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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Princesas são fracas, brancas e dependentes?


REPENSE O ELOGIO??

O QUE VOCÊ DIZ A UMA MENINA HOJE, INFLUENCIA QUEM ELAS SERÃO AMANHÃ

Observe as falas:

  • "a minha princesa favorita é a Pocahontas, porque ela é guerreira
  • "as meninas são  sempre indefesas"
  • "gosto muito da Diana..."
  • "a que eu mais identifiquei foi a Valente, só pelo nome dela já dá pra mostrar que ela é uma mulher de atitude"
  • "por que eles sempre colocam as meninas como as indefesas?"
  • "acho isso super errado, as meninas podem ser independentes, ir lá e decidir tudo sozinhas"
De maneira contraditória foi citado mulheres valentes, guerreiras e independentes como: Diana (mulher Maravilha), Valente e Pocahontas uma princesa guerreira negra!


Todo brinquedo é neutro? Será??


Recentemente tem surgido campanhas publicitárias, grupos e pessoas ensinando a neutralidade de TODOS os brinquedos.  Seria isto verdade??






À medida que crescemos, por meio dos brinquedos, jogos e brincadeiras, dos acessórios e das relações estabelecidas com os grupos de pares e com as pessoas adultas, vamos também aprendendo a distinguir atitudes e gestos tipicamente masculinos ou femininos e a fazer escolhas a partir de tal distinção, ou seja, o modo de pensar e de agir, considerados como correspondentes a cada gênero, nos é inculcado desde a infância. Na família, assim como na escola, é fundamental que as pessoas adultas, ao  lidarem com crianças, percebam que podem reforçar ou atenuar as diferenças de gênero e suas marcas, contribuindo para estimular traços, gostos e aptidões não restritos aos atributos de um ou outro gênero. 

Por exemplo, deve ser estimulado nos meninos que sejam carinhosos, cuidadosos, gentis, sensíveis e expressem medo e dor.Quem disse que “homem não chora”? As meninas, por sua vez, podem ser incentivadas a praticar esportes, a gostar de carros e motos, a serem fortes* (no sentido de terem garra, gana), destemidas, aguerridas.Tal aprendizado das regras culturais nos constrói como pessoas, como homens ou mulheres. Se quisermos contribuir para um mundo justo em que haja eqüidade de gênero, devemos estar atentos para não educarmos meninos e meninas de maneiras radicalmente distintas. Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 48-49, 2009.)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

9 Erros da reportagem VEJA 18 de outubro de 2017, edição nº 2552






1- Dizer que só 2% dos TRANSGÊNEROS  voltam ao gênero de nascimento 
"Uma criança transgênero vai construindo sua identidade de gênero, mas não se trata de um processo abrupto. Nem mesmo irreversível. “É absolutamente tranquilo, normal e comum um menino querer passar batom ou uma menina querer se vestir de menino ou herói. O problema é querer solidificar uma identidade na criança antes da hora”, diz a psicóloga Rosely Sayão, colunista de VEJA. Cerca de 2% mudam de ideia e desejam voltar ao gênero de nascimento. A dúvida é mais comum na infância." VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552
Resposta:

  • A taxa de reversão para homens é de 70 a 97,8%  
  • A taxa de reversão para mulheres é de 50 a 88 %

É muito estranho que a Veja não tenha citado dados oficiais da Associação Brasileira de Pediatria e do DSM v:


"As taxas de persistência da disforia de gênero da infância até a adolescência ou a fase adulta variam. Em indivíduos do sexo masculino ao nascimento, a persistência varia de 2,2 a 30%. Em indivíduos do sexo feminino ao nascimento, a persistência varia de 12 a 50%"DSM V, p. 455
"Quando a disforia de gênero é suspeitada na idade pré-escolar, estudos longitudinais mostram que 85% dessas crianças voltarão a ficar satisfeitas com seu sexo biológico, ..'Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 4, 2017


2- Dizer que  não há reversão saudável para  maioria das operações

"No entanto, no caso de o arrependimento aparecer na idade adulta, e a cirurgia de mudança de sexo já tiver ocorrido, dá-se um colossal impasse. Não há reversão saudável para a maioria das operações." VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552
Resposta:
Na verdade as  TODAS  as cirurgias (tratamento cirúrgico) são classificadas como IRREVERSÍVEIS:
"Supressão puberal (intervenção totalmente reversível)  Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 8, 2017 .p. 8
 Hormonioterapia para reafirmação do gênero (intervenções parcialmente reversíveis)Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 9, 2017 .
 Tratamento cirúrgico (Intervenção irreversível)Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 10, 2017 .

  • Com há retirada dos órgãos que produzem gametas (ovário e testículo), essas cirurgias geram infertilidade permanente
  • O homem que transforma seu pênis em vagina nunca mais terá um pênis natural, e mesmo no caso de pênis artificial eles são de eficácia insatisfatória
  • O mesmo ocorre com a mulher que tenta ter sua vagina de volta.
  • Em relação à mulher que fez mastectomia, o uso de silicone devolverá a aparência de forma satisfatória, mas a torna incapaz de amamentar
"Infecções do trato urinário inferior ocorrem com frequência em pacientes MtF [indivíduos com sexo biológico masculino e identidade de gênero feminina] com reconstrução da uretra. Além disso, poderão ter distúrbios funcionais do trato urinário inferior decorrentes de dano do sistema nervoso autônomo"Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 11, 2017 .


3- Omitir que a cirurgia de transgenitalidade na verdade é apenas uma aproximação das genitálias naturais e tem caráter experimental (de vagina para pênis)
"CONSIDERANDO que o espírito de licitude ética pretendido visa fomentar o aperfeiçoamento de novas técnicas, bem como estimular a pesquisa cirúrgica de transformação da genitália e aprimorar os critérios de seleção; ...
CONSIDERANDO o bom resultado cirúrgico, tanto do ponto de vista estético como funcional, das neocolpovulvoplastias nos casos com indicação precisa de transformação o fenótipo masculino para feminino;
CONSIDERANDO as dificuldades técnicas ainda presentes para a obtenção de bom resultado tanto no aspecto estético como funcional das neofaloplastias, mesmo nos casos com boa indicação de transformação do fenótipo feminino para masculino;...
 Art. 1º Autorizar a cirurgia de transgenitalização do tipo neocolpovulvoplastia e/ou procedimentos complementares sobre gônadas e caracteres sexuais secundários como tratamento dos casos de transexualismo.Art. 2º Autorizar, ainda a título experimental, a realização de cirurgia do tipo neofaloplastia. 
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA . RESOLUÇÃO CFM Nº 1.955, DE 12 DE AGOSTO DE 2010 
http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=9520
"Primeiro, extraiu os seios, o útero e os ovários. Depois, começou a construção do pênis, a partir de tecido do abdômen, enxertos e silicone. O membro é "precário" e está sempre semi-eretoNão há ejaculação.A cirurgia que transforma uma mulher em homem ainda é considerada "experimental", diz um dos mais famosos especialistas nesse tipo de operações, o médico americano Stanley Biber. Transformar um homem em mulher é bem mais fácil, como indicam os números da clínica de Biber em Trinidad, Colorado, a que mais fez esse tipo de operaçoes nos EUA." 
Foram cerca de 3.000 homens que retiraram o pênis, cresceram os seios e tiveram aberta uma vagina, para menos de 250 mulheres que receberam um pênis artificial. "Eu posso fazer uma vagina capaz de enganar um ginecologista. Posso fazer um pênis que parece com um pênis, mas não que funcione como um", disse o médico em entrevista por telefone à..."Folha.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/3/20/cotidiano/4.html  acesso em 18/10/2017

4- Omitir os riscos da terapia hormonal 
'Este tratamento só pode ser realizado por endocrinologista com experiência na área, em conjunto com a equipe multidisciplinar, pois são muitos os efeitos colaterais significativos e devem ser explicitados claramente aos pacientes e familiares..."Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 7, 2017 .

Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p. 7, 2017 .



5- Omitir que os indivíduos que possuem disforia persistente precisam dentre vários cuidados:
"O acompanhamento psicoterápico/psiquiátrico deve ser prolongado e sistematizado junto à equipe multidisciplinar, pois os transtornos de comportamento são bastante frequentes nestes indivíduos assim como o risco de suicídio.' Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. p.11, 2017 .
 "Antes da redesignação de gênero, adolescentes e adultos com disforia de gênero estão sob risco elevado de ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio. Após a redesignação de gênero, a adaptação pode variar, e o risco de suicídio pode persistir." (DSM V, p. 455)




6- Cometer  reducionismo biológico: A causa da disforia seria puramente hormonal
"A ciência ainda busca entender o mecanismo que encaminha o desencontro entre mente e corpo. A explicação fisiológica mais aceita envolve alterações cerebrais e hormonais. Haveria um descompasso na produção de hormônios masculinos que circulam no corpo da mãe entre a décima semana de gestação, quando se formam os órgãos genitais, e a vigésima, quando se desenvolve a região cerebral responsável pela identidade de gênero. “Isso abriria brecha para a formação de um cérebro masculino em um corpo feminino, e vice-versa”, diz Saadeh" VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552 
Resposta:
  • Tanto a teoria genética como hormonal carecem de evidências, como diz a renomada pesquisadora brasileira, Carmita Abdo:
"A etiologia dos transtornos da identidade sexual (ou disforia de gênero)...Na atualidade, duas linhas de pesquisa organicistas tentam explicar a origem desses transtornos: aquela que estuda a influência dos hormônios sexuais na diferenciação cerebral e aquela que especula a respeito das alterações genéticas cromossômicas). Essa base (neuro-hormonal ou genética) carece de mais estudos... Sexualidade Humana e seus transtornos. Carmita Abdo. 5ª edição atualizada e aumentada. São Paulo: Leitura, 2014, p. 281)
  • O DSM V 2013 responsável pela mudança do termo (transtorno de identidade para disforia) diz que além dos caracteres biológicos sexuais, os fatores psico-sociais também contribuem na formaçaõ da identidade de gênero. Observe que o DSM V ataca a teoria da Perspectiva de Gênero conhecida popularmente como Ideologia de Gênero, que diz que o Gênero é apenas uma construção psico-social, desprezando a influência genética sexual:
"...homens, mulheres, negros/as, brancos/as, indígenas, homossexuais,  heterossexuais, bissexuais, travestis,transexuais. Tais diferenças não podem ser atribuídas à natureza, à biologia, mas sim ao processo de socialização que nos ensina a nos comportarmos segundo determinado padrão que, no caso de nossa discussão, é de gênero." (Gênero e Diversidade na Escola .Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 44, 2009.)
  
    "Assim, o termo gênero é utilizado para denotar o papel público desempenhado (e em geral juridicamente reconhecido) como menino ou menina, homem ou mulher; porém, diferentemente de determinadas teorias construcionistas sociais, os fatores biológicos, em interação com fatores sociais e psicológicos, são considerados como contribuindo para o desenvolvimento do gênero."  DSM V
    "Assim, o conceito de gênero se refere às relações entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens.
    Todas essas relações podem expressar várias desigualdades, fazendo com que alguns
    tenham mais poder do que outros e mais poder sobre os outros. Algumas pesquisas recentes revelam que as diferenças biológicas entre homens e mulheres estão, de fato, associadas a bases genéticas para muitos comportamentoque podem ser considerados característicos dos sexos feminino ou masculino. Mas na
    realidade, é muito difícil – talvez impossível - denominar alguma característica humana
    como completamente “natural”.
    A questão central, portanto, não é negar as diferenças entre os sexos, mas distinguir
    diferenças de desigualdades,
    para que se possa superar a opressão de alguns seres
    humanos por outros em nome das diferenças, sejam elas biológicas, étnicas ou sociais.
    As relações de gênero são socialmente construídas a partir da primeira infância e afetam
    a vida de todas as pessoas nos campos sexual, afetivo, profissional e social. Por isso,
    para prevenir DST e aids é importante entender como as relações de gênero acontecem
    na nossa cultura. Os profissionais da saúde e da educação desempenham um papel
    importante na aprendizagem de relações humanas apoiadas no respeito às diferenças e
    menos marcadas por desigualdade e discriminação, contribuindo para a valorização da
    dignidade de todos os seres humanos."
     Guia para a formação de profissionais de saúde e de educação Saúde e Prevenção nas Escolas Série Manuais nº 76Brasília junho/2007p. 41-42 Ministério da Saúde. Ministério da Educação. UNESCO. UNICEF. UNFPA.
    • TEORIA DO DEFEITO defendida pela revista na verdade estigmatiza e reforça o preconceito das pessoas com disforia de gênero ou homossexuais, ou seja, a pessoa tem uma condição inata, determinista:
    'O ministro escreveu: “Destratar uma pessoa por ser transexual — destratá-la por uma condição inata — é a mesma coisa que a discriminação de alguém por ser negro, judeu, mulher, índio ou gay; é simplesmente injusto, quando não manifestamente perverso”.VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552
    O problema da comparação acima é que ser negro,mulher, indio ou judeu não são de fato defeitos genéticos, mas segundo a revista ter disforia de gênero é um defeito inato, como bem observa John Gagnon: 
      Historicamente, os mais vigorosos defensores da crença nas origens genéticas, hormonais ou infantis da preferência por determinado gênero nas relações eróticas adultas podem ser encontrados entre os que buscam provas da origem patológica daquilo que acreditam ser um resultado patológicoUma Interpretação do Desejo  -  John H. Gagnon, Rio de Janeiro: Garamond, 2006, p. 161
     "Tanto quanto se pode prever, tal busca das origens biológicas da conduta problemática está tão fortemente programada em nossa cultura que nenhuma quantidade de provas negativas será capaz de impedir a continuação da pesquisa das origens alquímicas do desejo erótico pelo mesmo gênero" Uma Interpretação do Desejo  -  John H. Gagnon, Rio de Janeiro: Garamond, 2006, p. 163,
    Conclusão:
    Tanto a teoria do defeito (origem exclusivamente biológica), quanto a teoria construtivista (dos Ideólogos da Teoria do Gênero) são teorias reducionistas.


    7- Defender a origem biologica/ hormonal e temer a influência dos condicionamentos da cultura
    "O Brasil, a rigor, está até mais avançado. Algumas escolas no Rio de Janeiro e em São Paulo começam a alterar as próprias regras ao não separar mais brinquedos de meninos e meninas, deixando as crianças livres para brincar com o que preferirem" VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552
     Resposta:

    • Se a disforia de gênero fosse um defeito de ordem hormonal nenhum brinquedo interferiria na sua identidade sexual. Assim desta forma a reportagem aqui entra em contradição
    • A maneira como uma criança ou adolescente é criada interfere sim na sua sexualidade (orientação sexual, desejo, identidade de gênero e papel de gênero)

    "O modelo de educação de uma pessoa, aquilo que ela aprendeu sobre o que é certo e errado na esfera sexual, influenciará sua sexualidade, seus sentimentos e atração por outras pessoas, sua orientação sexual. . Gênero e Diversidade na Escola .Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 46, 2009.)


