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sábado, 28 de janeiro de 2017

Jesus tinha uma esposa?


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Existe supostamente 2 provas de qeu Jesus era casado com Maria Madalena
 1- O Evangelho de Felipe
2- O Evangelho da "Mulher de Jesus

1-O Evangelho de Felipe
A teoria de que Jesus era casado com Maria Madalena aparece no livro de ficção o O Código da Vinci e cita o Evangelho de Felipe"

"A exemplo dos rolos do Mar Morto, os documentos encontrados em Nag Hammadi apontam que Jesus era casado com Maria Madalena."
“[Os evangelhos gnósticos] são os mais antigos registros cristãos. Estranhamente eles não coincidem com os evangelhos que encontramos no Bíblia”. Citando um trecho do Evangelho de Filipe, é dito “e a companheira do Salvador é Maria Madalena”, e a respeito do verbete “companheira” o livro explica que “a palavra companheira, naquela época, literalmente significava esposa” (todas as citações da pg. 233 de O Codigo da Vinci)

“[os Manuscritos do Mar Morto e o Manuscritos de Nag Hammadi] falam do ministério de Cristo em
termos muito humanos.” (Idem, pg. 223)

“De acordo com estes evangelhos originais e inalterados [o Evangelho de Maria Madalena e Filipe],
não foi a Pedro que Cristo deu instruções para fundar a Igreja Cristã. Foi a Maria Madalena.”
(Idem, pg. 235)  Citado em "Separando Ficção e Realidade em O Código Da Vinci"

Resposta:

1-Segundo o Evangelho de Felipe Jesus amava Madalena tanto quanto os outros

32 Três [eram as que] caminhavam continuamente com o Senhor: sua mãe Maria, a irmã desta e Madalena, a quem se designa como sua companheira. Maria é, de fato, sua irmã, sua mãe e companheira
55 A Sofia — a quem chamam "a estéril" — é a mãe dos anjos: a companheira [de Cristo é Maria] Madalena. [O Senhor amava Maria] mais do que a todos os discípulos [e] a beijou na [boca repetidas] vezes. Os demais [...] lhe disseram: `Por que a queres mais que a todos nós"? O Salvador respondeu e lhes disse: "A que se deve isso que não vos quero tanto quanto a ela"?

2-A palavra ESPOSA ocorre no Evangelho de Felipe e portanto o termo companheira não significa necessariamente esposa

61 Entre os espíritos impuros existem machos e fêmeas. Os machos são aqueles que copulam com as almas que estão alojadas em uma figura feminina. As fêmeas, ao contrário, são aquelas que estão unidas com os que se abrigam em um figura masculina por culpa de uma desobediente. E ninguém poderá fugir desses espíritos se cair em poder deles, a não ser que seja dotado simultaneamente de uma força masculina e outra feminina — isto é, esposo e esposa — provenientes da câmara nupcial em imagem.

82 Digamos — se é permitido — um segredo: o Pai do Todo se uniu com a virgem que havia descido e um fogo o iluminou naquele dia. Ele deu a conhecer a grande câmara nupcial, e por isso seu corpo — que teve origem naquele dia — saiu da câmara nupcial como quem tivesse sido engendrado pelo esposo e a esposa. E também, graças a estes, encaminhou Jesus o Todo a ela, sendo ...

122 [Ninguém poderá] saber nunca qual é [o dia em que o homem] e a mulher copulam — fora deles mesmos —, uma vez que as núpcias d[este] mundo são um mistério para aqueles que tomaram mulher. E se o matrimônio da poluição permanece oculto, tanto mais constituirá verdadeiro mistério o casamento impoluto. Este não é carnal, mas puro; não pertence à paixão, mas à vontade; não pertence às trevas ou à noite, mas ao dia e à luz. Se a união matrimonial se realiza a descoberto, fica reduzida a um ato de fornicação. Não só quando a esposa recebe o sêmen de outro homem, mas também quando abandona a sua alcova à vista [de outros], comete um ato de fornicação...Esposos e esposas pertencem à câmara nupcial. Ninguém poderá ver o esposo e a esposa, a não ser que [ele mesmo] venha a sê-lo. Apócrifos e Pseudo-epígrafos da Bíblia. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.

