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sábado, 3 de outubro de 2015

A Serpente de Gn 3 era uma Cobra ou um anjo? e o leviatã?




Por que o diabo é comparado a uma serpente?


Gênesis 3:14  Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.
Gn 3:1 ¶Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
2  Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
3  mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
4  Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.

"A s opiniões divergem quanto a se essa foi um a cobra inspirada por Satanás ou se é um nome para o próprio Satanás (J. O. BUSWELL, Systematic theology o f the Christian religion, Zondervan, 1962, v. 1, p. 264-5). " (Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, Vida Nova, p.952)

1- Características da serpente em Gênesis

1- Uma criatura. Um ser vivo.  Veja o Lexico de Strong:
02416 yx chay-   
adj
1) vivente, vivo
1a) verde (referindo-se à vegetação)
1b) fluente, frescor (referindo-se à água)
1c) vivo, ativo (referindo-se ao homem)
1d) reflorecimento (da primavera)

n m
2) parentes
3) vida (ênfase abstrata)
3a) vida
3b) sustento, manutenção

n f
4) ser vivente, animal
4a) animal
4b) vida
4c) apetite
4d) reavimamento, renovação
5) comunidade

2- Astuto, Sagaz, Inteligente. Veja o Lexico de Strong:
06175 Mwre ‘aruwm

part. pass. de 06191; DITAT-1698c; adj.

1) sútil, sagaz, astuto, matreiro, sensato
1a) astuto
1b) sagaz, sensato, prudente

3- Capaz de falar
Gn 3:1 ¶ Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
2  Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
3  mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
4  Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.

4- Tinha uma natureza decaída, capaz de enganar, tentar, seduzir.
2 Coríntios 11:3  Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.
Apocalipse 12:9  E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.
Gênesis 3:13  Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
1 Timóteo 2:14  E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

Surgem 3 perguntas
Será que uma serpente literal tema a capacidade de fazer tal coisa?
Não!

Não seria uma manifestação do diabo numa serpente literal?

 Seria uma ação direta do anjo caído?


2- A Bíblia diz que a serpente era o diabo, o anjo caído
Gn 3:1 ¶ Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?

Observe que a serpente é identificada como uma criatura, um ser vivo sagaz, esperto, inteligente e capaz de falar.

O novo testamento identifica este ser como sendo o diabo. E usa o texto de Gn3 para se referir ao esmagamento de Satanás, a serpente.

2 Coríntios 11:3  Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.
Apocalipse 12:9  E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.

Romanos 16:20  E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.


A linguagem de Gn 3 sobre a serpente é simbólica
Gn 3:14 ¶ Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.

15  Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

  • O ato de ferir a cabeça da serpente não é literal
  • O ato de ferir o calcanhar não é literal
  • O ato de rastejar é usado frequentemente  de modo simbólico como um ato de humilhação
Sl 72:9  Curvem-se diante dele os habitantes do deserto, e os seus inimigos lambam o pó.
Is 49:23  Reis serão os teus aios, e rainhas, as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés; saberás que eu sou o SENHOR e que os que esperam em mim não serão envergonhados.

Mq 7:17  Lamberão o pó como serpentes; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e, tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e terão medo de ti.
Enfim, se usa o rastejar da serpente literal como simbolo da humilhação

 "2. O jardim do Éden. Gênesis 3 apresenta a cobra (nãhãs, LXX ophis) como uma das criações de Deus, não uma cópia dualística de Javé. Ainda assim a cobra é extremamente astuciosa (‘ãrüm, formando um jogo de palavras com o adj. ‘êrõm em 2.25 e 3.7, significando nudez). Esse ser ainda é distinto dos outros animais no jardim por estar atento aos assuntos divinos, ter o poder da palavra, e ser algo que, claramente, não era “bom” (1.31). A conversa sagaz da serpente com Eva está cheia de meias verdades: ter os olhos abertos e tomar-se como Deus apenas resulta em vergonha e separação...Comer pó é característico da humilhação de um inimigo (SI 72.9; Is 49.23; Mq 7.17),...O Gênesis não nomeia a semente da mulher, mas de uma perspectiva canônica esta figura só pode ser Cristo, que transforma o conflito em conquista (Ap 20.1-10). O inimigo é o próprio Satanás, aparecendo como um dragão gigantesco com sete cabeças e dez diademas — “a antiga serpente (ophis), que se chama diabo” (Ap 12.1-9). A inimizade (Gn 3.15) que o Senhor pôs entre o diabo e a mulher finalmente chega à plenitude de expressão. Insatisfeito em enganar, seu intento é guerrear contra todo o céu (Ap 12.17; 13.4; 16.13-14).(Dicionario Internacional de  teologia e exegese do AT, vol 3 p. 88)