    • O brinquedo pode ser usado para atenuar ou reforçar diferenças de gênero, devemos evitar extremos:
    À medida que crescemos, por meio dos brinquedos, jogos e brincadeiras, dos acessórios e das relações estabelecidas com os grupos de pares e com as pessoas adultas, vamos também aprendendo a distinguir atitudes e gestos tipicamente masculinos ou femininos e a fazer escolhas a partir de tal distinção, ou seja, o modo de pensar e de agir, considerados como correspondentes a cada gênero, nos é inculcado desde a infância. Na família, assim como na escola, é fundamental que as pessoas adultas, ao  lidarem com crianças, percebam que podem reforçar ou atenuar as diferenças de gênero e suas marcas, contribuindo para estimular traços, gostos e aptidões não restritos aos atributos de um ou outro gênero. 
    Por exemplo, deve ser estimulado nos meninos que sejam carinhosos, cuidadosos, gentis, sensíveis e expressem medo e dor.Quem disse que “homem não chora”? As meninas, por sua vez, podem ser incentivadas a praticar esportes, a gostar de carros e motos, a serem fortes* (no sentido de terem garra, gana), destemidas, aguerridas.Tal aprendizado das regras culturais nos constrói como pessoas, como homens ou mulheres. Se quisermos contribuir para um mundo justo em que haja eqüidade de gênero, devemos estar atentos para não educarmos meninos e meninas de maneiras radicalmente distintas. Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 48-49, 2009.)



     Alguns papéis de gênero(forma de ser homem ou mulher) são intrínsecos ao sexo biológico e portanto universais. E natural que meninas pensem em brincadeiras que envolvam atividades como ser mãe e bonecas e meninos com atividades que predominam a força física. Isto não significa que uma menina não possa brincar ou praticar artes marciais, ou que um menino participe de uma brincadeira de bonecas
    • Amamentação: está ligado exclusivamente ao feminino
    • Gravidez: também ligado ao feminino, pois somente uma fêmea pode engravidar
    • Proteção, caça, atividades que exigem força bruta: está ligado à preponderância da força do macho
    Outros papéis de gênero são puramente culturais:
    • maneira de se vestir (varia de cultura para cultura)
    • cuidado parental (ênfase em um dos cônjuges ou nos dois)
    • forma de governo na familia (patriarcal, matriarcal e parental)
    • participação do pai nas tarefas domésticas
    • sensibilidade feminina e racionalidade masculina
    • submissão feminina e domínio masculino
    • gentileza feminina, braveza masculina
    • etc.

    "Na cultura ocidental, supõe-se que o masculino seja dotado de maior agressividade e o feminino, de maior suavidade e delicadeza. Na década de 1930, a antropóloga americana Margaret Mead (1901-1978) estudou esta questão em outras culturas e descobriu que não existe uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta social de homens e mulheres....Na obra Sexo e temperamento, Mead traz os resultados da pesquisa realizada em Nova Guiné sobre o que então se chamava de papéis sexuais, e que hoje em dia chamamos de gênero.
    Da comparação entre três culturas (Arapesh, Mundugomor e Tchambuli) que compartilhavam uma organização social semelhante, Mead destaca que nas duas primeiras a cultura não estabelece um padrão sentimental distinto para homens e mulheres; existe um tipo de personalidade ou temperamento socialmente aprovado para todos os integrantes dasociedade. Segundo os nossos critérios de avaliação, a cultura Arapesh poderia ser caracterizada como “maternal”, tendo a docilidade como o traço de personalidade valorizado. 
    Já entre os Mundugomor, o comportamento agressivo era incentivado para homens e mulheres.  Na terceira sociedade analisada, os Tchambuli as personalidades de homens e mulheres opõem-se e complementam-se, contudo, estão invertidas em relação ao padrão ocidental. Os homens são mais gentis e delicados do que as mulheres, fortes e bravas (Mead, 1988). 'Gênero e Diversidade na Escola .Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 45, 2009.)


      "Assim, algo considerado adequado num meio social é passível de ser inadequado em outro. Gestos, modos de se vestir, de sentir ou falar podem ser considerados femininos em alguns lugares, masculinos ou mesmo indiferentes em outros. Esta variação corresponde à cultura". Gênero e Diversidade na Escola .Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 46, 2009.)

      8- Omitir informações importantes sobre a cirurgia de mudança de sexo
      ConclusõesAs pessoas com transexualismo, após a mudança de sexo, têm riscos consideravelmente maiores de mortalidade, comportamento suicida e morbidade psiquiátrica do que a população geral. Nossos achados sugerem que a mudança de sexo, apesar de aliviar a disforia de gênero, pode não ser suficiente como tratamento para o transexualismo, e deve inspirar melhora dos cuidados psiquiátricos e somáticos após a mudança de sexo para este grupo de pacienteshttps://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0016885

      9- Inflacionar o numero de pessoas trans
      Nem são muitos – 0,5% da população mundial –, mas a dificuldade de aceitação os faz envoltos em preconceito e um mar de dúvidas. Na idade adulta, invariavelmente resulta em isolamento social. Na infância, pode ser ainda mais dramático, se não for bem compreendido.VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552
      Resposta:
      Para indivíduos masculinos que se identificam femininos, a prevalência varia de 1:11.900 a 1:45.000 e para femininos que se identificam masculinos de 1:30.400 a 1:200.000. Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero. SBP. p. 3, 2017.   

      1 em 11900 dá 0,008%
      1 em 30400 dá 0,003% 
      2 em 42300  dá 0,0047 % 
      Bibliografia Utilizada:
      VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552
      Uma Interpretação do Desejo  -  John H. Gagnon, Rio de Janeiro: Garamond, 2006.
      DSM V
       Sexualidade Humana e seus transtornos. Carmita Abdo. 5ª edição atualizada e aumentada. São Paulo: Leitura, 2014.
       Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Adolescência.  Disforia de Gênero, 2017
      Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, p. 48-49, 2009.)
      Article Source: Long-Term Follow-Up of Transsexual Persons Undergoing Sex Reassignment Surgery: Cohort Study in Sweden
      Dhejne C, Lichtenstein P, Boman M, Johansson ALV, Långström N, et al. (2011) Long-Term Follow-Up of Transsexual Persons Undergoing Sex Reassignment Surgery: Cohort Study in Sweden. PLOS ONE 6(2): e16885. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0016885

      https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0016885

      terça-feira, 3 de outubro de 2017

      Graça preveniente x Graça irresistível - SOBERANIA X LIVRE ARBÍTRIO

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      O fato de Deus conceder ao homem a oportunidade de escolha invalida a soberania?

      1-Deus continua soberano apesar de:
      • Satanás e seus anjos escolheram por seu livre arbítrio pecar
      • Adão e Eva escolheram por seu livre arbítrio pecar.
      • Os anjos eleitos escolheram por seu livre arbítrio não pecar


      2-Ninguém forçou, persuadiu ou deu palpite quanto ao modo pelo qual Deus salvaria o ser humano. Ou seja, Deus agiu e decidiu soberanamente.

