compunha os textos c, L, a família 33, o Saídico e o Boaírico. De acordo com Westcott e Hort, houve um ancestral comum (x) na raiz do texto neutro e do alexandrino, que teria sido primitivo e muito puro. O gráfico abaixo mostra o relacionamento de cada uma dessas famílias de textos do Novo Testamento:
O período de purificação (1881 até o presente) testemunhou a reação contra a teoria de Westcott e de Hort, que nada fizeram senão destronar o texto recebido e mais ainda: eliminar a possibilidade de surgimento de outros textos que seriam utilizáveis na crítica textual. Os principais oponentes do texto crítico foram Burgon e Scrivener, estando entre seus maiores defensores Bernhard Weiss (1827-1918), Alexander Souter (1873-1949) e outros. Os argumentos contra o texto crítico podem ser resumidos da seguinte forma: 1) o texto tradicional utilizado pela igreja durante 1 500 anos deve ser correto por causa de sua durabilidade; 2) o texto tradicional possuía centenas de manuscritos que lhe eram favoráveis, enquanto o texto crítico só possuía uns poucos dos primitivos e 3) o texto tradicional é melhor porque é mais antigo. Após a morte de Burgon e de Scrivener, a oposição ao texto crítico foi encarada com menos seriedade pelos estudiosos.



[1] Bruce M. Metzger, The text of the New Testament, New York, Oxford University Press, 1964, p.99-100.

M)As variantes textuais- erros de cópias

A multiplicidade de manuscritos produz número correspondente de variantes. E que, quanto maior o número de manuscritos copiados, maiores eram as possibilidades de erros cometidos pelos copistas. Todavia, em vez de constituir empecilho à tarefa de recuperação do texto bíblico original, essa situação na verdade se torna extremamente benéfica.
As variantes do Antigo Testamento são relativamente raras, por diversas razões: 1) havia uma única tradição importante de manuscrito, pelo que o número total de erros é menor; 2) as cópias eram produzidas por escribas oficiais que trabalhavam seguindo regras rigorosas; 3) os massoretas sistematicamente destruíam todas as cópias em que se detectassem "erros" ou variantes. A descoberta dos rolos do mar Morto serviu de espantosa confirmação da fidelidade do Texto massorético, o que se comprova pelas conclusões de estudiosos do Antigo Testamento como Millar Burrows, em sua obra The Dead Sea Scrolls; R. Laird Harris, em Inspiration and canonicity of the Bible; Gleason L. Archer, Jr., A survey of Old Testament introduction e F. E Bruce, Second thoughts on the Dead Sea Scrolls [Uma investigação mais aprofundada sobre os rolos do mar Morto]. 
Uma soma total dos testemunhos desses estudiosos é que existem tão poucas variantes entre o Texto massorético e o dos rolos do mar Morto, que esses confirmam a integridade daquele. Sempre que há divergências, os rolos do mar Morto tendem a dar apoio ao texto da Septuaginta (lxx).
Visto que o Texto massorético deriva de uma fonte singular, que fora padronizada por estudiosos judeus aproximadamente em 100 d.C., a descoberta de manuscritos anteriores a essa data esparge nova luz na história do texto do Antigo Testamento de antes dessa época. Além das três tradições textuais básicas do Antigo Testamento que já haviam sido reconhecidas (massorética, samaritana e grega), os rolos do mar Morto revelaram a existência de três outros tipos de textos: um protomassorético, um proto-Septuaginta e um proto-samaritano. As tentativas por traçar as linhas de relacionamento entre essas famílias de textos ainda se acham em fase embrionária; a situação exige estudos profundos e dedicação. Presentemente, o Texto massorético é considerado básico, visto que tanto o texto samaritano (v. cap. 16) como a Septuaginta (v. cap. 17) baseiam-se em traduções do texto hebraico. No entanto, os rolos do mar Morto mostram que existem passagens em que a Septuaginta traz o texto preferido. O problema básico é apurar a grandeza da diferença existente entre as tradições hebraica e grega.