3- Jesus beijava não só Madalena, como também seus discípulos

31 [Aquele que...] pela boca; [se] o Logos tivesse saído dali se alimentaria pela boca e seria perfeito. Os perfeitos são fecundados por um beijo e engendram. Por isso nós nos beijamos uns aos outros [e] recebemos fecundação pela graça que nos é comum
55 A Sofia — a quem chamam "a estéril" — é a mãe dos anjos: a companheira [de Cristo é Maria] Madalena. [O Senhor amava Maria] mais do que a todos os discípulos [e] a beijou na [boca repetidas] vezes. Os demais [...] lhe disseram: `Por que a queres mais que a todos nós"? O Salvador respondeu c lhes disse: "A que se deve isso que não vos quero tanto quanto a ela"? Apócrifos e Pseudo-epígrafos da Bíblia. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.


REFUTAÇÃO
HISTÓRICA
"a. Os chamados Documentos de Nag Hammadi são Códices (manuscritos em forma de livro)
descobertos em 1945 d.C.. Escritos em Copta nos séculos II e III, eles se constituem de 48 ou 49
documentos, os quais estão encadernados em 13 Códices de Papiro. A lista completa destes livros
está colocada no Apêndice 2. Os evangelhos encontrados em Nag Hammadi são:
...
Evangelho de Filipe – Existe um único fragmento copta do Evangelho de Filipe, o qual tem
sua datação variando entre 180 e 250 d.C. Embora esteja escrito em Copta, tanto estudiosos cristãos quanto gnósticos afirmam que a versão existente se originou de um texto anterior grego. A exemplo dos outros evangelhos gnósticos, o texto em questão não foi produzido pelo discípulo Filipe, mas sim por gnósticos influenciados pela filosofia e cultura grega.

 Transcrito logo abaixo da Acusação, o texto da pg. 233 de OCDV afirma que a palavra “companheira” encontrada no Evangelho de Filipe significa “esposa”. Para fazermos nossa defesa, faz-se necessário reescrever o texto conforme ele de fato aparece no Evangelho de Filipe:

"A Sophia, que é chamada de “a estéril”, é a mãe (dos) anjos. E a companheira do (Salvador é) Maria Madalena. (Cristo amava-a) mais do que (todos) os discípulos (e costumava) beijá-la (frequentemente) em seus (lábios). Os demais (discípulos ofendiam-se com isso e expressavam sua desaprovação). Eles lhe disseram: “Por que a amas mais do que a todos nós?”. O Salvador respondeu dizendo: “Por que não os amo como a ela? Quando um cego e uma pessoa normal estão juntos na
escuridão, não são diferentes um do outro. Quando chega a luz, então, aquele que vê verá a luz, e o cego permanecerá na escuridão”.bbb

As seguintes considerações devem ser feitas a respeito do texto acima:
i. Em primeiro lugar, é importante lembrar que os textos entre parênteses não existem no fragmentado texto original, de modo que o conteúdo existente nos parênteses não passa de conjectura. Todavia, ainda que o texto original tivesse nas lacunas um complemento similar ao apresentado, o espanto dos discípulos ao verem Jesus beijar
Maria Madalena não favorece a idéia de que fossem casados.

ii. O estudo de textos antigos parece não ser o forte de Brown, pois a palavra traduzida por companheira no Evangelho de Tomé não é aramaica, mas sim copta. Por sinal, a palavra copta koi derivada do grego Koinonos, que por sua vez significa “companheiro(a)”ccc no sentido de “amigo(a)” e não de “esposo(a)”.

iii. Ao contrário do que Brown diz, esposa não é a única tradução para a palavra companheira, nem a mais indicada. Extraído de um dicionário interlinear copta inglês, o termo em questão é t.koi 100, que significa the-companion em inglês e literalmente a companheira em português. Nosso argumento ganha mais força quando se constata que há duas referências explicitas ao termo “esposa” no
Evangelho de Filipe ddd, onde o termo utilizado pelo autor copta é noy.ephi101, their-mutuality
em inglês, que em português teria o sentido de seu(sua)-cônjuge. Diante do exposto, parece correto concluir que o autor do Evangelho de Filipe usava koi para companheiro(a)/amigo(a) e erhu para esposa/mulher.

iv. Ainda sobre o termo traduzido por companheira existente no texto sob análise, um glossário102 encontrado na internet explicitamente informa que o feminino da palavra ΚΟΙΝΩΝΟΣ (koinonos) nunca significava esposa nos textos gregos. Como koi é um empréstimo do grego koinonos, infere-se que também em copta o termo koi não deva ser traduzido por esposa, como de fato nenhum tradutor o fazeee.