      3- Se Deus deu a oportunidade de escolha no ato da salvação pela graça preveniente, ele agiu soberanamente, pois Deus não foi forçado, agiu como bem escolheu:
      Isaías 43:13  Sim, de hoje em diante eu sou, não há quem possa livrar da minha mão; operarei, e quem o impedirá?

      4- Na usa soberania Deus decidiu respeitar a escolha do homem, a ação de Deus respeita a escolha do homem, mas traz juízo sobre ela
      Mt 23:37  Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!

      At 7:51 ¶ Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.



      * O homem pode endurecer seu coração opondo-se à verdade Mt 13:14-15; At 19:9; Rm 1:18-25; 2 Tm 3:8; Sl 107:11; Lc 7:30; Jo 5:40-47; 8:24; Hb 3:8,13,15; 4:2,7; Ne 9:16,17,29; Sl 95:7-11; Jr 17:23; 7:26; etc. por amar a iniquidade 2 Ts 2:10-12.
      * Um cristão pode opor-se e até mesmo extinguir em sua vida [quando rejeita de uma vez por todas viver de acordo com a palavra] 2 Pe 2:1; Ef 4:30; I Ts 5:19; etc. 


      O fato de alguém estar convencido de algo, o leva a agir obrigatoriamente segundo esta convicção?
      Não, o E.S convence todo o mundo do pecado, da justiça e do juízo Jo 16:8-11; Gn 6:3. Contudo a minoria decide pelo caminho estreito que exige a renúncia pessoal Mt 7:13,14; 16:24-26; Jo 3:18-19.
                  Muitos se desviam, a palavra brota no seu coração, mas não dão frutos maduros por causa da sedução das riquezas e deleites da vida Lc 8:14; I Tm 6:9. Para outros a riqueza já é obstáculo para a palavra brotar no seu coração Mt 19:21-22. Outros nos quais a palavra brota, se desviam por causa da perseguição Lc 8:13.Somente aqueles que retém a palavra num coração honesto e bom dão fruto com perseverança Lc 8:15. Portanto em todos estes casos, somente o homem é responsável por aceitar ou não a salvação a ele oferecida, e nela permanecer ou não. 


      Doutrina dos "decretos" de DeusDeus determina todas as coisas? 

       A-    Muitos textos das escrituras diz que Deus decreta ou determina todas as coisas !!!
      Is 46:10-11(o universo físico); At 17:26 (os limites da habitação); At 2:23 At 4:27,28 ( o pecado dos que entregaram e mataram Jesus ) ;Jó14:5os limites da vida humana; a salvação de alguns At 13:48. Alguns precipitados concluem a partir disso que tudo que acontece, ocorre como por vontade e desejo perfeito de Deus (fatalismo).

          
      B- Deus "decretou"  (estabeleceu) soberanamente um sistema condicional
      “Decretar a criação implica decretar os resultados previstos na criação...Na eternidade Deus previu que a criação do mundo e a instituição de suas leis tornaria certa sua verdadeira história nos mais insignificantes pormenores. Mas Deus decretou criar e instituir estas leis. E assim decretando, ele necessariamente decretou tudo o que haveria de vir. Por fim, Deus previu os futuros eventos do universo como certos porque ele decretar criar;mas esta determinação de criar envolveria também a determinação de todos os verdadeiros resultados de tal criação; ou em outras palavras, Deus decretou aqueles resultados”(Teologia Sistemática- Strong; -calvinista).
      É importante frisar que Deus decretou algumas coisas de maneira direta e outras de maneira indireta      (decreto permissivo)
      Por exemplo: Deus decretou a lei da gravidade diretamente, porém uma caneta cairá da mão quando a pessoa que a segura a soltar, assim podemos dizer que a caneta cai indiretamente pela vontade de Deus, mas diretamente pela vontade humana. Deus decretou poder do livre arbítrio de maneira direta (o poder de decisão do homem) mas não o exercício (uso) desta liberdade. Assim quando o homem peca , assim procede por uma decisão sua, e não de Deus, pois o pecado é contra a natureza de Deus Jr 44:4. Assim Deus não é o autor do pecado, mas o autor dos seres livres que são os autores do pecado. “Deus só decreta o pecado indiretamente no sentido de criar os que hão de pecar, ou seja ele decreta preservar as vontades humanas que, ao escolherem seus cursos, serão maus e farão o mal.”
      Ao contrário do que ensinam alguns ultra-calvinistas, Deus não determina diretamente [causa] diretamente as ações do homem e dos anjos caídos, pois seria o autor do pecado e de suas conseqüências. . O poder da liberdade é causado por Deus, mas o exercício da liberdade é causado pela pessoa.

       Até mesmo quanto às escolhas do dia a dia a bíblia atribui tais escolhas aos homens  e não à Deus Gn 13:11; Dt 14:26; etc. O homem  a partir  de certa idade passa a ter discernimento entre o bem e o mal, e consequentemente capacidade de escolhas morais Dt 1:39; Is 7:15; Rm 9:11; Mt 7:13-14. Evidentemente por causa da natureza pecaminosa, muitas vezes o homem pratica o mal, contudo ainda sim pode fazer boas coisas Rm 2:13-16; Mt 7:11. Deus sempre chama os homens a tomar decisões quanto à vida eterna Dt 30:19-20; Mt 7:13-14; Js 24:15,22; Ap 22:17; etc., cabe simplesmente ao homem aceitar o Dom [presente] da salvação oferecido por Ele Rm 6:23; Ap 3:20; Jo 1:12; Is 55:1,6,7; Mt 11:28 etc.

      Pontos em comum entre Arminianismo e Calvinismo

      1-Usam os mesmos textos bíblicos para mostrar que o homem não pode vir até Jesus a menos que seja atraído:
      "Jesus explicitamente s em ambiguidade ensinou que nenhum homem tem a capacidade de vir a Ele sem que Deus faça alguma coisa para dar-lhe essa capacidadeatraindo-o" Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 55


      João 6:44  Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
      45  Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim.

      João 12:32  E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.

      Atos 16.14: "E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia."


      II Coríntios 3.5-6: "Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica."

      Fp  2:12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação* com temor e tremor;
      13  porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.
      *Este texto se refere especificamente a santificação como assevera um dos mais ilustres calvinistas:

      "Paulo está falando aqui da operação de nossa salvação que segue a nossa eleição. Ele está se referindo especificamente aqui ao processo de nossa santificação. A santificação não é monergística, ela é sinergística. ela exige a cooperação do crente regenerado. Somos chamados a trabalhar para crescer na graça. Devemos trabalhar muito resistindo ao pecado, se necessário espancando nosso corpo..." Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p.117)

      2- Ambos dizem que homem não se converte sem a ação divina


      'Como o nome sugere, graça preveniente é a graça que 'vem antes' de alguma coisa. É normalmente definida como uma obra que Deus faz para todos. Ele dá a todas as pessoas graça suficiente para responder a Jesus. Isto é, graça suficiente para tornar possível a uma pessoa que escolha Cristo....A força desta visão é que ela reconhece a condição espiritual do homem decaído é suficiente grave a ponto de requerer a graça de Deus para salvá-lo.(Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 92)


      3- Ambos ensinam que o homem caído não tem desejo por Cristo.
      'A graça preveniente, então capacita o homem a submeter-se a Cristo, mas não necessariamente a desejar. O pecador agora é capaz de desejar...Sola Gratia. R.C. Sproul. São Paulo: Cultura Cristã, 2001,p. 145)

      "Antes de escolhermos a Cristo, precisamos ter um desejo por Cristo... o homem na queda perdeu esse desejo natural por Deus..Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 45)


      Seu problema, que definimos, como incapacidade moral, é que lhe falta um desejo por Cristo. Ele não tem disposição nem inclinação para Cristo...A menos que ele primeiro deseje Cristo, ele nunca vai receber Cristo." (Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002p. 87-88)

      4- Ambos ensinam que a santificação é sinergista

      Fp  2:12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação* com temor e tremor;
      13  porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.