As variantes do Novo Testamento. 
As variantes do Novo Testamento são muito mais abundantes do que as do Antigo, em vista do maior número de manuscritos e das numerosas cópias não-oficiais que foram feitas, de caráter particular. Cada vez que se descobre um manuscrito novo, aumenta o número bruto de variantes. Pode-se ver isso comparando-se o número aproximado de 30 000 variantes, segundo cálculo de John Mill, em 1707, às quase 150 000 computadas por F. H. A. Scrivener em 1874 e às mais de 200 000 recalculadas em nossos dias. Há certa ambigüidade em afirmar que há cerca de 200 000 variantes, visto que essas representam apenas cerca de 10 000 passagens do Novo Testamento. Se uma única palavra foi escrita erroneamente em 3 000 manuscritos diferentes, são contadas como 3 000 variantes. Uma vez entendido o processo de contagem e se eliminem as variantes de ordem mecânica (ortográfica), as variantes mais importantes que permanecem são surpreendentemente poucas sob o aspecto numérico.
Para que se compreenda integralmente o significado das variantes nos textos paralelos e se apure a redação correta (a original), é necessário, primeiro, que se examine de que forma essas variantes se introduziram no texto bíblico. Embora esses princípios também se apliquem ao Antigo Testamento, são usados aqui apenas com referência ao Novo.
Em geral, os estudantes cuidadosos da crítica textual acreditam haver dois tipos de erros: os não-intencionais e os intencionais.
As alterações textuais não-intencionais de vários tipos surgem da imperfeição natural do ser humano. São numerosas, e aparecem na transcrição dos textos.
Os erros da vista humana, por exemplo, resultam em vários tipos de variantes. Dentre esses, há os que resultam da divisão errônea de uma palavra, o que acaba por gerar novas palavras. Visto que os manuscritos originais não separavam as palavras entre si, mediante espaços, a divisão mental errônea de quem lia e copiava a palavra redundava em novo texto — errôneo.
Vamos usar um exemplo em português:
[encontreimecomamadocastelobranco]
poderia significar

[ENCONTREI-ME COM AMADO CASTELO BRANCO.]

ou
[ENCONTREI-ME COM A MÁ DO CASTELO BRANCO.].

Obs* è importante ressaltar que estes erros são facilmente identificados devido ao grande número de manuscritos 5600 só em grego!!! fora as traduções antigas!! Além disso a esmagadora maioria dos erros se encontra nos manuscritos mais recentes  vejamos exemplos:
A omissão de letras, de palavras e até de linhas inteiras do texto ocorria quando um olho astigmático pulava de um grupo de letras ou palavras a outro grupo semelhante. Esse erro em particular é causado por homoteleuto (finais semelhantes). Quando apenas uma letra está faltando, o erro se chama haplografia (grafia simples). Repetição é o erro oposto à omissão. Quando a vista apanhasse a mesma letra ou palavra duas vezes, esse erro era chamado de ditografia. Foi a partir de um erro desse tipo, com alguns manuscritos chamados minúsculos, que surgiu o seguinte texto: "Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?" (Mt 27.17).
A transposição é a inversão de duas letras ou palavras, e tecnicamente se denomina metátese. Em 2Crônicas 3.4, a transposição de letras alterou as medidas do pátio do templo de Salomão para 120 côvados em vez de 20, como corretamente aparece na lxx (Versão grega). Outras confusões com letras, abreviaturas e inserções de escribas explicam os demais erros desses profissionais da cópia. Esse é o caso sobretudo no que diz respeito às letras do hebraico, que também são usadas como números. Pode-se ver alguma confusão no Antigo Testamento, quando há divergência entre os números de passagens correspondentes. Veja-se, e.g., 40 000 em 1Reis 4.26 em oposição a 4 000 em 2Crônicas 9.25; os 42 anos em 2Crônicas 22.2, contra-pondo-se à anotação certa de 22 anos (pois 2 Rs 8:17 Jeorão seu pai tinha 32 anos quando se fez rei, aos 40 anos ele morreu. Assim Acazias não poderia estar com 42 anos ao assumir o reinado imediatamente após morte de seu pai, pois seria mais velho que seu pai) em 2Reis 8.26, é erro que também se enquadra nessa categoria.
Os erros decorrentes da audição só ocorriam quando os manuscritos eram copiados por um escriba que ouvia o ditado de quem os lia. Isso explica por que alguns manuscritos tardios (depois do século v d.C.) trazem kamelos (corda) em vez de kamêlos (camelo), em Mateus 19.24; kauthasomai (ele queima) em vez de kauchasomai (ele se gloria) em 1Coríntios 13.3, e outras alterações semelhantes no texto do Novo Testamento.
Os erros de memória não são numerosos, mas por vezes um escriba se esquecia da palavra exata na passagem e a substituía por um sinônimo. É possível que se tenha deixado influenciar por uma passagem ou verdade paralela, como no caso de Efésios 5.99 que nos manuscritos mais recentes diz "espírito" em lugar de "luz" como atestam os manuscritos mais antigos   (porque o fruto da luz está em toda bondade, e justiça, e verdade), talvez confundida com Gálatas 5,22 onde diz "fruto do espírito"
Os erros de julgamento em geral são atribuídos à má iluminação ambiental ou à má visão do escriba que copiou o manuscrito. Às vezes as notas marginais eram incorporadas ao texto nesses casos, ou tais erros seriam resultado da sonolência do escriba. Sem dúvida alguma teríamos uma dessas causas na raiz da redação variante de Joao 5.4"esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse". Às vezes é difícil diferenciar o caso e dizer se determinada variante resultou de um julgamento errôneo ou de mudanças doutrinárias intencionais. Sem dúvida 1João 5.8 (este texto pode ser um caso de Omissão involuntária Por um erro comum entre os copistas, que é chamado de Homoteleuto(final igual). Ao copiar o verso 7, depois de copiar as palavras “são três os que testiticam”, o copista levantou os olhos do original enquanto molhava a pena e, ao voltar os olhos ao Ms, viu agora duas linhas abaixo, as mesmas palavras, mas continuou escrevendo “são três que testificam na terra”. Desse modo, omitiu parte final do verso 7 e do início do verso 8 (a Comma Johanneum). João 7.53 - 8.11(este texto é tido como autentico, mas provavelmente não foi escrito por João, pois não aprece em manuscritos antigos e aparece em outros manuscritos depois de Jo 7:44 e de Lucas 21:38 e Atos 8.37) enquadram-se em uma dessas categorias.
Os erros de grafia são atribuídos a escribas que, graças a um estilo imperfeito ou a um acidente, escreviam de modo pouco definido ou impreciso, e assim cometeram erros posteriormente enquadrados como erros de visão ou de julgamento. Em algumas ocasiões, por exemplo, o escriba poderia esquecer-se de inserir certo número ou palavra no texto que estava transcrevendo, como no caso da omissão de número em 1Samuel 13.1 1, o texto grego LXX diz "30" "Saul tinha…anos de idade quando se tornou rei e governou o povo de Israel dois anos.(NTLH)