v. Se voltarmos ao texto sob análise, veremos que a resposta enigmática (falsamente atribuída a Jesus) à suposta pergunta dos discípulos é complementada pelo texto subseqüente. Ali o autor gnóstico informa que todas as pessoas estão na escuridão até atingirem a gnose, quanto então passam a enxergar. Segundo o autor, Maria Madalena era cega por ser mulher. Ela estava na escuridão e não poderia enxergar, a não ser que o beijo de Jesus (real ou figurado) a tornasse homem fff, para que assim ela pudesse contemplar a luz. Interpretado pelo ponto de vista gnóstico, o texto não
faz alusão a nenhum relacionamento matrimonial ggg.

vi. Ainda falando sobre o Evangelho de Filipe, existe nele um outro texto contendo um substantivo diferente para a palavra companheira. É o termo koinwnos (koinwnos). Ele é utilizado na seguinte passagem: “Havia três que sempre caminhavam com o Senhor: sua mãe, Maria, sua irmã e Madalena, que era chamada sua companheira. Sua irmã, sua mãe e sua companheira todas chamavam-se Maria”. A exemplo do em inglês extraído da página http://www.metalog.org/philip.html, dito 59 e 60, acessada pela última vez em 03/10/2006.

Notas
bbb Citação extraída da página http://www.geocities.com/ana_ligia_s/Filipe.html, acessada pela última vez em 30/11/2006. Os textos em parênteses foram completados de modo que o parágrafo se mantivesse semelhante ao texto da pg. 233 de OCDV, uma vez que a tradução de Brown está de acordo com o texto do Evangelho de Filipe


ccc No Novo Testamento há dez ocorrências da palavra grega Koinonos (verbete 2844 no Léxico Grego de Strong). Sempre a tradução é companheiro, co-participante, associado ou cúmplice.


ddd Ocorrência 1“Ninguém (pode) saber quando (o marido) e a esposa têm relações sexuais, a não ser os dois”.
Ocorrência 2“Porém, se vêem um homem com sua esposa juntos, a fêmea não pode se aproximar do homem, nem o macho da mulher”.
Citações extraídas da página http://www.geocities.com/ana_ligia_s/Filipe.html, acessada pela última vez em 30/11/2006.

eee Para o texto sob análise, todas as traduções encontradas para koi utilizam a palavra companheira. Em inglês, os verbetes encontrados foram: companion (companheira, sócia, etc) e mate (companheira, colega, cônjuge. Note que embora o termo mate possa significar cônjuge, não parece ser este o sentido pretendido pelo autor da tradução do copta para o inglês. Se o fosse, provavelmente ele teria preferido os termos wife ou woman, mais específicos). Já o termo ephi sempre é traduzido em português por esposa ou mulher e em inglês por wife (esposa) ou woman (mulher ou esposa). Em suma, a análise mostra que koi significa amiga (companheira) e ephi significa esposa.

fff Raciocínio extraído de outro texto gnóstico, o Evangelho de Tomé: “Eis que a atrairei para fazê-la masculino, para que também se faça um espírito vivo semelhante a vós homens, pois, toda mulher que se transforma em varão entrará no reino dos céus” (dito 114).

ggg Se corretamente interpretados, nenhum texto gnóstico faz alusão a uma relação marital de Jesus. Uma breve exposição sobre esta particularidade foi exposta na refutação histórica e da questão 1 após discorrer sobre uma citação do Evangelho de Maria Madalena


2- Evangelho da mulher de Jesus
A historiadora Karen L. King, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, apresentou ao público em 2012 o manuscrito  conhecido como o “Evangelho da mulher de Jesus”. Após uma longa apuração sobre a procedência do papiro, feita pela revista americana The Atlantic e publicada na edição de julho, Karen admitiu pela primeira vez que o texto, supostamente escrito no século IV contendo a frase “Jesus lhes disse, minha mulher…” pode ser uma sofisticada fraude!

http://veja.abril.com.br/ciencia/evangelho-da-mulher-de-jesus-pode-ser-falso-diz-pesquisadora/ acesso em 28/01/2017:

na íntegra veja aqui a reportagem:
“A balança agora pesa para o lado da falsificação”, disse a historiadora Karen L. King, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, sobre o manuscrito que apresentou ao público em 2012, conhecido como o “Evangelho da mulher de Jesus”. Após uma longa apuração sobre a procedência do papiro, feita pela revista americana The Atlantic e publicada na edição de julho, Karen admitiu pela primeira vez que o texto, supostamente escrito no século IV contendo a frase “Jesus lhes disse, minha mulher…” pode ser uma sofisticada fraude.
Quase um ano de pesquisas feitas pelo repórter Ariel Sabar sobre Walter Fritz, um alemão que vive na Flórida e é ex- proprietário do papiro, revelou indícios de que ele pode ter forjado as inscrições. Fritz frequentou o curso de egiptologia na Universidade de Berlim, tem conhecimento sobre a língua copta, falada no Egito durante o Império Romano e na qual está grafado o manuscrito, trabalhou em um museu alemão e teria capacidade técnica suficiente para fraudar o texto.