      *Este texto se refere especificamente a santificação como assevera um dos mais ilustres calvinistas:
      "Paulo está falando aqui da operação de nossa salvação que segue a nossa eleição. Ele está se referindo especificamente aqui ao processo de nossa santificação. A santificação não é monergística, ela é sinergística. ela exige a cooperação do crente regenerado. Somos chamados a trabalhar para crescer na graça. Devemos trabalhar muito resistindo ao pecado, se necessário espancando nosso corpo..." Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p.117)

      5- Ambos ensinam que a condição para a salvação é a fé
      "Há toda sorte de condições que precisam ser cumpridas para alguém possa ser salvo. A principal delas é que devemos ter fé em Cristo. A justificação é pela fé. A fé é um requerimento necessário' Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p.114"

      6- Ambos ensinam que a salvação inicial é uma obra inteiramente de Deus (monergística)
      "quando dizemos que a regeneração é monergística, queremos dizer que somente uma das partes está fazendo o trabalho. Essa parte é Deus, o Espírito Santo. Ele nos regenera; não podemos fazer por nós próprios, nem mesmo ajudá-lo na tarefa"
      Apesar do calvinismo dizer que a conversão do arminianismo é sinergista, na verdade não o é:
      Vejamos:
      Se um médico visita uma aldeia e se propõe a tratar doentes podemos ter dois tipos de pacientes entre os que  ambos aceitam o tratamento:
      a-os que cooperam com o médico no tratamento
      b- os que são tratados sem cooperação do paciente.

      No grupo a-  podemos dar o exemplo do uso de medicamentos de uso continuo como diabete, pressão alta, etc.  Pois neste caso o doente coopera com o médico na sua cura.

      No grupo b- podemos dar um exemplo de um paciente cardíaco que é trasportado de maca até o hospital e o médico o opera após estar devidamente inconsciente pela anestesia. Neste caso para o ato cirúrgico se dispensa qualquer cooperação da ajuda do paciente.

      O fato do homem do homem aceitar a obra regeneradora do Espírito operando o novo nascimento se assemelha a uma cirurgia cardíaca onde a única coisa que a pessoa fez foi aceitar a obra feita pelo médico.

      Assim podemos concluir que a obra de salvação inicial no sistema arminiano é monergista, pois do começo ao fim é efetivada pela ação divina. Não podemos nascer de novo por nós 'próprios, nem ajudá-lo a fazer a tarefa"!


      7- A fé é uma resposta humana, resultado da ação divina.
      "a fé pela qual somos salvos é um dom. Quando o apóstolo diz que não é pro nós mesmos, ele não quer dizer que não seja nossa fé. Novamente Deus não crê por nósÉ nossa fé, mas não se origina de nós. É dada a nós. "
      Tanto no calvinismo quanto no arminianismo a fé é uma resposta humana a atuação do Espirito Santo, com uma diferença, no calvinismo o homem necessariamente crerá e no arminianismo ele poderá crer ja que lhe foi dada esta capacidade no momento pela graça preveniente. Portanto de forma equivocada diz Sproul:
      'Armínio deixa claro que o homem é passivo no início da obra de salvação. O instigar da graça na alma é monergista. A resposta a esta instigação é sinergista sendo que a pessoa pode livremente consentir ou negar o consentimento" Sola Gratia. R.C. Sproul. São Paulo: Cultura Cristã, 2001,p. 145)

      Conclusão:
      Tanto a fé no sistema calvinista como no arminiano são respostas da ação divina, mas no calvinismo esta resposta é sempre positiva, a fé; enquanto que no arminianismo a pessoa pode rejeitar a Cristo.

      Pontos de desacordo entre calvinismo e arminianismo (em relação a graça na conversão

      1-  A graça Irresistível só atua sobre os eleitos e a preveniente sobre todos
      Como o nome sugere, graça preveniente é a graça que 'vem antes' de alguma coisa. É normalmente definida como uma obra que Deus faz para todos. Ele dá a todas as pessoas graça suficiente para responder a Jesus. Isto é, graça suficiente para tornar possível a uma pessoa que escolha Cristo....A força desta visão é que ela reconhece a condição espiritual do homem decaído é suficiente grave a ponto de requerer a graça de Deus para salvá-lo.(Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 92)

      2-A obra da graça eficaz ou irresistível impõe uma mudança  de desejo, ou seja, os homens eleitos tem sua vontade mudada necessariamente para desejar a salvação.
      "Armínio deixa claro que o homem é passivo no início da obra da salvação. o instigar da graça na alma é monergista*. A resposta a esta instigação é sinergista, sendo que a pessoa pode livremente consentir ou negar o consentimento" Sola Gratia. R.C. Sproul. São Paulo: Cultura Cristã, 2001,p. 145
      * obra que só depende de Deus.

      'Como o nome sugere, graça preveniente é a graça que 'vem antes' de alguma coisa. É normalmente definida como uma obra que Deus faz para todos. Ele dá a todas as pessoas graça suficiente para responder a Jesus. Isto é, graça suficiente para tornar possível a uma pessoa que escolha Cristo....A força desta visão é que ela reconhece a condição espiritual do homem decaído é suficiente grave a ponto de requerer a graça de Deus para salvá-lo.(Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 92)

      "A visão de Armínio difere agudamente da visão reformada e agostiniana, que insiste que a obra monergística da regeneração não apenas capacita o homem para desejar, mas o faz desejar(Sola Gratia. R.C. Sproul. São Paulo: Cultura Cristã, 2001,p. 145)

      ______________________________________________________

      Por que a graça preveniente não é sempre eficaz?
      "Por outro lado, se a graça preveniente refere-se a algo que Deus faz dentro do coração do homem decaído, então precisamos perguntar por que não é sempre eficaz. Por que é que algumas criaturas decaídas escolhem cooperar com a graça preveniente e outras escolhem não fazê-lo? Não recebem todos a mesma medida?...Por que você escolheu Cristo e elas não? ...Foi por que você era mais justos que elas?...Por que você é mais inteligente?...Por que você reconheceu sua desesperada necessidade de Cristo, enquanto, seu vizinho não o o fez? Foi por que você era mais justo que seu vizinho, ou mais inteligente?(Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p.92-93)
      Resposta:
      1-A graça preveniente nos atrai a Cristo e torna possível entender de maneira correta o Evangelho que nos é apresentado de maneira que possamos aceitar ou não  a Cristo, ou seja, ela nos dá a oportunidade de escolha.

      2- Criaturas como Adão, Eva, Lucifer e os anjosescolheram rejeitar a presença de Deus e vida eterna, ainda que:

      • viviam num paraíso: terrestre (Adão e Eva); celeste (Anjos)
      • gozavam da glória de Deus
      • usufruíam  da presença de Deus
      • viviam em estado de perfeição moral
      • não tinham uma natureza pecaminosa

      3-Se Adão , Eva, Lúcifer e Jesus que gozavam dos privilégios acima escolheram  rejeitar a vida eterna, como se pode esperar que criaturas que não gozam dos privilégios acima escolham todos eles a vida eterna??