As mudanças intencionais explicam grande número de variantes, ainda que a vasta maioria seja atribuída a erros não-intencionais. Erros cometidos de propósito poderiam talvez ter sido motivados por boas intenções, mas é certo que são alterações deliberadas do texto.Ex: ãlguns escribas por desconhecer o costume de citar só o nome do porfeta maior quando também a um menor, mudou o texto para "nos profetas": Mc 1:2 Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis aí envio eu ante a tua face o meu anjo, Que há de preparar o teu caminho;
3  Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas;
Entre os fatores que influíram na inserção de alterações deliberadas num texto bíblico estão as variantes gramaticais e lingüísticas. Essas variantes ortográficas na grafia, na eufonia e no léxico repetem-se muito nos papiros; cada tradição escribal tinha idiossincrasias próprias. Dentro dessas tradições o escriba poderia tender a modificar seus manuscritos, a fim de fazer que se conformassem com as tradições. As mudanças, nesse caso, incluíam nomes próprios, formas verbais, acertos gramaticais, mudanças de gênero e alterações sintáticas.
As mudanças litúrgicas encontram-se em grande número nos lecionários. Seriam feitas pequenas alterações no início de uma passagem; às vezes uma passagem grande era resumida só para uso no culto. Às vezes uma mudança desse tipo passava a incorporar o próprio texto bíblico, como foi o caso da "doxologia" na oração dominical (Mt 6.13). Mateus 6:13  e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!
As mudanças harmonizacionais aparecem com freqüência nos evangelhos, quando o escriba tentou harmonizar um relato num documento com passagem correspondente de outro documento (v. Lc 11.44  perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve; e não nos conduzas em tentação, [mas livra-nos do mal] copiado de Mt 613  e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal, ou em Atos 9.5,6, que se alterou a fim de ficar mais em acordo literal com Atos 26.14,15. Do mesmo modo, algumas citações do Antigo Testamento foram ampliadas, em alguns documentos, para se harmonizarem com maior precisão à lxx (cf. Mt 15.8 com Is 29.13, em que a expressão este povo foi acrescentada). 
As mudanças históricas e factuais às vezes eram introduzidas por escribas bem-intencionados. João 19.14 foi alterado em alguns manuscritos, de modo que neles se lê hora "terceira" em vez de "sexta", e Marcos 8.31, em que "depois de três dia" foi alterado para "no terceiro dia", em alguns manuscritos. As mudanças sincréticas resultam da combinação ou da mistura de duas ou mais variantes, de modo que se cria um único texto, como provavelmente é o caso de Marcos 9.49 49  Porque cada um será salgado com fogo, [e cada sacrifício será salgado com sal]
As mudanças doutrinárias constituem a última categoria de alterações propositais dos escribas. Outras alterações, ainda que surgidas por causa das boas intenções, têm tido o efeito de acrescentar ao texto algo que não fazia parte do ensino original naquela altura. Talvez seja esse o caso da adição de "jejum" à palavra "oração" em Marcos 9.29, .. Todavia, nem mesmo aqui o texto é herético. É importante que se ressalte, nesta altura, que nenhuma doutrina cristã baseia-se num texto sob objeção, e todo estudioso do Novo Testamento precisa estar consciente da iniqüidade que é alterar um texto simplesmente com base em considerações doutrinárias infundadas.
Quando se comparam os textos chamados variantes, do Novo Testamento, com outros textos de outros livros que sobreviveram desde a antigüidade, as conclusões são maravilhosas; pouco falta para que as consideremos espantosas. Por exemplo, embora haja cerca de 200 000 "erros" (ver acima como se dá esta conta)nos manuscritos do Novo Testamento, eles só aparecem em cerca de 10 000 trechos, e apenas cerca de uma sexagésima parte deles ergue-se acima do nível das trivialidades.