 Satanás foi identificado como uma serpente por causa do simbolismo da época. A serpente representava dentre outras coisas:

  • o mal
  • esperteza, sagacidade
  • comportamento ímpio
  • morte
  • e o seu rastejar a humilhação
"A cobra era universalmente temida em todo o OMA e simbolizava soberania, vida, fertilidade, sabedoriacaos e morte. Datando dos tempos calcolíticos, as cobras na Mesopotâmia apareceram como símbolos de culto em panelas e figuras de bronze. Na Epopéia de Gilgamés, a serpente sábia rouba do herói uma planta que poderia dar a ele imortalidade. Faraós egípcios usavam um aparato na cabeça que tinha uma cobra ereta na frente, significando poder divino e proteção. A cobra entretanto é também símbolo de morte e caos, coisa evidente na vitória de Marduque sobre a serpente do mar Tiamate e quando Ré subjuga a maligna Apepe. Os cananeus tomaram emprestado o símbolo da serpente dos hicsos e usaram-no para representar o poder divino da vida.(Dicionario Internacional de  teologia e exegese do AT, vol 3 p. 87)
4. Uso figurado e didático. Serpentes usadas como analogia e metáfora indicam um comportamento ímpio que fere a sociedade (Dt 32.33; SI 58.4[5]; 140.3[4]; Is 59.5),

Os escritores do NT e At usaram  figuras da cultura do Antigo Oriente para descrever a derrota das forças do mal, essas figuras incluíam serpentes
O profeta Isaías usa as imagens da mitologia cananita para descrever a vitória escato- lógica de Javé sobre todos os que se opõem a ele, aqui descritos como as forças do caos (Is 27.1; observe-se a íntima semelhança entre essa passagem e KTU, 1.5 I, 1-3; CML, 68: “Tu castigaste o Leviatã, a serpente veloz, e deste um fim à serpente sinuosa, o déspota com sete cabeças...”).(Dicionário Internacional de  teologia e exegese do AT, vol 3 p. 463)
Num texto posterior (KTU, 1.3 III, 34-39), Anate, a consorte de Baal, vangloria-se da vitória dela sobre Iam: “Qual é o inimigo que se levanta contra Baal, qual é o inimigo contra o cavaleiro das nuvens? Eu não destruí Iam [mar], o querido de El? Eu não dei um fim a Naar [rio], o grande deus? O dragão não foi capturado e conquistado? Eu destruí a serpente sinuosa, o tirano de sete cabeças...” (CML. 50). Embora seja, de algum modo, ambígua, essa referência a um dragão (tnn), a uma serpente (chamada Lotã/Leviatã; KTU, 1.5 I, I), e a um tirano com sete cabeças, parece ser uma referência a Iam, o deus marítimo conquistado. (Dicionário Internacional de  teologia e exegese do AT, vol 3 p. 461)


 Sl 74:2 ¶ Todavia, Deus é o meu Rei desde a antiguidade, operando a salvação no meio da terra.
13 Tu dividiste o mar pela tua força; quebrantaste a cabeça dos monstros das águas.14 Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto.
Is 27:1 Naquele dia, o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão que está no mar.