      4- Os anjos que escolheram a vida eterna são chamados de eleitos. Os anjos caídos estavam no céu, gozavam de plena comunhão com Deus, eram perfeitos em santidade, mas mesmo assim por escolha livre, alguns deles escolheram se rebelar e outros não.
      1 Timóteo 5:21  Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade

      Judas 1:6  e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia;

      Ez 28:14  Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.
      15  Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti.
      16  Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras

      Conclusão:
      A explicação porque somente alguns escolhem a vida eterna, após a graça os capacitar a escolher ou não a Cristo, é a mesma da razão pela qual pessoas que viviam num paraíso celeste ou terrestre rejeitarem a vida eterna, uma questão de escolha particular deles próprios


      Graça irresistível  ou vontade forçada?
      R. C Sproul disse:
      "O calvinismo não ensina e nunca ensinou que Deus traz as pessoas esperneando e gritando para o reino, ou exclui alguém que quisesse estar lá...“Uma vez que o desejo é plantado,aqueles que vêm a Cristo não vêm esperneando e gritando contra sua vontade”Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002,  p. 91

      “Uma vez que o desejo é [irresistivelmente] plantado,aqueles que vêm a Cristo não vêm esperneando e gritando contra sua vontade”
      Em outras palavras, uma vez que alguém é arrastado contra a própria vontade, esse alguém age desejosamente. Mas não importa quão bem o ato da “graça irresistível” seja escondido sob um eufemismo, continua sendo um conceito moralmente repugnante". Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida, p. 113

      "O problema com a idéia da “graça irresistível” no calvinismo extremado, de acordo com essa analogia, é que o paciente não assina nenhum consentimento para o tratamento. Pior ainda, é arrastado esperneando e gritando para a sala de cirurgia, mas, uma vez que recebe um transplante de cérebro, sente-se (não surpreendentemente) como se fosse uma pessoa diferente!


      Uma vez mais, o famoso defensor da graça irresistível, R. C. Sproul, define bem o problema: “O pecador, no inferno, pode estar perguntando, ‘Deus, se o senhor realmente me amou, por que não

      me coagiu a crer? Eu preferiria ter meu livre-arbítrio violentado do que estar aqui neste eterno lugar de tormento’”. E acrescenta: “Se admitimos que Deus pode salvar os homens violando suas vontades,

      por que ele não viola a vontade de todos e traz todos à salvação?”. 



      Então, Sproul confessa: “A única resposta que posso dar a essa pergunta é: ‘Não sei. Não tenho a mínima idéia por que Deus salva alguns e não todos". E ainda: “Não duvido por um momento que Deus tem o poder de salvar todos”. 

      Se esse é o caso, então Sproul deve duvidar de que Deus tem amor para salvar todos. Isso quer dizer que o Deus dos calvinistas extremados é todo-poderoso, mas não é todo-amoroso! E, ao coagir o eleito para dentro do Reino, a suposta “graça” irresístivel da regeneração nega a bondade infinita de Deus.
      Contudo, uma rosa, não importa o nome que receba, não deixa de ser uma rosa. A verdade é que os calvinistas extremados crêem que Deus usa uma força irresistível para mudar uma pessoa que não tem amor por Cristo em uma pessoa que o ama. Portanto, amor irresistível é amor forçado. E “amor” forçado não é amor coisa nenhuma."
      Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida, p. 113


      AVALIAÇÃO DOS VERSÍCULOS USADOS PARA DAR SUPORTE À IDÉIA DA GRAÇA IRRESISTÍVEL
      Muitas passagens na Bíblia são empregadas para dar suporte à idéia da “graça irresistível”.
      Romanos 9.15
      “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão
      de quem eu quiser ter compaixão.” E também: “Eu [Deus], porém, endurecerei o coração de Faraó e [...] Faraó não vos ouvirá” (Ex 7.3,4 [ARA]). 
      • Na verdade o calvinismo tradicional não diz que Deus ativamente endureceu o coração de Faráo, é o chamado decreto negativo de Deus:

      "Negativo tem a ver com Deus deixando de lado os não eleitos"Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 10
      "O endurecimento passivo envolve um julgamento divino sobre o pecado já existente. Tudo o que Deus tem a fazer para endurecer o coração de uma pessoa  cujo coração já é desesperadamente mau é 'entrega-lo a seu pecado. Encontramos este conceito de julgamento divino repetidamente na Escritura'" Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 106
      Resposta:
      • Cada praga visava julgar os deuses egípcios e fazia com que Faráo se tornasse mais duro, pois ele respondia pelo destino da nação e era em si um deus.

      "O Faráo era mais que intérprete da vontade divina: ele era um autêntico deus, personificação das divindades solares Hórus e Rá. Era o guardião de Maat, a ordem divina do mundo, e era responsável perante os deuses pela situação do país que lhe havia sido confiado" (Grande História Universal- O princípio da civilização, Barcelona: Folio. 2006, p. 100) 

      "Esses versículos são usados para reforçar a idéia de que o faraó não possuía escolha real naquela matéria (v. Jo 12.365). Supostamente, quando Deus movesse o coração para cumprir seu propósito,
      o faraó não poderia resistir...
      Deus não endureceu o coração do faraó contrariamente à livre escolha do próprio faraó. A Escritura deixa claro que o faraó endureceu o próprio coração. Ela declara que o coração do faraó “se endureceu”
      (Ex 7.13; cf. tb. v. 14,22), que “o faraó [...] obstinou-se em seu coração” (8.15) e que o “coração do faraó permaneceu endurecido” (8.19). 

       E, quando Deus enviou a praga das moscas: “Também dessa vez o faraó obstinou- se em seu coração” (8.32). Essa frase (ou frases semelhantes) é repetida várias vezes (v. 9.7,34,35). E verdade que Deus disse de antemão o que haveria de acontecer (Ex 4.2 ), mas mesmo assim o fato é que o faraó endureceu o próprio coração (7.13; 8.15 etc.); somente mais tarde é que Deus o endureceu (v. 9.12; 10.1,20,27).22 

      Além disso, foi a misericórdia de Deus que ocasionou o endurecimento do coração do faraó, porque cada vez que pedia a Moisés para suspender a praga, ele se firmava mais em seu pecado, por aumentar a própria culpa e por tornar mais fácil rejeitar a Deus da próxima vez.

      Ademais, a palavra hebraica para “endurecer” (chazaq) pode significar e freqüentemente significa “fortalecer” (Jz 3.12; 16.28) ou mesmo “encorajar” (cf. Dt 1.38; 3.28).
      Tomada nesse sentido, ela não teria qualquer conotação sinistra, mas simplesmente afirmaria que Deus fez o faraó se fortalecer para levar a cabo a própria vontade (a do faraó) contra Israel.
      Contudo, mesmo que a palavra seja tomada com o forte significado de endurecer, o sentido no qual Deus endureceu o coração do faraó pode ser igualado ao modo em que o sol endurece o barro e também derrete a cera. Se o faraó tivesse sido receptivo às advertências de Deus, seu coração não teria sido “endurecido” por Deus. Quando Deus deu ao faraó um alívio das pragas, ele tirou proveito da situação:
      “Quando o faraó percebeu que houve alívio, obstinou-se em seu coração e não deu mais ouvidos a Moisés e a Arão, conforme o Senhor tinha dito” (Ex 8.15). Assim, há um sentido em que Deus endurece os corações, e um sentido em que ele não os endurece.24 
      Esse mesmo raciocínio se aplica a outros textos que falam de Deus endurecendo uma pessoa em sua incredulidade (v. Jo 12.37-0 ■ Finalmente, as passagens paralelas de Paulo apóiam a idéia de que é
      o homem que inicia o endurecimento, não Deus. Romanos 2.5 assevera: “Por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento”.Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida, p.P. 102-103

      Romanos 9.19
      “Algum de vocês me dirá: ‘Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois quem resiste à sua vontade” .
      Resposta:
      "Em resposta, assinale-se primeiramente que a frase “quem resiste à sua vontade?” não é uma afirmação do autor bíblico, mas uma pergunta colocada na boca de um objetor. Observe a frase introdutória:
      “Algum de vocês me dirá”. Um objetor similar é introduzido em Romanos 3.8: “Por que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: ‘Façamos o mal, para que nos venha o bem’?”.

      Assim, a idéia de alguém não poder resistir à vontade de Deus pode não ser parte do ensino de Paulo tanto quanto o pensamento de que devemos praticar o mal para que o bem possa vir.

      Além disso, Paulo rejeita claramente a postura do objetor no versículo imediato, dizendo: “Quem é você, ó homem, para questionar a Deus?” (Rm 9.20). Sua resposta sugere que o objetor pode resistir a Deus e lhe está resistindo quando levanta essa pergunta. E, muito mais importante, a sugestão direta é que, se ela é irresistível, então não podemos ser culpados.

      Ademais, em Romanos 11.19,20, quando Paulo concorda com o objetor, ele escreve: “Está certo” (Rm 11.20). Não há tal afirmação em Romanos 9.25

      Outro ponto a ser lembrado é que as coisas que eventualmente parecem “irresistíveis” agora não o foram no começo. Por exemplo, o pecado somente se torna inevitável quando alguém livremente rejeita o que é certo e sua consciência se torna endurecida ou cauterizada (v. lTm 4.2). Do mesmo modo, a justiça só se torna irresistível quando livremente cedemos à graça de Deus. 

      Assim, a graça é somente irresistível ao que está desejoso dela, não ao relutante. John Walwoord, de maneira inequívoca, declara: “A graça eficaz nunca opera em um coração que ainda é rebelde, e ninguém jamais é salvo contra a própria vontade”.
      A graça irresistível opera de modo semelhante a alguém que se apaixona. Se uma pessoa desejosamente corresponde ao amor de outra, ambas acabarão chegando a um ponto em que esse amor se torna irresistível. Mas elas desejaram que assim fosse. 

      Mesmo que Paulo concordasse com o objetor em que a obra de Deus é irresistível, isso não daria apoio ao radicalismo do calvinismo extremado, visto que Deus derrama a graça salvadora irresistível somente sobre os que a desejam, não nos relutantes.

      Finalmente, mesmo que alguém pudesse mostrar que Deus está operando aqui: 1) irresistivelmente, 2) em indivíduos e 3) para a salvação eterna — de todos os que estão indecisos — , não se segue necessariamente que ele operaria irresistivelmente nos relutantes. Na verdade, como já vimos, Deus não força criaturas livres a amá-lo. Amor forçado é moral e logicamente absurdo." Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida, p. 103-14

      Romanos 9.21
      “O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?”
      Resposta:
      • Na verdade o calvinismo tradicional não diz que Deus elege ativamente ao inferno os que não creêm, isto é o chamado decreto negativo de Deus:
      "Negativo tem a ver com Deus deixando de lado os não eleitos"Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 104
      "O endurecimento passivo envolve um julgamento divino sobre o pecado já existente. Tudo o que Deus tem a fazer para endurecer o coração de uma pessoa  cujo coração já é desesperadamente mau é 'entrega-lo a seu pecado. Encontramos este conceito de julgamento divino repetidamente na Escritura'" Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 106

      Normam Geisler explica:
      ' considerando a parábola do oleiro em Jeremias 18. Nesse contexto, o bloco de barro tanto pode ser moldado como desfeito por Deus, dependendo da resposta moral de Israel a Deus, pois o profeta diz enfaticamente: “Se essa nação que eu adverti converter-se da sua perversidade, então eu me
      arrependerei e não trarei sobre ela a desgraça que eu tinha planejado”
      (Jr 18.8). Assim, o elemento do não-arrependimento de Israel se torna o vaso “para uso desonroso” e o grupo arrependido se torna um “vaso para fins nobres” (v. comentários sobre Rm 9.22 a seguir).
      Ademais, há um uso diferente das preposições em “vaso para fins nobres” e “vaso de ira” (Rm 9.21,22). Vaso de ira é o que recebeu a ira de Deus, exatamente como o vaso de misericórdia recebeu a misericórdia
      de Deus. Mas o vaso para honra é o que dá honra a Deus. Assim, o Israel arrependido, igual a um belo vaso para fins nobres, trará honra a quem o fez. Mas, igual ao vaso para uso desonroso (lit., “sem honra”), o Israel não-arrependido não trará honra para Deus, mas, ao contrário, será objeto de sua ira.Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida, P. 105

      Romanos 9.22
      “E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados  para a destruição?
      Resposta:
      • Na verdade o calvinismo tradicional não diz que Deus elege ativamente ao inferno os que não creêm, isto é o chamado decreto negativo de Deus:
      "Negativo tem a ver com Deus deixando de lado os não eleitos"Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 104
      "O endurecimento passivo envolve um julgamento divino sobre o pecado já existente. Tudo o que Deus tem a fazer para endurecer o coração de uma pessoa  cujo coração já é desesperadamente mau é 'entrega-lo a seu pecado. Encontramos este conceito de julgamento divino repetidamente na Escritura'" Eleitos de Deus. São Paulo:Cultura Cristã, 2002, p. 106

      "Como já foi indicado, essa passagem sugere que os “vasos de ira” são objeto da ira porque se recusam a se arrepender. Eles não estão desejosos de trazer honra a Deus, de forma que se tornam objeto da
      ira de Deus. Isso é evidente pelo fato de que são suportados por Deus com grande paciência (Rm 9.22). Isso sugere que Deus estava esperando pacientemente por seu arrependimento. Como disse Pedro: “O
      Senhor [...] é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3.9).

      Além disso, tomando Paulo  Como o melhor comentador dos próprios escritos, bem no começo de Romanos ele observa que a ira de Deus vem sobre os ímpios por causa da própria e deliberada desobediência.
      Ele escreveu: “Por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento” (Rm 2.5).
      Não há, absolutamente, razão alguma para crer, como fazem os calvinistas extremados, que aqui ou em outro lugar da Escritura Deus predestina certas pessoas para o inferno, à parte da própria livre escolha delas" .Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida p. 106

      Lacas 14.23
      Em uma parábola, Jesus diz: “Vá pelos caminhos e vaiados e obrigue os a entrar, para que a minha casa fique cheia”.
      Resposta:
      "  Essa é uma palavra incisiva que significa “forçar” e se aplica diretamente, conforme a
      parábola, a coagir pessoas a entrar no Reino de Deus. A maioria do núcleo de calvinistas que segue o Agostinho mais velho toma esse texto como significando que Deus usa poder coercitivo nos
      indecisos para torná-los salvos.