Westcott e Hort, Ezra Abbot, Philip Schaff e A. T. Robertson avaliaram com o máximo cuidado as evidências e chegaram à conclusão de que o texto do Novo Testamento tem pureza superior a 99%. À luz do fato de haver mais de 5 500 manuscritos gregos, cerca de 9 000 versões e traduções, as evidências da integridade do Novo Testamento estão fora de questão.
Isso é válido sobretudo quando consideramos que alguns dos maiores textos da antigüidade sobreviveram em apenas um punhado de manuscritos (v. cap. 12). Quando se compara a natureza ou a qualidade desses escritos com os manuscritos bíblicos, estes ficam em posição audaciosamente saliente no que concerne à integridade. Bruce M. Metzger fez um excelente estudo da Ilíada, de Homero, e da Mahãbhãrata da índia, em sua obra Chapters in the history of New Testament textual criticism [Capítulos da história da crítica textual do Novo Testamento]. Em seu estudo, o autor demonstra que a corrupção textual desses livros sagrados é muito maior do que a que acometeu o Novo Testamento. A Ilíada é particularmente cabível para esse estudo, por ter tanta coisa em comum com o Novo Testamento. Depois do Novo Testamento, a Ilíada é a obra que tem o maior número de manuscritos disponíveis hoje, mais que qualquer outra obra (453 papiros, 2 unciais e 188 minúsculos, ou seja, 643 no total), À semelhança da Bíblia, essa obra foi considerada sagrada, sofrendo mudanças textuais, e seus manuscritos em grego também passaram pela crítica textual. Enquanto o Novo Testamento apresenta cerca de 20 000 linhas, a Ilíada tem cerca de 15 000. Apenas 40 linhas (cerca de 400 palavras) do Novo Testamento inspiram dúvidas, mas 764 linhas da Ilíada estão sob questionamento. Portanto, 5% da Ilíada sofreram corrupção, contra menos de 1% do Novo Testamento. O poema épico nacional da índia, Mahãbhârata, sofreu um processo mais grave ainda de corrupção. É cerca de oito vezes maior que a Ilíada e a Odisséia juntas, com cerca de 250 000 linhas. Dessas, cerca de 26 000 linhas estão corrompidas textualmente, i.e., pouco mais de 10%.
Assim é que o Novo Testamento não só sobreviveu em um número maior de manuscritos, mais que qualquer outro livro da antigüidade, mas sobreviveu em forma muito mais pura (99% de pureza) que qualquer outra obra grandiosa, sagrada ou não. Até mesmo o Alcorão, que não é livro antigo, pois originou-se no século VII d.C, sofreu o processo de aparecimento de grande número de variantes que precisaram da revisão de Orthman. De fato, ainda existem sete modos de ler o texto (vocalização e pontuação), todas baseadas na revisão de Orthman, que se fez cerca de vinte anos após a morte do próprio Maomé.

Palavra de Deus é expressão que aparece menos comumente, mas talvez seja a alusão mais forte à inspiração divina do Antigo Testamento. Em Marcos 7.13, Jesus acusou os fariseus de invalidar "a palavra de Deus", e empregou a expressão como sinônimo de "Escrituras". Há numerosas referências à "Palavra de Deus", embora nem todas identifiquem com clareza o Antigo Testamento. Paulo argumentou assim: "Não que a palavra de Deus haja falhado" (Rm 9.6). Em outra passagem ele se refere à sua recusa em falsificar a palavra de Deus (2Co 4.2). O autor de Hebreus declara que "a palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4.12). A declaração do apóstolo Pedro — "Dele [i.e., de Cristo] dão testemunho todos os profetas" (At 10.43) — dificilmente se limitaria a algo que não fosse o Antigo Testamento como um todo, à vista de Lucas 24.27,44. Os textos que com máxima clareza identificam todo o Antigo Testamento como Palavra de Deus não deixam dúvida quanto à realidade de sua inspiração divina.

Para aprofundar mais leia: "Enciclopédia de Temas bíblicos"- Editora Vida