A palavra Leviatã (ARA, dragão) é cognata com a ugarítico Itn, o monstro de sete cabeças, que é descrito em Isaías 27.1 como uma “serpente que voa”, “serpente sinuosa” e “monstro que está no mar”, atingido por Baal; ANET, 137-38. São conhecidas muitas histórias sobre a batalha entre um deus e um monstro do mar/caos: ANET, 66-68 e 125-26. Cf. ANEP nos. 651, 670, 671 e 691. A criação é o assunto da história babilónica da morte de Tiamate (o mar) nas mãos do deus Marduque...
A descrição mais explícita é encontrada em Jó 41.1 -34[40.25-41.26]. Em geral os comentaristas a tomam como uma referência a um crocodilo ou até mesmo a uma baleia (G. R. Driver); todavia, em cada caso, algumas características da descrição não se aplicam. Por exemplo, o lado inferior como fragmentos de cerâmica, o bafo quente/faíscas de fogo, a grande força do pescoço, e o fato de que ele se move no mar (em vez de em um rio), menospreza outros animais e é invencível. A descrição indica que o corpo do Leviatã era impenetrável às armas humanas.
No final do livro de Jó, Javé o desafia a mostrar seu domínio sobre as grandes criaturas, Beemote e Leviatã, que são símbolos das forças cósmicas que, às vezes, hostilizam o governo dc Javé. Se Jó não puder vencê-los, ele não estará em posição de duvidar de Deus, seu criador e Mestre, tratando-o injustamente.
2. Conflito. Em muitas passagens no AT, tais como os Salmos 74,89,93, 104, Jó 9,26 e 38, existem alusões a um conflito entre Javé e um dragão (mencionado de modo variado como Leviatã, Raabe, serpente sinuosa, ou simplesmente dragão) ou o mar na época da criação. Esse uso do AT da imagem do conflito divino com o dragão e o mar encontra paralelo na mitologia cananéia. especificamente a partir do mito do conflito de Baal com o deus marítimo Iam e seu dragão, associado ao Leviatã de sete cabeças, ao bezerro Atique de El, etc. Pode aqui, portanto, tratar-se de um elemento polêmico contra o baalismo. Embora o monoteísmo do AT seja incompatível com a crença de que o dragão e o mar eram deuses, é compatível com o conceito de que eles representavam forças demoníacas, que são muitas vezes retratadas na forma animal no mundo antigo. A derrota do monstro do caos por Javé, no passado, é invocada como uma base de confiança para sua ação de libertar seu povo no presente, quando os poderes do caos parecem ter triunfado.
 Ap 12:3  Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas.
4  A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.
 7  Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos;8  todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles.9  E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.
Eva não demonstrou estranheza ao ver a serpente falando com ela.
  • Se fosse uma cobra isto lhe causaria estranheza, pois cobras não falam.
  • Mas se era um anjo,  este não lhe causaria estranheza, já que anjos podem aparecer a humanos.

O querubim, antes de sua queda, já esteve no jardim de Deus.
Ao descrever o rei de Tiro a bíblia o compara com Satanás
Ez 18:12  Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e dize-lhe: Assim diz o SENHOR Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura.
13  Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados.
14  Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.
15  Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti.
16  Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras.
17  Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem.

3- Justino Mártir tinha este entendimento

5 Deu ao diabo o nome de leão que ruge contra ele, o qual Moisés chama de serpente, que em Jó e Zacarias é chamado de diabo, e que é apelidado por Jesus de Satanás, nome composto cujo significado foi tomado daquilo mesmo que o diabo fazia. Justino de Roma. Diálogo com Trifon, 103. São Paulo: Paulus.1995, p. 270
 3 Todavia, na versão dos Setenta, se diz: “Vede que morrereis como homens e caireis como um dos príncipes”, aludindo à desobediência dos homens, isto é, de Adão e Eva, e à queda de um dos príncipes, aquele que se chama serpente, e deu uma grande queda por ter enganado Eva.Justino de Roma. Diálogo com Trifon, 124. São Paulo: Paulus.1995, p. 300.
Conclusão
Sem dúvida, a tese que a serpente de Gn 3 era Lúcifer, que se tornou o diabo, Satanás, explica bem melhor o texto do que defender uma possessão demoníaca.