      No Novo Testamento, a palavra “compelir” (gr.: anagkadzó) tem vários significados. Ela é algumas vezes usada no sentido físico de ser “forçado” contra a vontade (v. At 26.11; G1 2.3,14; 6.12). Em outras ocasiões, tem sentido moral: “Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado” (Mt 14.22). 
      Não há indicação alguma de nenhuma coação física nesse caso. Embora outra palavra seja usada, a idéia é a mesma quando Paulo fala de ser “constrangido” pelo amor de Cristo (2Co 5.14). Aliás, não contando Lucas 14.23, das oito outras vezes em que se emprega a palavra “compelir” no Novo Testamento, pelo menos em quatro o sentido é moral, em que não existe nenhuma ação forçada contra a vontade (v. Mt 14.22; Mc 6.45; At 28.19; 2Co 12. 11).
      Fora do Novo Testamento, essa palavra significa “compelir alguém, nos mais variados graus, desde uma pressão amigável até a compulsão vigorosa”.
      Não somente não há necessidade aqui de tomar essa palavra no sentido de graça irresistível contra a vontade de uma pessoa, mas tudo que sabemos sobre a livre-escolha (v. cap. 2 e ap. 1 e 5) é
      que o que é feito livremente não é feito por “coação” ou “compulsão”
      (v. ICo 7.37; lPe 5.2).leitos, mas livres. N. Geilser. Vida p. 106-107

      João 6.44
      “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair, e eu o ressuscitarei no último dia.”
      Resposta:
      "Segundo os calvinistas extremados, esse texto fala de uma atração irresistível da parte de Deus.29 Eles observam que a palavra “atrair” (gr.: elkuo) significa “arrastar” (At 16.19; Tg 2.6).
      Para entender devidamente o caso, várias coisas precisam ser levadas em consideração.
       Em primeiro lugar, como qualquer palavra com variação de significados, o sentido específico dessa palavra grega deve ser decidido pelo contexto. As vezes no Novo Testamento significa arrastar uma pessoa ou objeto (v. Jo 18.10; 21.6,11; At 16.19). 

      Outras vezes, não (v. Jo 12.32; v. tb. a seguir). Os léxicos gregos permitem o significado de “atrair” tanto quanto o de “arrastar”. Da mesma forma, a versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) a usa nos dois sentidos. Deuteronômio 21.3,4 emprega-a no sentido de “arrastar” e Jeremias 31.3 no sentido de “atrair” pelo amor.31
      Jeremias 31:3  De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.

      Em segundo lugar, João 12.32 deixa claro que a palavra “atrair” não pode significar “graça irresistível” sobre o eleito por uma simples razão: Jesus disse: “Eu, quando for levantado da terra, atrairei todosmim”. Nenhum calvinista autêntico crê que todos os homens serão salvos.

      Em terceiro lugar, a palavra “todos” não pode significar somente “alguns” em João 12.32. Pouco antes (Jo 2.24,25), quando Jesus afirmou conhecer a “todos”, estava claro que não se referia apenas aos eleitos. Por que, então, deveria “todos” significar “alguns” em João 12.32? Se quisesse dizer “alguns”, facilmente teria feito assim. 

      Finalmente, o fato de ser atraídos por Deus estava condicionado à fé. O contexto dessa atração (6.37) é “aquele que crê” (v. 35) ou “todo aquele que [...] nele crer” (v. 40). Os que crêem são capacitados por Deus para ser atraídos a Jesus. Jesus acrescenta: “E por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai” (v. 65).

       Um pouco depois, ele diz: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7.17). Disso fica evidente que o entendimento que possuíam do ensino de Jesus e de serem atraídos ao Pai resultava da livre-escolha deles." Eleitos, mas livres. N. Geilser. Vida .P. 107-108

      Tiago 1.18
      “Ele nos gerou pela palavra da verdade, a fim de sermos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou.”
      Resposta:
      "Aqui, novamente, não há nenhuma dúvida de que Deus é a fonte da salvação. Se ele não tivesse resolvido salvar, ninguém seria salvo.
      Mas a questão permanece com respeito ao meio pelo qual recebemos essa salvação. Isto é, Deus salva-nos à parte de nossa livre-escolha ou por meio dela? Nada nesse texto ou em outro qualquer declara que
      Deus escolhe salvar-nos contra a nossa vontade. E justamente o contrário que acontece (v. cap. 2). “Vocês são salvos pela graça, por meio da fé ’ (Ef 2.8). 

      Nossa salvação é “mediante a palavra” (Rm 10.17; Tg 1.18), mas a Bíblia declara que a Palavra deve ser recebida pela fé (At 2.41; Hb 4.1,2) para ser eficaz"

      João 3.27
      “Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus"
      Resposta
      "Entretanto, isso não diz nada a respeito de a obra de salvação de Deus ser irresistível. Na verdade, diz que devemos recebê-la. Isso implica um ato livre da vontade, que pode tanto aceitar quanto rejeitar a oferta de Deus. Na verdade, há casos em que a graça de Deus é rejeitada, como as passagens seguintes demonstram:
      Lucas 7.30  “Os fariseus e os peritos da lei rejeitaram o propósito de Deus para eles,não sendo batizados por João”. 

      Atos 7.51 “Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santol”. O próprio Calvino comentou esse texto, dizendo que Lucas está falando da “inflexibilidade desesperada” deles quando é dito que “eles resistiram ao Espírito”.34 Mas como pode a obra de Deus neles ser irresistível, se na verdade resistiram?

      Também Mateus 23.37 afirma enfaticamente que Jesus desejava trazer os judeus que o rejeitaram para o aprisco, mas eles não quiseram:
      “Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas
      vocês não quiseram'. A graça de Deus não é irresistível para os que não
      a querem.
      Finalmente, há muitos outros textos indicando que o ser humano
      pode rejeitar a vontade de Deus.35 Isso é verdadeiro tanto para incrédulos (v. Mt 12.50; 7.21; Jo 7.17; ljo 2.17) quanto para crentes (lTs 4.3). 

      Naturalmente, em certo sentido, no fim a vontade de Deus prevalecerá, quando soberanamente desejar que os que rejeitaram sua oferta de salvação sejam perdidos. 
      Nesse sentido, a vontade predominante de Deus está sendo feita através da vontade deles de rejeitá-lo.
      Mas com respeito à sua vontade de que todos sejam salvos (lTm 2.4; 2Pe 3.9), está claro que se pode resistir a ela.

      Em resumo, é a vontade suprema e soberana de Deus que tenhamos livre-arbítrio para resistir
      à sua vontade de que todos sejam salvos.

      C. S. Lewis faz alguns comentários esclarecedores nesse sentido. No livro Cartas do Diabo ao seu aprendiz, escreveu: “O Irresistível e o Indisputável são as duas armas que a própria natureza de Seu [de Deus] plano o proíbe de utilizar. Sobrepor-se meramente a uma vontade humana [...] seria para Ele algo inútil. Ele não pode violentar, pode apenas persuadir”.36 No livro The Great Divorce, Lewis acrescenta: “Há somente duas espécies de pessoas no final: aquelas que dizem
      a Deus: ‘Seja feita a tua vontade’, e aquelas a quem Deus diz, no final: ‘Seja feita a tua vontade’. Todas as que estão no inferno estão lá porque o escolheram. Sem essa auto-escolha, não poderia haver inferno algum”.37