“Ele mentiu para mim”, afirmou King, após ler a reportagem.
A história do “Evangelho da mulher de Jesus”, um pedaço de papiro de quatro por oito centímetros, sempre levantou dúvidas e discussões entre os cientistas que estudam o cristianismo primitivo. Karen L. King, conhecida historiadora dessa área, recebeu em 2012 o papiro de Fritz para conduzir uma análise sobre sua autenticidade, com a condição de manter o nome do proprietário em sigilo. Após consultar uma série de especialistas que confirmaram que o papiro era verdadeiro, Karen levou o manuscrito a uma conferência em Roma e divulgou seu conteúdo – que o Vaticano declarou como falso.

Assim que as imagens do manuscrito se tornaram públicas, alguns especialistas apontaram incongruências na caligrafia e apresentação do texto, bem como indícios de que o texto poderia ter sido copiado de outro papiro conhecido como o Evangelho de Tomé, também escrito em copta. Outra parte dos especialistas, porém, avalizou sua autenticidade e testes feitos em 2014, na Universidade Harvard, com carbono 14, no papel e tinta do manuscrito apontaram que a idade do papiro remontaria a por volta do ano 750 enquanto a tinta era muito semelhante à encontrada nos escritos da mesma época – não continha ingredientes modernos e não parecia ter sido forjado.
Apesar de o teste ser um ponto positivo para o manuscrito, ele não eliminava a possibilidade de fraude: alguém persistente o suficiente poderia fabricar a tinta com ingredientes antigos vendidos até pela internet e fabricar a inscrição. O papiro, contudo, insistia em passar nos testes científicos mais modernos.
Pornografia e misticismo – Intrigado com a falta de provas cabais de autenticidade, o repórter da The Atlantic resolveu pesquisar a fundo a procedência do “Evangelho da mulher de Jesus”. Acabou descobrindo uma peculiar história, que lembra o livro “O Código da Vinci”, incluindo seus episódios de pornografia, misticismo e mentiras.
Fritz havia dito a Karen que o manuscrito havia sido comprado do também alemão Hans-Ulrich Laukamp, proprietário de uma fábrica de peças automotivas e interessado em arte antiga. Por e-mail, Fritz também havia enviado à historiadora cópias de cartas de Laukamp, escritas por dois especialistas da Universidade Livre de Berlim afirmando que o manuscrito seria autêntico.
Investigando se Laukamp alguma vez teve em mãos o manuscrito e buscando os originais das cartas, o repórter nada encontrou. Contudo, descobriu que Laukamp e Fritz haviam sido sócios na fábrica e que Fritz era um ex-aluno de egiptologia da Universidade Livre de Berlim. Percebendo indícios de que Fritz jamais havia comprado um manuscrito de Laukamp e tinha conhecimento suficiente para ter forjado as cópias e assinaturas, o repórter decidiu abordar Fritz.
O alemão é casado com uma mulher que escreveu livros de “escrita automática” e que diz transmitir mensagens angelicais. Além disso, o casal manteve, por anos, um site pornográfico que a exibia fazendo sexo grupal. Nas conversas do repórter com Fritz, o entrevistado contou que havia sido abusado por um padre quando jovem e foi enfático ao afirmar que os Evangelhos que consideram Maria Madalena como uma figura importante para o cristianismo (os chamados Evangelhos gnósticos) seriam historicamente mais confiáveis que os da Bíblia. Por fim, convidou o repórter a escrever um livro nos moldes de “O Código da Vinci” no qual Fritz apenas daria as ideias, mas jamais apareceria (“uma armadilha que poderia arruinar minha carreira”, escreve o repórter, comparando a estratégia de Fritz com a que foi utilizada com Karen).
Após a publicação da reportagem com todos os fatos novos sobre a história de Fritz e do manuscrito, a historiadora Karen King afirmou que tende a acreditar que o manuscrito é uma falsificação. “Obviamente, não tinha ideia de quem era esse sujeito”, afirmou Karen ao The Atlantic. “Sua reportagem me ajudou a ver que a proveniência pode ser investigada.” 1 jul 2016, 14h24

Para uma análise mais profunda: 
leia a brilhante obra de Josafá: